Saiba quais são os exames atualmente disponíveis para o diagnóstico do novo coronavírus
Diante de um cenário de incertezas sobre a pandemia do novo coronavírus, a testagem de indivíduos e de uma possível vacina para a doença se tornam uma esperança na área da saúde. Existem dois exames diferentes para a detecção da SARS-CoV-2: os testes sorológicos (aqueles que utilizam sangue) e os testes moleculares (aqueles que obtêm o material da mucosa do nariz e da garganta).
Resumidamente, os testes sorológicos identificam os anticorpos produzidos pelo próprio paciente contra o vírus que o infectou, já os testes moleculares reconhecem a presença do material genético do vírus diretamente nas vias aéreas superiores das pessoas infectadas. Confira a explicação de Daniel Marinowic, pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) e professor da Escola de Medicina da PUCRS.
Os testes sorológicos se destinam a identificar se um indivíduo já teve contato com algum antígeno (substância estranha ao organismo) e estão sendo utilizados como alternativa aos testes moleculares, principalmente em infecções agudas. Esse tipo de teste é de fácil manuseio e obtém resultados rápidos, porém, existem muitas incertezas em relação a sua precisão.
Atualmente, existem três tipos de testes sorológicos: os ensaios ELISA, os ensaios de quimioluminescência e os ensaios fluxo lateral, conhecidos como testes rápidos. Os dois primeiros geralmente são realizados em laboratórios, pois exigem equipamentos específicos para leitura dos resultados; enquanto os testes rápidos podem ser utilizados em qualquer local.
Em uma revisão com 40 estudos sobre essas metodologias foram identificados fatores que podem influenciar nos resultados dos testes, pela sensibilidade. As variações acontecem de acordo com o ambiente e o tipo de kit utilizado. Os ensaios ELISA e de quimioluminescência são considerados promissores, com uma média de especificidade (capacidade de diagnosticar corretamente pessoas saudáveis) de 96,6%. Os testes rápidos também apresentaram um bom desempenho, mas alguns têm especificidade de apenas 80%.
Os testes rápidos são os mais preocupantes quando falamos de sensibilidade. Alguns ensaios apresentaram sensibilidade de apenas 21% para detecção da imunoglobulina M (IgM), 41% para imunoglobulina G (IgG) e 47% para testes combinados (ambas as imunoglobulinas)
Os testes moleculares também apresentam grandes desafios para contemplar o diagnóstico do novo coronavírus, particularmente envolvendo o equilíbrio entre diversas etapas necessárias para o bom desempenho da técnica. O diagnóstico pela técnica conhecida como PCR (Polymerase Chain Reaction) consiste em coletar pequenas frações do vírus, gerar cópias de diferentes regiões e detectar a emissão de um sinal relativo à geração das cópias dessas partículas virais. Chegando assim a um diagnóstico de “detectado” ou “não detectado” para o novo coronavírus.
Essa técnica não observa a resposta do organismo à infecção, mas sim a presença do vírus na mucosa do indivíduo testado. O PCR necessita de cuidados pontuais a fim de evitar resultados inconsistentes, e precisa considerar alguns pontos importantes, que são:
Estudos utilizando dados da infecção por SASR-CoV-1 apresentaram que a sensibilidade foi superior no PCR quando comparado aos testes sorológicos. Existem diferentes metodologias nesse caso:
O teste desenvolvido pelo InsCer contempla essas duas metodologias, pois inicialmente faz uma triagem utilizando two steps com intercalantes fluorescentes e, após, aplica a one step com sondas nas amostras positivas detectadas na primeira etapa.
Atualmente, se tem falado sobre os falsos negativos da técnica de PCR. Porém, esse risco não está associado à técnica em si, mas sim à uma série de cuidados necessários durante a testagem:
*Texto adaptado do artigo originalmente publicado no site do InsCer.