Pesquisadores da Psicologia contribuem para políticas públicas com pesquisas desenvolvidas em articulação com o Ministério da Saúde
O grupo Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais (PVPP), coordenado pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Ângelo Brandelli Costa, desenvolveu o projeto “Eficácia e efetividade de intervenções de educação sexual para adolescentes: uma síntese de evidências para políticas públicas”. Os pesquisadores do grupo propuseram uma série de ações para representantes da gestão pública, de organismos internacionais, da sociedade civil e da academia baseando-se em evidências que ressaltam a importância de agir em prol da educação sexual no ambiente escolar, nos serviços de saúde e nas universidades do Brasil.
O projeto foi contemplado na Chamada do Ministério da Saúde para estudos de Revisões Sistemáticas, Revisões de Escopo e Sínteses de evidências para políticas com foco nas áreas de atenção domiciliar, saúde do adolescente e inquéritos de saúde. A equipe composta por pós-doutorandas, doutorandas, mestrandas e bolsistas de apoio técnico e de iniciação científica, realizou oficinas de capacitação na metodologia de elaboração de sínteses de evidências criada pelo Ministério da Saúde, resultando na produção de resumos de 38 publicações científicas internacionais sobre o tema em linguagem acessível.
O projeto contou com o diálogo com especialistas que trouxeram suas experiências e contribuições para nortear o pensar das iniciativas propostas pelo grupo. De acordo com o professor Brandelli, o tema da educação sexual ainda enfrenta barreiras sociais para ser implementado efetivamente no Brasil, e o diálogo deliberativo é um momento-chave para engajar representantes de diversos pontos de vista, de modo a debater soluções e unir forças para superar preconceitos e receios.
“A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano que envolve mudanças biológicas, emocionais e sociais do sujeito. As intervenções de educação sexual podem desempenhar um papel-chave em acompanhar jovens nesse processo de descoberta, apoiando o desenvolvimento de relacionamentos mais saudáveis, o respeito à diversidade de gênero e a prevenção de desfechos indesejados, como as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a gravidez não-planejada e a violência sexual”, destaca o pesquisador.
O projeto desenvolvido na PUCRS destaca a importância de construir materiais sensíveis a diferentes contextos e públicos, com especial atenção para meninas, pessoas LGBTQIA+, pessoas negras, pessoas em situação de vulnerabilidade social e adolescentes vinculados a algumas religiões. O pesquisador Bradelli destaca que são essenciais o financiamento contínuo das ações e a capacitação para que profissionais de educação e de saúde possam desenvolver abordagens pedagógicas atualizadas e informadas por evidências, utilizando recursos educacionais que engajem os adolescentes.
Com isso, a partir das pesquisas e conversas construídas pelo grupo da PUCRS foram apresentadas três opções de intervenções quepodem ser fornecidas de forma presencial ou online por profissionais treinados ou entre pares de adolescentes, conforme nomeia o coordenador do projeto:
Englobam uma definição ampla de saúde sexual e adotam abordagens positivas, afirmativas e inclusivas da sexualidade humana em tópicos variados como a valorização da diversidade sexual, prevenção da violência no namoro e do parceiro íntimo, desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, prevenção do abuso sexual infantil e melhor aprendizagem social/emocional em diferentes níveis escolares.
Na modalidade educativa breve, ocorrem principalmente em serviços de atenção primária, com duração de 15 a 60 minutos cada, realizadas tanto individualmente quanto em grupo. Os métodos aplicados envolvem desde comunicação oral direta até uso de ferramentas audiovisuais, como vídeos e softwares.
São focadas em abordar a violência sexual, incluindo programas de treinamento de autodefesa, intervenções focadas nos espectadores e distribuição de pôsteres educativos.
“Para informar as políticas públicas voltadas a esse tema, no entanto, é necessário combinar as melhores evidências científicas disponíveis com um levantamento de experiências, visões e valores de públicos-chave, os quais podem contribuir para superar os tabus que ainda rondam essa temática”, finaliza o pesquisador.
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