PerfilFOTO: BRUNO TODESCHINI

Mais de 70 anos de caminhada Marista

Ir. Jacob Kuhn foi um dos mentores do Museu de Ciência, prefeito universitário e atuou no Alto Solimões

Ele foi prefeito universitário, iniciou o serviço de vigilância na PUCRS, criou a numeração dos prédios e projetou a construção do prédio 20. Atuou por 20 anos na Amazônia, onde estimulou o plantio de hortaliças no Campus Avançado Alto Solimões. Lecionou no curso de História Natural da Universidade, destinando espaço para coleções de zoologia, botânica e anatomia, que mais adiante deram início ao Museu de Ciências. Possibilitou o contato entre dois ex-alunos seus que trabalhavam na Stihl e o fundador e então diretor do Museu de Ciências e Tecnologia (MCT) para que a empresa apoiasse a construção do Pró-Mata. Foi professor nos Colégios Maristas Champagnat e Rosário e em escolas de São Gabriel, Lajeado e Erechim. Ir. Jacob Ignácio Kuhn completou 95 anos em 18 de setembro, tem 72 anos de caminhada marista e 80 de vida religiosa.

Caçula entre 12 irmãos, nasceu no interior de Santa Cruz, na colônia Dona Josefa. Aos 15 anos, ingressou no juvenato, iniciando sua formação religiosa. No início da década de 1950, após lecionar em escola do interior, mudou-se para Porto Alegre e começou sua graduação em História Natural. “De manhã eu dava aula no Rosário e de tarde estudava. Antes mesmo de me formar, me tornei monitor de turma e, com o diploma, passei a professor assistente de mineralogia e cristalografia no mesmo curso e na Química”, lembra.

Neto de imigrante alemão, cresceu falando um dialeto da Renânia e aprendeu o idioma oficial na escola. Em 1963 morou meio ano na Alemanha como aluno estrangeiro nas universidades de Colônia e Bonn. “Passei pelo controle do Muro de Berlim e visitei as duas Alemanhas, a Oriental e a Ocidental. Lembro que como estudantes de uma excursão tivemos a oportunidade de fazer três perguntas a um oficial. Questionei por que em todos os países o difícil era entrar e na DDR o difícil era sair”, conta.

PREFEITO UNIVERSITÁRIO

Entre 1976 e 1978, Ir. Jacob foi prefeito universitário. Como uma de suas primeiras ações, formou um conselho efetivo e que “trabalhou bastante”, ocupando inicialmente um pequeno espaço no prédio 6. Projetou a construção do prédio 20 para abrigar a então Prefeitura Universitária. Também se preocupou com a segurança de todos e criou o serviço de vigilância. “Fiz contrato de um ano com uma empresa e neste período montamos uma equipe própria.   Compramos uniformes, selecionamos, contratamos e treinamos profissionais”, recorda.

A numeração dos prédios da PUCRS também é obra do Ir. Jacob. “Foi consenso que o prédio 1 fosse a Reitoria. A partir dela, fiz como se estivesse lendo um livro”, explica. Na época, o prédio 2, onde hoje é a Fundação Ir. José Otão, abrigava um laboratório com computadores para uso de todos, a Economia ficava no 5 e a Engenharia no 8.

AMAZÔNIA E MUSEU

Ir. Jacob participou do projeto do Campus Avançado em Alto Rio Negro, na cidade de Uaupés, em São Gabriel da Cachoeira. “Fiquei 20 dias projetando a criação do Campus e adaptando a planta ao terreno, mas no fim acabou sendo construído no Alto Solimões, em Benjamin Constant, onde atuei de 1983 até sua extinção”, diz.

Era assessor da direção no Campus Avançado, que abrangia as áreas de educação, saúde, alimentação, pesquisa, serviço social e comunicação. “Ajudava em tudo, especialmente nas coisas que aprendi na prefeitura. Orientava na eletricidade, hidráulica, esgoto. Comecei uma plantação de agrião e levei sementes de hortaliças, estimulando a venda nos armazéns. A partir de então, nunca mais tiveram problemas de plantação de legumes e verduras”, orgulha-se. Depois de concluir suas atividades no Alto Solimões, trabalhou como missionário em Atalaia do Norte e Ji-Paraná.

Discípulo do professor Manoel Parreira (vice-Reitor da PUCRS no primeiro mandato do Ir. José Otão como  reitor), Ir. Jacob estudava a área de mineralogia e junto ao professor Jeter Bertoletti (fundador do MCT), deu origem ao Museu de Ciências, que começou em uma sala no prédio 10. “Criei espaço e consegui acumular material significativo para as coleções que resultaram na criação do museu enquanto eu estava no Alto Solimões”, conta. Ir. Jacob dedica-se ao estudo da cristalografia desde 2004, quando encerrou suas atividades na Amazônia. Gosta de jogar Sudoku e fazer palavras cruzadas.

Curiosidades

Com tantos anos de PUCRS, Ir. Jacob é a memória viva da Universidade e revela algumas curiosidades. “Antigamente no prédio do RU havia quartos para internos. Eram 56 acadêmicos que moravam no Campus. A Odontologia (prédio 6) foi o primeiro prédio construído e ocupado no Campus atual. A linha de ônibus passava aqui por dentro, com fim da linha em frente ao 8. E antes de a PUCRS comprar o espaço onde hoje funciona o estacionamento atrás do prédio 41, ali era uma plantação”, recorda.