Pesquisadores Airton Monza e Alexandra Schuh e o professor Filipe Albano

Sou PUCRSFOTO: BRUNO TODESCHINI

Pesquisas que vão além

TCCs de alunos de Engenharia de Produção ultrapassam fronteiras

A apresentação do trabalho de conclusão de curso (TCC) dos integrantes do grupo de pesquisa do Laboratório de Engenharia e Sistemas de Produção, da Escola Politécnica, significa o início de um ciclo, e não o final. Em julho de 2015, o professor de Engenharia de Produção Filipe Albano criou o grupo de pesquisa em Planejamento de Sistemas de Produção para dar continuidade às investigações que iniciara durante seu doutorado. “O objetivo é incentivar que esses estudos continuem depois da graduação e fazer com que sejam abordados em revistas científicas e congressos”, ressalta.

Com uma linha de pesquisa voltada à avaliação da conformidade, hoje o grupo conta com o trabalho voluntário de três professores e seis pesquisadores, acumulando publicações nacionais e internacionais e participações em congressos. “É importante divulgar o que é realizado dentro da Universidade, tanto para a sociedade quanto para o mercado. Fazer um trabalho incrível não é suficiente se as pessoas não o conhecerem”, defende Albano.

União de esforços

A iniciativa ganhou a parceria da professora da Universidade Federal de Santa Maria Morgana Pizzolato, que congrega os trabalhos de conclusão da UFSM com os da PUCRS. Assim surgiu outro objetivo do grupo: integrar as pesquisas dos diplomados com as de diferentes laboratórios da PUCRS, como os Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica (Labelo) e o Laboratório Analítico de Insumos Farmacêuticos. Dessa forma, estudantes e profissionais que realizam estudos de maneira mais dispersa sobre um mesmo tema podem se unir na linha de pesquisa do laboratório da Engenharia de Produção.

Ao orientarem TCCs com potencial de aprofundamento, Albano e Morgana sinalizam interesse nas pesquisas e as levam para o grupo. A partir daí, a interdisciplinaridade entra em cena. O estudo é levado para professores de outras áreas, que auxiliam em questões pontuais. Na Escola de Ciências, por exemplo, docentes de Matemática revisam dados estatísticos e questões teóricas, fazem investigações adicionais e auxiliam o diplomado. Depois de lapidada, a pesquisa é direcionada para publicações específicas que podem ter interesse em divulgar os resultados. “Isso agrega valor ao currículo do recém-formado e também pode ser o primeiro passo para um mestrado”, explica Albano.

Pesquisa e inovação

Tecnologia do Labelo está disponível para os estudos

FOTO: BRUNO TODESCHINI

O professor destaca que o viés crítico e exploratório estimulado pela pesquisa é extremamente importante para o profissional que ingressa no mercado de trabalho – até mesmo para aqueles que não querem seguir a linha acadêmica. “Quando falamos em inovação, palavra-chave hoje, a pesquisa está intimamente relacionada. Não há como desvincular uma questão da outra. Poder desenvolver essa tendência à investigação e análise de dados é crucial para a formação do aluno.”

Os principais temas estudados são qualidade em laboratórios, metrologia, garantia e estatística de qualidade, materiais de referência, certificação de laboratórios e acreditação. A atividade extracurricular se adapta ao cotidiano dos recém-formados. As reuniões são trabalhadas a distância, com eventuais encontros presenciais para discutir pontos de estratégias. Os resultados mais buscados pelos diplomados são aprofundar as pesquisas, algo nem sempre possível nos seis meses em que o aluno desenvolve o TCC, e manter o vínculo profissional com os professores.

Trabalhos reconhecidos

O diplomado em Engenharia de Produção Diego Vieira de Souza foi convidado a participar do grupo e aperfeiçoar o tema do seu TCC. Um ano depois, teve a pesquisa selecionada para apresentação no 8º Congresso Brasileiro em Metrologia. O estudo do atual gerente de operações da empresa australiana No Time for Grime consistia na análise e validação do processo de purificação da água, no contexto da indústria de produtos para a saúde humana.

“O grupo foi vital para o projeto. Abordamos diferentes hipóteses de resolução de um mesmo problema, com as diferentes perspectivas dos participantes. O método também foi essencial. Quando eu não encontrava uma saída na pesquisa, me auxiliavam a achar possíveis soluções, de forma criativa e inteligente”, relembra. Ele ainda ressalta a alegria em ver a produção acadêmica sendo difundida. “Ajudar a encontrar soluções para problemas na indústria e disseminar conhecimento é muito gratificante.”

A engenheira Camila Gonçalves resolveu estudar a aplicação do Controle Estatístico de Processo para o monitoramento de melhorias obtidas com o método PDCA – Plan, Do, Check & Act em uma indústria de bebidas. A técnica funciona para controle e melhoria contínua de processos e produtos. Em agosto de 2015, demonstrou ao professor Filipe Albano o interesse em utilizar metodologias e ferramentas de qualidade no TCC e passou a integrar o grupo.

O estudo foi publicado em março deste ano na revista Produção em Foco. “Foi uma grande realização pessoal e profissional. É ótimo saber que o nosso esforço e dedicação podem ser reconhecidos, e que a minha pesquisa poderá servir de base para o desenvolvimento de outros trabalhos”, comemora Camila.