Antioxidante chegará ao mercado pet
Digite “resveratrol” no Google e encontrará em torno de 7 milhões de resultados. A molécula encontrada na uva preta é altamente consumida como suplemento alimentar por seu efeito antioxidante, agindo contra os radicais livres, que provocam danos nas células e ativam o processo inflamatório. Isso é o que acontece em geral com os animais de apartamento, cujos donos não têm tempo de levá-los passear (e gastar calorias). Para prevenir doenças decorrentes da obesidade ou tratá-las, uma empresa acaba de licenciar uma tecnologia da PUCRS protegida por patente (concedida nos EUA) que combina o resveratrol com óleo de arroz. A novidade pode chegar ao mercado pet em dois anos.
A companhia fez a troca para a escala industrial, com sucesso, e agora aguarda os testes que serão realizados na Universidade em modelos in vivo para comprovar a eficácia e estabilidade do composto. Exames no Centro de Pesquisa de Toxicologia e Farmacologia já atestaram a segurança do uso em animais, pois o produto não é tóxico.
A combinação com óleo de arroz aumenta a biodisponibilidade do resveratrol em dez vezes, pois de outra forma ele se perde rapidamente no organismo. Estudioso do assunto há mais de uma década, o professor da Escola de Ciências André Arigony Souto assina a patente com as colegas Fernanda Morrone e Maria Martha Campos, ambas da Escola de Ciências da Saúde, Izaque Maciel e Rodrigo Braccini, na época alunos de graduação em Farmácia e bolsistas de iniciação científica. Arigony coleciona nove invenções protegidas – a maioria sobre a molécula derivada da uva.
Maria Martha, que coordena o Centro de Toxicologia e o Programa de Pós-Graduação em Odontologia, destaca que o desenvolvimento do trabalho permitiu a identificação de uma alternativa promissora para o tratamento de quadros de inflamação crônicas, como artrite reumatoide, com menos efeitos colaterais. Ela destaca a presença dos ex-alunos Rodrigo e Izaque, que seguem carreiras científicas: o primeiro na PUCRS e o segundo nos EUA.
O que é patente? |
É um título de propriedade temporário sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos autores ou outras pessoas/empresas detentoras de direitos sobre a criação. Os requisitos para depositar uma patente são: novidade, aplicação industrial, atividade inventiva (que não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica) e suficiência descritiva (com descrição clara e completa). A patente de invenção vigora pelo prazo de 20 anos e a de modelo de utilidade por 15 anos, contados da data de depósito. Saiba mais em: http://bit.ly/propriedade_intelectual. |
Dupla de alumni de destaque
Em 2009, Fernanda e Maria Martha fizeram testes com modelos de animais com artrite e identificaram atividade anti-inflamatória do composto superior à apresentada pelo resveratrol sem outro componente. Em agosto de 2011, Rodrigo Braccini finalizou o trabalho de conclusão de curso sobre o tema. “No início, não esperávamos que o resultado fosse da bancada ao balcão da farmácia ou loja. Estamos perto”, afirma. Agora, em estágio pós-doutoral na PUCRS, ele voltará a ter contato com o projeto, conduzindo os ensaios para a empresa D’Almei Participações, de Filipe D’Jacques. Essa etapa deve ocorrer até o final deste ano.
Formado em Administração – Comércio Internacional pela Universidade, em 2012, Filipe atuava na cerealista FF Jacques, companhia familiar de beneficiamento e armazenamento de grãos de arroz. Depois de uma pós-graduação em Barcelona na área de Inovação e Tendências de Mercado, voltou com a intenção de investir em novos alimentos a partir do farelo, grão e óleo de arroz. Foi então que, em conversa com o professor da PUCRS Marcus Seferin, amigo da família, entrou em contato com Arigony.
À espera dos testes para planejamento e produção, Filipe está confiante: “Teremos um produto exclusivo no mundo”. E tem razão: até agora os resultados mostram que o composto não perdeu suas características na escala industrial. A empresa deve investir num suplemento preventivo de doenças cardiovasculares e antienvelhecimento em cães e gatos ou incorporar a fórmula em rações.