Contos e poesias de alunos
Cavalgadura |
Maria Williane da Rocha Souto |
A beleza de um copo
A beleza de um copo
está num copo contendo.
(Ser copo
é ser de um milhão a coisa mais importante
quando o copo é cheio.)
O corpo nasce sadio
mama, olha, descansa.
O corpo vive e basta.
Não cabe ao copo
ser porta-lápis
ter sobre si flores de plástico
e fotos publicitárias clamando
“É chique!”
A doença não pertence
ao corpo.
A doença não pertence ao corpo e
meu copo é cheio
nas mãos e nos lábios do
homem sedento.
Sou copo cheio
e as doenças que provoquei são mera poeira.
Lavada.
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Cândida Castro
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Coisas que são efêmeras
O cheiro da madeira queimando. Um olhar desejado. O som de risadas espontâneas. O aconchego da cama durante a madrugada. O calor de um abraço. Preocupações descabidas. O cheiro refrescante da grama recém cortada. A sensação da bebida esquentando o corpo depois de um longo período no frio. O cheiro doce do perfume. O toque. O sentimento de pertencimento que somente a luz do sol proporciona. A expectativa de uma resposta. O calor de lágrimas indesejadas. Se encontrar em um verso de música.
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Ana Carolina Peres Bogo
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Happy hour |
Recuei pro canto da sala. Eram três: um tipo velho, corcovado. Uma garota, trinta e poucos anos, um bisturi. Um outro mais baixinho, piparotes numa seringa. O velho, o da corcova, era o chefe da coisa. De imediato gostei daquilo. Bela corcova. Corcova de biblioteca. ― Vão no happy hour? ― perguntou o velho. Bernardo Spindola Mendes |
Produção experimental dos alunos do curso de Escrita Criativa da PUCRS selecionada pelo professor Bernardo Bueno.