BastidoresBruno Todeschini

Em meio à natureza

Espécies nativas, raras, exóticas e frutíferas compõem a área verde do Campus

POR VANESSA MELLO

Carlos Veiga: “O jardim traz sensação de bem-estar”

FOTO: CAMILA CUNHA

Pinheiro canadense, bergamoteira, laranjeira, nogueira, ipês de cores variadas, figueira, aroeira e até uma cerejeira japonesa. Seja em dias de sol ou cinzas e chuvosos, a natureza brinda a todos que passam pelo Campus da PUCRS. Muitas das espécies são de origem exótica. “Há vegetações nativas de Porto Alegre, remanescentes à implantação do Campus”, revela Catia Costa, coordenadora administrativa da Divisão de Engenharia e Arquitetura (DEA). Além de árvores nativas, raras e frutíferas, as áreas externas da Universidade também ganham vida com flores como jasmim, orquídeas, lavandas e outras.

Entre as frutíferas, há ainda goiabeira, abacateiro, bananeira, acerola, amoreira, mangueira e mamoneiro. Dos vegetais presentes nos caminhos do Campus, alguns mais conhecidos são paineira, jaboticabeira, guabiroba,eucalipto, uva-do-japão, cipreste,cinamomo, butiazeiro, louro, araçá, jerivá, pitangueira, jacarandá e palmeira. “Destaca-se o elevado número de espécies com valor paisagístico e ecológico, que além de conferirem um cenário arborizado, oferecem alimento e abrigo para a fauna e conforto térmico e visual aos frequentadores dos espaços”, comenta Catia.

Para cuidar desse ecossistema, o Setor de Serviços Operacionais conta com 13 profissionais de Jardinagem, responsáveis pelo manejo das plantas no Campus, na área do Parque Esportivo e no Tecnopuc e Campus Viamão. Para a atividade, a Universidade contrata profissionais com formação técnica em agricultura que participam de cursos internos para uso de equipamentos de proteção individual, NR35, motosserra, entre outros. Ainda, liberados pela Instituição, fazem cursos específicos para o melhoramento técnico em boas práticas de jardinagem e paisagismo, ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

Origem Marista

Muitas plantas e árvores foram introduzidas no Campus pela própria comunidade marista nos primórdios da Universidade. “Os Irmãos traziam mudas de diferentes lugares do mundo e plantavam. A arborização faz parte da origem marista e europeia, foi algo natural. Atrás do prédio 32, havia um bosque muito grande que foi formado pelos Irmãos. Eles passeavam e se reuniam ali”, conta Carlos Veiga, encarregado da Marcenaria e Jardinagem.

As flores, segundo Veiga, também fazem parte dessa tradição. “É da nossa filosofia. O jardim traz uma sensação de descanso, de bem-estar.  Ele modifica as pessoas, influencia no pensar e traz leveza. Elas olham de uma forma diferente. Um lugar onde só há construções materiais deixa as pessoas isoladas”, avalia.

Paisagismo

No final da década de 1990, iniciou–se um projeto de paisagismo, hoje comandado pela DEA. Sempre que surge uma nova construção, é pensado o tipo e o local de cada vegetação a ser plantada. É difícil precisar qual seria a mais antiga árvore do Campus, mas Veiga aposta na figueira branca próxima ao Colégio Marista Champagnat. “Pelo porte, deve ser uma das primeiras. Dentro da escola tem uma canela branca muito grande que também aparenta ter idade avançada”, comenta.

Veiga trabalha na PUCRS há 42 anos e conta que aprendeu com o pai, em Carazinho, o manejo de plantas. “Onde nasci, a gente sobrevivia plantando cana, feijão, batata, aipim, criava boi e tirava lenha do mato”, lembra. Com formação técnica em agricultura e pecuária, explica que os meses de poda, sem fins comerciais, devem ser no inverno. “Usamos os meses que não têm a letra erre: maio, junho, julho e agosto. Não é preciso cuidar a lua, apenas para a parreira. Para esta, a lua boa é a minguante, quando ela ‘chora’ e enfraquece menos”, dá a dica.

Respeito à flora

A equipe de jardinagem está sempre de olho nas plantas e árvores. Quando alguma adoece, faz-se tratamentos para tentar salvá-la. A remoção é realizada somente quando estão deterioradas, comprometendo estruturas de prédios ou colocando em risco a integridade de quem transita nas proximidades.

Se uma árvore sadia precisar ser removida para utilização do espaço, outras tantas são replantadas. O número varia de acordo com a espécie, mas pode ir de cinco a 15, ou até mais. Para isso, um biólogo ou engenheiro florestal é contratado, a fim de avaliar e emitir um laudo para apresentação à Secretaria do Meio Ambiente de Porto Alegre. Somente após autorização a remoção é realizada. A madeira é destinada à comunidade marista.

Diversidade animal

Pássaros fazem ninhos nas árvores: alimento e abrigo

Foto: Arquivo PUCRS

Um ambiente tão verde e natural se torna a morada de diversas aves e outros tipos de animais. Muitas árvores e flores atendem os pássaros, abelhas e gambás que vivem pelo Campus. Das aves, Veiga menciona saracuras, bem-te-vi, charão (papagaio), sabiá, caturrita e até urubus. “Os papagaios procuram a PUCRS por causa da nogueira. No inverno, eles vêm comer as sementes”, explica. Quando um gambá entra em um prédio, a equipe da jardinagem busca o animalzinho e o coloca novamente no jardim.