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Um novo olhar sobre o mundo

Alunos estrangeiros trazem novas percepções e vivências para a Universidade

A cada semestre, cerca de 50 estudantes de todas as partes do mundo saem de seus países com um destino em comum: a PUCRS. A decisão de passar um tempo na Universidade gaúcha se dá por diversas razões. De acordo com a Assessoria de Assuntos Internacionais e Interinstitucionais (AAII), a maioria dos alunos estrangeiros escolhe a Instituição devido à sua infraestrutura de excelência e por indicações de colegas e professores.

Um período de estudos no exterior pode ser muito útil para aumentar o entendimento sobre a carreira escolhida, além de agregar ao crescimento profissional do estudante. O aprendizado é potencializado por meio do contato com novas formas de assimilar os conteúdos, ao trabalhar com novas fontes de pesquisa e ao compartilhar experiências com colegas e professores estrangeiros.

“É um grande desafio pessoal que representa ainda uma importante vantagem competitiva. Culmina em autoconhecimento, independência, tolerância, respeito e empatia ao próximo”, enumera o assistente da AAII, Vitor Schaurich. O incentivo à aprendizagem cultural também vai ao encontro dos objetivos de internacionalização da Universidade. “As vivências são contextualizadas em diversas perspectivas socioculturais, o que contribui muito na obtenção de conhecimento”, conclui.

Infraestrutura de destaque

O alemão Erik Rhode veio para a PUCRS por indicação de um professor

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A 9.500 quilômetros de casa, Erik Rhode, 30 anos, aproveita a tranquilidade da vida no Brasil. Na Alemanha, seu país de origem, as coisas são um pouco diferentes. “As regras são rígidas e extremamente respeitadas. Saí de lá porque estava cansado de tanta rigidez. Apesar de a pontualidade ser boa, também pode ser bem estressante”, explica. A vontade de conhecer outros lugares surgiu em paralelo à conclusão do mestrado, realizado na Universidade de Kaiserslautern. Estudante de Geografia e Educação Física, Rhode escolheu fazer um estudo de mídia a partir dos Jogos Olímpicos 2016, no Rio. Mas sua motivação principal era conhecer outras culturas.

Ao chegar ao Brasil, se surpreendeu com a infraestrutura da PUCRS. Recebido pelo Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto (a partir de dezembro o curso estará na Escola de Ciências da Saúde), desenvolveu sua pesquisa de aprofundamento de mestrado acompanhando de perto a rotina dessa área na Universidade. “Seria muito bom se todas as instituições de ensino superior tivessem um Parque Esportivo como o da PUCRS”, opina.

A afeição pela América do Sul começou há dois anos, quando passou dez dias em Lima, no Peru. “Vim como estudante de Geografia. Foi uma amostra de outras maneiras de viver. Visitei as áreas de renda mais baixa, favelas. É interessante ver como outras pessoas vivem”, analisa. Rhode defende que experiências internacionais expandem horizontes e estimulam a consciência e o respeito.

O estudo de Rhode analisa as diferentes abordagens dos Jogos Olímpicos nas mídias alemã e brasileira, bem como o legado que o evento deixou aqui. “Mencionei a um de meus professores a vontade de viajar. Ele conhecia o professor Nelson Todt e me indicou, então tive a oportunidade de aprofundar a pesquisa no Brasil”, explica.

Iniciativa própria

Diretores da Coordenação Local de Estágios e Vivências (CLEV): Vanessa Rios (E), Emerson Hoffmann, Arthur Silva, Guilherme Bacchi e Gabriela Schwantes

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O Hospital São Lucas está recebendo intercambistas de várias partes do mundo. Eles vêm por meio da Coordenação Local de Estágios e Vivências (CLEV), fundada por alunos da PUCRS em 2016. O órgão é comum em algumas universidades brasileiras, tendo um de seus expoentes na UFSC, que recebe cerca de 100 intercambistas por ano. Na Escola de Medicina da PUCRS, é vinculado à Direção Executiva Nacional de Estudantes de Medicina, filiada à Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina. Estas conexões internacionais facilitam o intercâmbio de alunos, além de possibilitarem o contato entre futuros profissionais da área.

O estudante do 6º semestre da Escola de Medicina Emerson Hoffmann, 22 anos, conheceu o programa em Florianópolis, onde fica um dos maiores comitês locais da CLEV. Depois de conversas com o decano Jefferson Braga Silva e vários setores da PUCRS, conseguiu trazê-lo para a Universidade. Desde a implementação, os acadêmicos envolvidos cuidam de todas as etapas das viagens e hospedagem dos intercambistas.

Até outubro, a CLEV trouxe 25 intercambistas para a PUCRS. Os locais de origem são diversos: participaram jovens de países como Egito, Croácia e República Tcheca. Na próxima temporada de viagens, o próprio Hoffmann irá para a Romênia. “É um programa importante para a Universidade, porque leva o nome da Instituição a outros lugares. O planejamento estratégico prioriza a internacionalização, então faz muito sentido”, justifica.

Para Guilherme Bacchi, do 10º semestre de Medicina e um dos diretores da CLEV, uma das principais vantagens do programa é que ele se auto-abastece. “Para fazer intercâmbio, os alunos precisam receber intercambistas em suas casas. Também funciona com um sistema de pontos. Os estudantes precisam ter boas notas e participar de atividades extracurriculares. A viagem para determinados países requer quantidades específicas de pontos”, explica.

São, em média, 30 dias de intercâmbio. Cada aluno tem um responsável cultural, que leva o intercambista a festas e passeios, e um anfitrião, que oferece moradia e uma refeição por dia.

Pesquisas e relacionamento

Marija: "Feliz por fazer parte"

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Marija Radic, 22, está no 4º semestre do curso de Medicina. Natural da Croácia, veio ao Brasil pelo órgão equivalente à CLEV em sua unidade. “A experiência foi melhor do que imaginei. Fico feliz por ter feito parte disso”, comemora.

No HSL, ela faz pesquisas sobre medicamentos contra a asma e também teve a oportunidade de atuar nas áreas clínica e cirúrgica. “Não tinha experiência, então foi muito bom. Na Croácia, ninguém se envolve com pesquisas, pois não incentivam os alunos. Aqui, escrevi um artigo pela primeira vez”, conta.

Quanto a diferenças culturais, Marija ressalta o relacionamento com os professores. “Na Croácia, eles não têm tempo para nós. Aqui, os alunos desenvolvem uma amizade com os mestres”, compara. Para ela, a maior dificuldade é a barreira da linguagem, mas os docentes fizeram o máximo para auxiliá-la.