Mês da Mulher: o espaço e a voz delas na cultura
Segunda reportagem da série dedicada às mulheres que fazem parte da PUCRS destaca diplomada e doutoranda que contribuem para que as mulheres conquistem cada vez mais espaços na cultura e na arte
Ao longo de março, em comemoração ao Mês Mulher, uma série de reportagens está ressaltando a trajetória e as contribuições de algumas das mulheres que fazem parte da PUCRS. A primeira matéria da série destacou os trabalhos de empoderamento e luta das pesquisadoras Izete Bagolin e Patrícia Grossi. Leia mais neste link.
Mulheres que promovem espaços, conheça Julie Dorrico
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País possui cerca de 445 mil mulheres declaradas indígenas. Elas são pertencentes a mais de 305 diferentes etnias, com 274 línguas faladas. O total da população indígena, porém, pode ser muito maior. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019 apontou que 46,8% dos brasileiros se declaram como pardos e 1,1% como amarelos ou indígenas.
Para a escritora e pesquisadora de literatura indígena Julie Dorrico, reconhecer a ancestralidade é um passo essencial para a formação da identidade. Doutoranda em Teoria da Literatura no Programa de Pós–Graduação em Letras da PUCRS, ela é autora do livro Eu Sou Macuxi e outras histórias (Caos e Letras, 2019), vencedor do Prêmio Tamoios de Textos de Escritores Indígenas em 2019. Na obra, Julie resgata memórias ancestrais e contemporâneas dos Macuxi – povo indígena que habita principalmente a região de fronteira entre o Brasil e a Guiana –, etnia a qual a escritora descobriu pertencer apenas aos 26 anos.
“Acredito que as mulheres que fazem parte da PUCRS podem transformar ou inspirar a realidade de outras mulheres compartilhando um pouco as suas trajetórias, as suas lutas e, principalmente, tentando compreender a sua identidade e a sua ancestralidade. Isso diz muito sobre nós e acaba revelando o que vamos fazer no futuro”, comenta Julie.
Buscando promover a diversidade cultural e gerar espaços, a escritora é idealizadora da página Leia Mulheres Indígenas (@leiamulheresindigenas), que divulga obras de mulheres pertencentes as diferentes etnias, e do canal Literatura Indígena Contemporânea no YouTube.
Mulheres que dão voz, conheça Alice Castiel
Estimular a sensibilização e a escuta de artistas mulheres. Esse é um dos objetivos do Projeto Concha, criado e gerenciado pela produtora cultural Alice Castiel. Com mais de dois anos de vida, o Concha já recebeu artistas como Letrux, Juçara Marçal, Luedji Luna, Xenia França e Maria Beraldo, além de trabalhar diretamente com artistas da cena local e promover oficinas profissionalizantes na área artística. Formada no curso de Produção Audiovisual da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, Alice destaca que a arte como um lugar de fala e expressão.
“Eu acredito na arte como instrumento de transformação social, principalmente na vida de mulheres. Porque na arte a gente coloca a nossa visão, o nosso olhar, o nosso discurso. E é isso que as mulheres precisam: ter um lugar para falar, para se expressar, para mostrar o que sentem”, ressalta Alice.
Em 2020, o Projeto Concha e a PUCRS Cultura lançaram a plataforma Ensaios de Morar. A iniciativa transformou 14 poemas de Ana Martins Marques em produções audiovisuais feitas por artistas mulheres do Rio Grande do Sul. Curadora do Ensaios de Morar, Alice ressalta a concepção da ação surgiu a partir da admiração pela poesia de Ana Martins. “Lendo os textos e versos, apareceu a vontade de ouvir algumas dessas escritas vindas de outras vozes, entoadas em outros ritmos talvez em uma busca incessante por proximidades que só são possíveis através da arte”, conta.
Reconhecimento e carinho para todas
Independente da forma de atuação, o nosso respeito, carinho e agradecimento são direcionados para todas as diversas mulheres da Universidade. Você também pode contribuir para homenageá-las deixando sua mensagem na caixinha dos stories do perfil da PUCRS no Instagram (@pucrs).