As atividades celebram a Semana do Meio Ambiente
Neste ano, o Dia Mundial do Meio Ambiente, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), completa meio século de conscientização e debates sobre a importância da preservação dos recursos naturais. Para celebrar este marco, a turma de Ciência da Conservação, do curso de Ciências Biológicas da PUCRS, realizou apresentações teatrais para estudantes do Colégio Marista Champagnat, contando histórias sobre educação ambiental.
A atividade Conservando o Mico foi criada em 2005 pelo professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Júlio César Bicca-Marques, com o objetivo de capacitar os alunos do curso a desenvolverem produções científicas de forma acessível para o público em geral. A ação, que foi realizada em grupos, incentivou que os/as estudantes elaborassem uma narrativa infantil para apresentá-la de forma criativa, problematizando aspectos que ameaçam a sobrevivência de espécies da fauna do Rio Grande do Sul.
Leia mais: PUCRS inaugura novo laboratório de eficiência energética para condicionadores de ar
Com o cenário e fantasias construídas à mão, a turma se dividiu em quatro apresentações, as quais abordaram o problema da perda de habitat da lagartixa-da-praia, o tráfico de animais com foco no cardeal-amarelo, a caça da onça-pintada e, por fim, a ameaça das espécies invasoras como o javali. Para a aluna do quinto semestre de Ciências Biológicas Valentina Brocker Junqueira, a atividade foi fundamental não só para apreender, mas também para perder o medo de transmitir conhecimento para as crianças.
“Nosso desafio foi fazer as peças serem divertidas e informativas, para apresentar para as crianças. Essa proposta nos fez também pesquisar e estudar bastante sobre o tema das peças, foi um conhecimento que foi super absorvido, uma forma prática de aprender muito eficiente”, finalizou Valentina.
Responsável por aprovar os temas das apresentações do Conservando o Mico, o professor Júlio César Bicca-Marques destaca a importância do debate sobre a necessidade de valorizarmos e respeitarmos o meio ambiente e as demais espécies de seres vivos que habitam o planeta Terra. Com isso em mente, o docente instrui os grupos a escolherem temas distintos para cada apresentação. O objetivo é sempre abordar as principais causas da ameaça de extinção de muitas espécies da fauna e flora do RS, as quais refletem o que também se observa em nível nacional e mundial.
Na primeira peça teatral, o grupo apresentou a ameaça das espécies exóticas invasoras (ou seja, aquelas que o ser humano traz de outra região e que se espalham no novo ambiente) para a sobrevivência das espécies nativas. A história trouxe o javali (Sus scrofa), no papel de vilão, para ilustrar as espécies invasoras de ecossistemas naturais e como elas degradam o ambiente, comem as espécies nativas e disputam o alimento com elas.
Em seguida, foi apresentada a situação muito crítica dos poucos indivíduos de onça-pintada (Panthera onca) que ainda resistem no extremo noroeste do Rio Grande do Sul. Os alunos contaram que a caça vem dizimando a população estadual de onças-pintadas há muito tempo. O professor explica que à medida que as fazendas e cidades invadem o ecossistema das onças em todo o estado, vão causando a redução das populações de animais silvestres dos quais as onças se alimentam. Com isso, complementa Bicca-Marques, as onças famintas são obrigadas a visitar fazendas e se aproximar de cidades para caçar animais domésticos, o que acaba criando conflitos com as pessoas, causando a caça por retaliação. Essa é uma séria ameaça a todos os grandes predadores terrestres do mundo.
O terceiro grupo trouxe a história da lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), um pequeno réptil ameaçado de desaparecer das praias gaúchas pela destruição das dunas pela construção de moradias e outros empreendimentos urbanísticos, e o desrespeito e a liberação de lixo por parte dos veranistas. Os estudantes chamaram a atenção da plateia para a perda, fragmentação e alteração dos ambientes naturais, a maior ameaça para a sobrevivência da maioria das espécies terrestres, de acordo com Bicca-Marques.
A última apresentação também abordou uma espécie no limiar do desaparecimento no nosso estado, o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata), seriamente ameaçado pelo tráfico de animais silvestres. O cardeal-amarelo sensibilizou a plateia sobre a importância de as pessoas não terem animais de estimação silvestres, pois sem compradores não há traficantes. Conforme conta o professor da PUCRS, o tráfico de animais e plantas silvestres é o terceiro maior tráfico do mundo, ficando atrás apenas dos tráficos de armas e drogas, e ameaça de extinção muitas espécies ao redor do mundo.
Leia também: Estudantes de Design desenvolvem brinquedos para crianças atendidas pelo Pão dos Pobres