Testes para a Covid-19 serão desenvolvidos na Universidade

Iniciativa utilizará produtos e tecnologias nacionais para o diagnóstico do novo coronavírus

10/06/2020 - 14h38
Testes para covid-19, coronavírus, Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional (CPBMF)

Pesquisador no interior do laboratório com certificação de biossegurança nível 3 (NB3) / Foto: Divulgação

O Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional (CPBMF) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e a empresa Quatro G, que desenvolve e comercializa produtos de biologia molecular, firmaram uma parceria para desenvolvimento de um kit de detecção do coronavírus por PCR em tempo real com produtos e tecnologias nacionais. As duas organizações estão localizadas no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc).

Para o diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki, as parcerias entre diferentes setores contribuem para a gerar soluções que atendem aos padrões de qualidade internacional. “Diversos projetos estão surgindo e conectando as empresas, as startups e centros de pesquisa no Parque, em especial no Biohub PUCRS. O projeto entre o CPBMF e a Quatro G é mais um exemplo do que a união entre Universidades, empresas, governo e sociedade é capaz de fazer, gerando um teste de Covid-19 nos mais altos padrões de qualidade internacional”, comenta Prikladnicki.

Segundo o Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Jorge Audy, também estão sendo feitos todos os contatos e esforços no sentido de viabilizar uma parceria com o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) para o desenvolvimento dos testes no laboratório do Hospital.

Laboratório possui alto nível de biossegurança

OCentro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcionalé o único no Estado que possui um laboratório com nível de biossegurança 3 (NB3) em funcionamento. Esse nível diminui o risco de contaminação por parte dos operadores, e destina-se ao trabalho com agentes de risco biológico de classe 3, ou seja, com microorganismos que geram elevado risco individual. Diante disso, o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), Odir Dellagostin, convidou o Centro para participar de estudos de virologistas sobre SARS-CoV-2, dando origem a parceria entre o CPBMF e a Quatro G.

Um laboratório com certificação de biossegurança nível 3 (NB3) possui o maior grau de dificuldade para o procedimento de certificação. Isso porque existem muitas particularidades sobre sua operação e estrutura. Uma das obrigatoriedades é a certificação anual para que se possa garantir que essas particularidades sejam continuamente regularizadas. Entre os procedimentos de segurança exigidos para um laboratório com a certificação NB3 estão: controles de engenharia, equipamentos de proteção individuais, integridade do estabelecimento e do sistema, protocolo de operação e procedimento, e controles administrativos. Todos os tópicos anteriores minimizam os riscos biológicos de infecção e contaminação aos seres humanos e ao meio ambiente.

Método utilizará insumos brasileiros

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Interior da Quatro G, instalada no Tecnopuc / Foto: Divulgação

Os pesquisadores do Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcionale da Quatro G adaptaram o método do Centers for Disease Control and Prevention (CDC)  dos Estados Unidos, utilizando insumos produzidos pelas empresas brasileiras para detectar o SARS-Cov-2 (agente causador da Covid-19) em amostras clínicas. O protocolo é baseado na técnica de PCR em tempo real. A metodologia utilizada permite que os processos de amplificação, detecção e quantificação do material genético sejam realizadas em uma única etapa, agilizando a obtenção dos resultados.

A farmacêutica Ana Christina de Oliveira Dias, que é responsável técnica na Quatro G, explica que o que está sendo realizado é a padronização de um kit de detecção de SARS-CoV-2 por PCR em tempo real. A ideia é produzir um teste nacional, com produtos brasileiros, unindo as forças nacionais do CPBMF, Tecnopuc e Quatro G. Com todo o conhecimento e expertise da organização, não podemos deixar de servir em um momento como o atual”, comenta a farmacêutica.

Ana Christina ainda destaca que a equipe envolvida no desenvolvimento dos testes é composta por estudantes e pesquisadores de diversos níveis. “Nós produzimos todos os insumos utilizados na montagem do kit, e temos também a parte de conhecimento e diagnóstico por PCR dentro do nosso quadro de colaboradores, entre doutores, pós-graduandos, alunos de graduação. Existe um enfoque bem marcante em pesquisa. A Quatro G é uma empresa que está há muito tempo no panorama de pesquisa e desenvolvimento de biofármacos”, completa.

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