Como nascem as exposições do Museu?
POR VANESSA MELLOPesquisa, troca de ideias, planejamento, adaptação de temas científicos para uma linguagem simples e acessível, produção de materiais, desenvolvimento de layout e ambientes criativos, recursos tecnológicos, concepção visual e de comunicação. Há muita dedicação de tempo e esforço profissional por trás das exposições do Museu de Ciências e Tecnologia (MCT) da PUCRS.
Dependendo do tamanho da exposição, sua concepção pode levar de seis meses a dois anos e envolve diferentes coordenadorias: de coleções, educacional, administrativa e de projetos museológicos. Todos os cerca de 60 funcionários se envolvem, pelo menos em algum momento, no processo de criação das exposições. Em oficinas próprias, diversos experimentos são criados. Programação visual, multimídia e luminotécnica também são desenvolvidas no museu. A sustentabilidade está presente na reutilização de materiais e descarte adequado de resíduos e otimização de recursos.
As exposições são resultado de um trabalho de conservação, pesquisa e divulgação do conhecimento científico de forma compreensível. “Somos um museu de ciências e tecnologia, que também é universitário e conta com um acervo considerado o sexto maior do País. Temos um compromisso grande com a sociedade em levar esse patrimônio para o público por meio da exposição”, explica a coordenadora de Projetos Museológicos, Simone Flores.
O trabalho entre as equipes é integrado. Enquanto as coleções científicas disponibilizam espécimes e informações sobre temas variados, com foco em biodiversidade, conservação e recursos naturais, a equipe da Coordenadoria Educacional – ou mesmo pesquisadores de outras unidades da PUCRS – atua na produção de conteúdo. Antes de chegar ao público, ele é trabalhado pela Curadoria de Linguagem, tornando-se um discurso mais próximo da comunicação cotidiana. “Pensamos o conceito com a assessoria científica e trabalhamos com o educacional em como dialogar com o público”, complementa Simone.
Para cada exposição ou experimento novo, é elaborado um projeto museográfico, que considera, entre outros pontos, luminotécnica, psicodinâmica de cores, recursos audiovisuais formas, espaço de circulação, informação textual e sinalização. “Nos preocupamos em criar um ambiente que torne tudo mais interessante para o visitante, com uma expografia que favoreça a experiência e valorize os temas de cada exposição”, destaca Lucas Sgorla de Almeida, curador de linguagem e da coleção de equipamentos. A visita pelo MCT é livre, e o público define seu roteiro, mas recursos expográficos oferecem uma proposta de trajeto para garantir maior entendimento acerca dos temas apresentados e uma experiência ainda mais completa.
De onde vêm as ideias
As ideias para as exposições são elaboradas, basicamente, a partir de três pilares: acervo com as pesquisas realizadas e relacionadas, demandas de temas importantes em discussão pela sociedade e sugestões do próprio museu e de outras unidades da PUCRS. Datas importantes e grandes temas em voga no cenário mundial, nacional e local ganham vida no museu.
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Ano Internacional da Tabela Periódica, que em 2019 completa 150 anos do seu primeiro desenho. Assim, o MCT criou a exposição Matéria e Energia, que conta com experimentos interativos e peças da coleção de Mineralogia. “Trabalhamos em rede com museus do mundo todo e nos engajamos com temas que circulam na sociedade. Participamos de eventos como a Semana da Ciência e Tecnologia, Semana dos Museus e Primavera nos Museus”, reforça Simone.
Temáticas especificas a partir do acervo e de trabalhos desenvolvidos por pesquisadores na Universidade servem de inspiração para novas exposições ou experimentos. O diretor do MCT, Carlos Alberto Santos de Lucena, ressalta que professores, pesquisadores e membros da comunidade acadêmica podem apresentar propostas. “Muitos cursos colaboram com assessoria científica, como foi o caso da Famecos com Ciência no Set, e da Enfermagem com Ciência e Cuidado, sobre bactérias e ambientes higienizados”, revela. Esse último, partiu da experiência de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna.
Ciência no dia a dia
É mais fácil que as pessoas se interessem por algo sobre o qual tenham uma certa compreensão. Com isso em mente, a equipe do museu trabalha, em todas as exposições, uma linguagem simples, relacionando o tema com o público de todas as idades para que possam compreender o que a ciência no seu dia adia. É feito um estudo textual, visual e de como as informações serão captadas e percebidas. Além disso, preocupam-se em promover a interatividade para além do virtual, estimulando sentidos como olfato, audição e tato.
A partir de 2018, as informações que acompanham os equipamentos interativos do Museu passaram a destacar de maneira mais direta a ligação da ciência com o cotidiano. Por meio da seção E o que isso tem a ver com a sua vida?, criam-se analogias entre os conteúdos demonstrados e as atividades do dia a dia. Essa nova abordagem já acompanha dezenas de equipamentos e busca-se expandi-la para todos os experimentos do Museu.
A produção de conteúdo gera também atividades educativas, como Minuto da Ciência, Uma Noite no Museu, roteiros propostos para professores e novas atividades como Jovem Genial, que será realizado duas vezes ao mês para um público entre 12 e 17 anos, e Genial Idade, para aposentados e idosos, entre outras.
Associação Amigos do MCT
Em 2019, o Museu passa a contar com o apoio da Associação de Amigos do MCTPUCRS, para criar um vínculo ainda maior com o público e para contribuir com a realização de projetos junto à comunidade. São várias modalidades para se associar e cada uma oferece diferentes benefícios, como desconto em ingressos e produtos da loja, isenção de fila e valor promocional na locação de espaço para eventos e produtos, entre outros.