Ph.D. na PUCRS e na Universidade de Groningen
Desde pequena Paula Kopschina Feltes costumava dizer que queria ser Ph.D. antes de chegar aos 30. Em julho de 2018, aos 29 anos, defendeu o doutorado em cotutela na University Medical Center Groningen, Holanda, e recebeu o sonhado título em cerimônia solene. Formada em Farmácia pela PUCRS em 2011, representa a primeira dupla diplomação do Programa de Pós-Graduação de Gerontologia Biomédica em uma universidade estrangeira e inicia carreira no exterior.
Em quatro anos, realizou dois cursos completos de doutoramento. Por dois anos e meio, conduziu experimentos na Universidade de Groningen, conhecida por formar pesquisadores independentes. O restante do tempo cursou na PUCRS. Com a tese The two sides of the coin of psychosocial stress: evaluation by positron emission tomography, verificou a associação entre estresse psicossocial, neuroinflamação, metabolismo cerebral e comportamento depressivo. A oportunidade surgiu com o programa de colaboração internacional Abel Tasman Talent Program Scholarship.
Para obter o grau de Ph.D. na Holanda, os requerimentos são rigorosos: quatro projetos experimentais, sendo dois publicados em revistas internacionais de destaque na área. “Fui a primeira dupla titulação no Departamento de Medicina Nuclear da University Medical Center Groningen. Creio que abri portas e enfrentei obstáculos que irão favorecer os próximos alunos que seguirem o mesmo trajeto. Espero ter contribuído tanto para o departamento na Holanda quanto para a Gerontologia Biomédica da PUCRS”, avalia.
CARREIRA INTERNACIONAL
Paula foi contratada e atua como gerente de projetos clínicos no mesmo departamento em que realizou o doutorado na Holanda. Coordena estudos acadêmicos e clínicos para indústrias farmacêuticas que desejam testar novos medicamentos/radiofármacos. “Serei o ponto de contato entre os pesquisadores, assegurando requisitos de qualidade mínimos e otimização no gerenciamento dos dados”, conta. Além disso, presta assistência a pesquisadores e supervisão de alunos.
Sua trajetória profissional não foi linear. No terceiro semestre da graduação, atuou como bolsista de iniciação científica. “Foi meu primeiro contato com a radiofarmácia. Sou muito grata às experiências geradas na PUCRS, que sempre se diferenciou pela infraestrutura, empreendedorismo, qualidade de ensino e dedicação à pesquisa.”
Trabalhou na indústria entre 2011 e 2013, no programa de trainee do Grupo Boticário, em São José dos Pinhais, com foco na garantia e no controle de qualidade de produtos cosméticos. Foi a primeira colocada na seleção da vaga. Após esse “hiato”, retornou à carreira acadêmica, sem a pretensão de seguir docência, e sim de contribuir exclusivamente com a pesquisa. “Gosto de desenvolver novas ferramentas diagnósticas e tratamentos medicamentosos para a população. Enquanto houver oportunidades de colaborar com a sociedade e ser desafiada constantemente com novos projetos, ficarei satisfeita profissionalmente”, afirma.
Com o doutorado em cotutela no exterior, aprendeu a planejar estudos, realizar e analisar experimentos comportamentais, sínteses de radiofármacos, efetuar análises estatísticas avançadas e de imagens de tomografia por emissão de pósitrons. “Foi meu período de maior crescimento profissional. Como pesquisadora independente, tive total liberdade para propor meus projetos, conduzi-los da maneira mais adequada e analisar os dados de forma autônoma. Essas atividades, combinadas ao conhecimento da indústria, tiveram grande importância para a minha atual posição”, garante.
VIDA NA HOLANDA
Antes do doutorado na Universidade de Groningen, a Holanda não representava um interesse como local de estudo, trabalho ou turismo para Paula Feltes. Ao conhecer a cidade, se apaixonou pela qualidade de vida, segurança, honestidade e lealdade das pessoas, além da cultura. A adaptação ao país foi rápida e fácil. Quanto ao idioma, compreende e lê bem. Para aprimorar a fala, faz cursos na própria instituição onde atua.
“Sair sem a constante preocupação com a segurança influenciou muito minha decisão. A parte com que nunca nos acostumamos é a distância da família e amigos. Este é um fator que nos deixa mais humildes, pois vemos que a vida de todos continua, mesmo se não estamos presentes fisicamente”, conclui.
Atualmente, a PUCRS tem 14 alunos cursando doutorado em regime de cotutela por meio de convênios com 13 universidades da França, Portugal, Espanha e Itália e as Escolas de Comunicação, Artes e Desing – Famecos, Humanidades, Ciências, Direito e Politécnica. Desde 2009, oito estudantes, brasileiros e estrangeiros, conquistaram a dupla titulação. “Esse é um foco crescente de atenção da nossa instituição. A ideia é usar mecanismos do Capes/Print para favorecer mais processos dessa natureza”, explica o diretor de Pós-Graduação, Christian Kristensen.