Este projeto tem como tema o estudo da produção de conteúdos audiovisuais destinados ao consumo em dispositivos de realidade virtual e a reflexão sobre suas mudanças estéticas e de práticas do bem fazer. Nesta proposta entendemos realidade virtual (daqui em diante citado por sua sigla em português RV) como um conteúdo registrado em imagem em movimento que tem a característica esférica e permite ao espectador olhar em seu entorno, libertando-se dos limites impostos pelas bordas da tela presentes desde os primeiros dias do cinema, que é experienciado com óculos específicos a este propósito ou em navegadores de internet com auxílio de um dispositivo apontador.
Ao mesmo tempo que os dispositivos de exibição deste conteúdo estão às margens de se tornarem populares, eles precisam de conteúdo específico que tire proveito da imersão que estas imagens proporcionam. Neste sentido, que conteúdo é esse que pode ser exibido um óculos de RV e oferecer mais a seu espectador do que algo semelhante visto em outra tela já presente no cotidiano, como um televisor ou outras telas pessoais?
Na realidade virtual como produção audiovisual feita a partir de câmeras em vídeos esféricos de que trata este projeto, podemos identificar claramente formas descendentes das vistas do primeiro cinema em tantos vídeos que levam o espectador e seus óculos a locais distantes ou de intensa natureza e aventura. Da mesma maneira o legado dos tableaux estão presentes outros tipos de produção que tentam dar imagem a um espaço de informação, como uma espécie de colagem em vídeo.
Como colocam Rheingold (1992) e Biocca e Levy (1995), a RV pode abrir outros espaços de exploração narrativa e conceitual. Neste projeto colocamos como proposta as diferenças possíveis de narrativa audiovisual ficcional, quando a montagem está presente e o legado do teatro é relido. Em RV predominam os enquadramentos abertos, como a vista de um palco em que o elenco está de corpo inteiro na cena. Que implicações isto traz para a roteirização, produção e montagem das narrativas?