Professora do curso de Psicologia comenta sobre a ansiedade que atinge muitos estudantes na época de vestibulares
O futuro quase sempre causa ansiedade, principalmente quando uma prova pode ser o início de uma mudança de vida. O vestibular acaba sendo muitas vezes o divisor de águas para quem está saindo do ensino médio e enxerga a graduação como algo definitivo para a vida toda. Para entender melhor a ansiedade pré-vestibular funciona e buscar formas de acalmar essa sensação, convidamos a professora do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Manoela Ziebell de Oliveira para comentar o assunto. Confira!
Segundo a professora, há vários fatores que causam ansiedade em estudantes. Entre esses aspectos, está a mudança de rotina para quem está terminando o Ensino Médio. O distanciamento dos/as amigos/as e do próprio ambiente escolar, que foi sua realidade durante tanto tempo, pode provocar esse sentimento. Muitos/as alunos/as também não se sentem prontos/as para abandonar a escola e entrar na universidade.
“Eles têm uma trajetória em geral longa nas escolas antes de irem para a universidade. Então esse luto por uma experiência que está encerrando, o não saber como que vai ser dali adiante, pode ser um dos motivos”, comenta.
A própria prova também gera essa ansiedade pré-vestibular, pois, por mais que os/as alunos/as estudem, se preparem e recebam orientação, não há como saber com exatidão quais conteúdos específicos cairão nos exames. Além disso, alguns estudantes têm mais dificuldade em determinados conteúdos, o que se soma à ansiedade pela prova em si.
Manoela explica que muitos estudantes ficam ansiosos/as por conta da escolha do curso: alguns sentem que essa escolha é algo com que terão que se comprometer pelo resto da vida – o que não necessariamente é verdade.
“É uma primeira escolha, para criar uma trajetória acadêmica e profissional. E esse momento, muitas vezes, vem com o peso de que ‘eu estou fazendo a escolha que vai ter que durar para sempre’. Quando entendem que essa é uma escolha que não necessariamente é para sempre, que é a melhor escolha que estão fazendo neste momento, às vezes ajuda a aliviar um pouco a ansiedade”, destaca a professora.
Além disso, a expectativa pelo resultado da prova também pode ser um fator determinante para o surgimento da ansiedade. Afinal, quando se faz uma avaliação, há a expectativa de ser aprovado. No entanto, a professora destaca que a ansiedade não é de todo ruim: o fato de os/as estudantes estarem em estado de alerta e temerem pelo seu desempenho na prova pode ajudá-los/as a ficar mais atentos/as e a se preparar melhor para o exame.
A ansiedade passa a ser algo negativo quando se torna excessiva e atrapalha antes e no momento da prova. Esse excesso pode ser prejudicial justamente por fazer a pessoa se sentir mal fisicamente e por desviar o foco do objetivo que está à sua frente para o desconforto que se está sentindo. Isso também pode atrapalhar o/a aluno/a na gestão do tempo de prova, além de outros entraves.
“Isso pode fazer com que o/a estudante perca alguma informação importante em um enunciado de uma questão. A ansiedade excessiva também pode prejudicar o/a aluno/a antes da prova, por exemplo, porque pode afetar o sono e a alimentação, e tudo isso vai tirando energia”, frisa a docente.
O principal motivo tanto da própria ansiedade pré-vestibular quanto da dificuldade em controlá-la é o fato de haver muitas coisas em jogo: futuros, escolhas profissionais e a aprovação do exame.
Manoela ainda ressalta a importância de procurar ajuda de um/a profissional, caso o sentimento de ansiedade se torne excessivo e atrapalhe de fato a vida da pessoa. Além disso, ela ainda aconselha a realização de treinos e simulados antes das provas de vestibular, isso pode ajudar a adquirir a prática da gestão do tempo durante os exames, por exemplo.
Outra dica é praticar o mindfulness – que nada mais é do que um exercício de concentração para focar totalmente no agora. Para ela, atos como focar na respiração e colocar prioridades no papel também pode ajudar.
“Conseguir perceber a relevância, conseguir perceber prioridades, traçar estratégias para se preparar, caso esse seja o problema. Tentar fazer esse exercício de colocar o foco em algum lugar, que pode ser na respiração, pode ser em alguma atividade física, pode ser na alimentação. Isso vai ajudando a gente a ficar mais tranquilo e vai ajudar de maneira geral a cuidar da ansiedade”, ressalta.