Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose, INCT-TB, desenvolve estudos com fármacos e formas de tratamentos
No dia 24 de março de 1882, o médico alemão Robert Koch anunciou a descoberta do agente causador da tuberculose, permitindo que pesquisadores e profissionais de saúde pudessem diagnosticar e encontrar a cura para a doença. Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a data como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, com o objetivo de salientar as consequências econômicas e sociais, assim como ressaltar a necessidade de investir esforços para combater a epidemia global da doença.
Na PUCRS, o Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional (CPBMF) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida (ECSV), sede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB), tem desenvolvido pesquisas que visam contribuir com o conjunto de fármacos utilizados para o tratamento da tuberculose. O instituto é coordenado pelo professor e pesquisador Luiz Augusto Basso, dos Programas de Pós-Graduação (PPG) em Biologia Celular e Molecular e em Medicina e Ciências da Saúde da PUCRS.
O docente explica que as preocupações da OMS em relação à tuberculose são voltadas aos investimentos urgentes em recursos, suporte, cuidado e informação na luta contra à doença. Basso alerta que no contexto da pandemia de Covid-19 os esforços pelo fim da tuberculose foram comprometidos e, por conta disso, as ações devem ser retomadas urgentemente.
De acordo com a OMS, os serviços essenciais de atendimento aos pacientes com tuberculose precisam ser mantidos para assegurar que os ganhos obtidos no passado não sejam ainda mais revertidos. Além disso, a Organização ressalta que é necessário enfrentar as disparidades de acesso aos serviços de saúde para assegurar que o tratamento seja acessível a todos aqueles que necessitarem e que todos os indivíduos, comunidades, empresas e governos desempenham papeis essenciais nessa luta.
A tuberculose (TB) é principalmente causada pelo Mycobacterium tuberculosis e afeta principalmente os pulmões. A doença é transmitida por gotículas carregadas pelo ar quando uma pessoa com a doença tossir, espirrar ou cuspir. A inalação de poucos bacilos é suficiente para infectar um ser humano. De acordo com a OMS, a tuberculose é uma das principais causas de problemas de saúde, uma das 10 principais causas de morte em todo o mundo e a principal causa de morte por um único agente infeccioso, classificação que fica acima de HIV ou AIDS.
Dados sobre a doença alertam que um quarto da população mundial está infectada com o M. tuberculosis, o principal agente causador da tuberculose em humanos. Globalmente, 9,9 milhões de pessoas ficaram doentes da tuberculose e cerca de 1,5 milhão morreram devido a esta doença, em 2020. No Brasil, que possui uma população por volta de 211 milhões de pessoas, o número de novos casos de tuberculose é de 96 mil e total de mortes é de quase oito mil.
Além do professor Luiz Basso, o Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional, sede do INCT-TB, é constituído pelos professores Pablo Machado e Cristiano Valim Bizarro da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Os pesquisadores do CPBMF desenvolvem estudos que visam contribuir com o conjunto de fármacos utilizados para o tratamento da tuberculose.
Utilizando estratégias baseadas em alvos moleculares oriundos de rotas bioquímicas essenciais para viabilidade do bacilo ou otimizando estruturalmente compostos químicos a partir de dados de triagens fenotípicas, o grupo tem obtido moléculas promissoras. Os pesquisadores contam que com os artigos científicos e formação de recursos humanos especializados, essas pesquisas desenvolvidas têm acelerado o ritmo de pedidos de proteção intelectual da instituição.
A potência de algumas das estruturas desenvolvidas pelo CPBMF excede em mais de 100 vezes a capacidade de inibição de fármacos como a isoniazida, utilizada como primeira linha de tratamento da tuberculose. Os resultados deste trabalho têm gerado a expectativa de que as pesquisas desenvolvidas na PUCRS possam se traduzir em inovações terapêuticas para o tratamento desse problema de saúde pública global.
“Esses estudos deverão propiciar um melhor entendimento da biologia do M. tuberculosis nos vários contextos fisiológicos do hospedeiro humano e, consequentemente, descortinar novas ferramentas para o combate da tuberculose”, finalizam os pesquisadores.