Dia Nacional da Tuberculose tem foco na conscientização e prevenção

PUCRS sedia INCT que consolida desenvolvimento de fármacos e vacinas para a doença

17/11/2020 - 16h51
Tuberculose, exame

Dia Nacional de Combate à Tuberculose tem como objetivo a conscientização, sensibilização e prevenção da doença / Foto: iStock

Nesta terça-feira, dia 17 de novembro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Tuberculose. A data tem como objetivo conscientizar por meio de ações de mobilização, conscientização, sensibilização e prevenção da doença, considerada um problema de saúde pública.

Com a pandemia do novo coronavírus, em março, quando foi comemorada a data a nível mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu às autoridades que não descuidem do tratamento das vítimas dessa doença, que têm risco aumentado. “A Covid-19 está destacando quão vulneráveis as pessoas com doenças pulmonares e sistemas imunológicos debilitados podem ser”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

E um importante aliado na luta contra a tuberculose está sediado, desde 2008, no Centro de Pesquisas em Biologia Molecular da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, no Parque Tecnológico e Científico da PUCRS (Tecnopuc): trata-se do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB).

Coordenado pelo professor Luiz Augusto Basso, o instituto vem desenvolvendo pesquisas de excelência, com cooperação de centros de pesquisa de diversas partes do mundo. Vinculado aos Programas de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular e Medicina e Ciências da Saúde, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e professores desenvolvem estudos com o objetivo de encontrar soluções para a doença.

Formado por cerca de 40 pesquisadores de 22 centros de pesquisa distribuídos em nove estados brasileiros, o INCT-TB tem o objetivo de consolidar o desenvolvimento de fármacos e vacinas para tuberculose no Brasil, bem como desenvolver e validar um diagnóstico rápido e confiável para a detecção da doença. Por ser infecciosa e transmissível, a tuberculose atinge cerca de 8,8 milhões de pessoas, provocando 1,1 milhão de mortes por ano no mundo.

Pesquisa e produção científica

Segundo Basso, “o INCT-TB tem um importante papel na coordenação de esforços no Brasil para o desenvolvimento de agentes quimioterápicos para o tratamento de cepas de M. tuberculosis sensíveis e resistentes aos fármacos atualmente utilizados no tratamento”. O instituto também atua no desenvolvimento de uma vacina de maior eficácia na prevenção e no desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico para rápida detecção do agente causador da TB.

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INCT-TB está sediado no Centro de Pesquisa em Biologia Molecular e Funcional da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, no Tecnopuc / Foto: Gilson Oliveira

Entre as principais conquistas do INCT-TB, está a vasta produção científica desenvolvida, com artigos publicados em periódicos de alto impacto, e pedidos de proteção de propriedade intelectual. Ao todo, foram publicados mais de 120 artigos produzidos pelos pesquisadores do INCT-TB nos últimos três anos, além de sete capítulos de livros.

Também é importante destacar que estratégias experimentais modernas são corriqueiramente introduzidas nos laboratórios do INCT-TB, possibilitando o avanço da pesquisa científica no País, assim como a formação de profissionais em ciência de nível internacional. Atualmente, mais de 100 pesquisadores e pesquisadoras de diversos níveis realizam estudos vinculados ao INCT-TB na PUCRS. Desde 2017, o Instituto contribuiu com a formação de mais de 230 profissionais entre mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos, pesquisadores de Iniciação Científica e estudantes de graduação ou lato sensu.

Entre 2017 e 2020, foram destinados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose R$ 7.086.822,40 através das agências de fomento à pesquisa científica (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – Fapergs).

Em abril deste ano, diante da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), a Fapergs autorizou a utilização de recursos financeiros destinados ao INCT-TB para a adaptação do laboratório NB3 do Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional para possibilitar o cultivo simultâneo do Mycobacterium tuberculosis e SARS-CoV-2. Entre as implicações práticas destas adaptações estão o fornecimento de material genético para ser utilizado como controle positivo em técnicas de diagnóstico da Covid-19.

Leia também: Covid-19: Hospital São Lucas e Tecnopuc apoiarão o desenvolvimento de testes

Prevenção é fundamental no combate à tuberculose

Entre os sintomas da tuberculose, estão emagrecimento, fadiga, febre baixa no final do dia, suor à noite e tosse com expectoração. Podem também existir gânglios no pescoço. A prevenção deve ser feita através da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) para garantir a proteção de crianças contra formas graves da doença, como TB meníngea ou infecção disseminada. No entanto, a vacinação contra cepas sensíveis ou resistentes de M. tuberculosis não é eficaz na prevenção da TB pulmonar em adultos e apresenta limitada proteção em alguns países, como, por exemplo, na Índia. Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até quatro anos, 11 meses e 29 dias.

Outra maneira de prevenir a doença é a avaliação de contatos de pessoas com tuberculose, que permite identificar a infecção latente pelo M. tuberculosis, o que possibilita prevenir o desenvolvimento de tuberculose ativa. Em outras situações específicas, pessoas que são diagnosticadas com a infecção latente da tuberculose também têm indicação de receber tratamento para prevenir o adoecimento. Neste caso, é necessário procurar uma unidade de saúde para avaliação.

Descoberta

O bacilo causador da tuberculose foi descoberto em 1882 pelo médico Robert Koch. Este foi um grande passo na luta pelo controle e pela eliminação da doença que, na época, vitimou grande parcela da população mundial. No Brasil, são 50 milhões de infectados e uma média anual de aproximadamente 100 mil casos novos e 6 mil óbitos pela enfermidade. Cada paciente pulmonar bacilífero (BK+), se não tratado, pode infectar em média 10 a 15 pessoas por ano.

Sobre os INCTs

No Rio Grande do Sul, existem nove INCTs, sendo que a PUCRS sedia dois deles: o INCT-TB e o INCT Forense. O INCT Forense é coordenado pelo professor Roberto Esser dos Reis. Os institutos têm como objetivo agregar, de forma articulada, os melhores grupos de pesquisa na fronteira da ciência e em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do País, estimulando o desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica de ponta.

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