Manoela Ziebell, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, sugere ações para ampliar o conhecimento sobre si mesmo
O aforismo atribuído ao filósofo grego Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”, é uma das referências mais citadas quando o assunto é o autoconhecimento. Saber identificar suas habilidades, vulnerabilidades, desejos e comportamentos é uma habilidade fundamental para o desenvolvimento individual. Conhecer a si mesmo, portanto, significa ampliar a autoconsciência e a visão sobre a autoimagem.
Praticar o autoconhecimento, no entanto, nem sempre é fácil. Para auxiliar, professora Manoela Ziebell, do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, listou cinco ações que podem facilitar seu processo de desenvolvimento. Confira:
A pessoa que você é hoje foi construída ao longo de sua trajetória de vida a partir de interesses, tomadas de decisão e experiências. O exercício de repensar sobre momentos da sua história possibilita que você se pergunte o porquê de algumas escolhas. Essas respostas podem auxiliar a entender seus interesses, hábitos, relações e preferências atuais.
Conectar esses pontos também permite que você pense sobre o futuro com mais clareza, identificando objetivos com maior sentido em sua vida e estabelecendo metas mais factíveis considerando seu contexto atual. A clareza sobre seu ponto de partida, onde você está hoje e o que quer alcançar pode contribuir para aumentar o sucesso no cumprimento de suas metas.
Em que momentos do dia você tem mais energia? E em quais tem menos? Que tipos de atividade lhe dão mais prazer? Quais gostaria de não precisar fazer? Por que isso acontece? Responder essas perguntas pode ajudar você a organizar melhor seu dia e suas atividades de forma a ter mais prazer e mais energia quando as realiza.
Isso aumenta seu senso de autoeficácia e atende uma necessidade de competência que todas as pessoas têm. Se você não sabe a resposta, procure observar como se sente ao longo da semana e faça registros. Identifique, para cada atividade, como está sua energia e o quanto você se sente envolvido com ela.
Procure ter novas experiências e observe como se sente. Neste momento de distanciamento social, experimente diferentes formas de se organizar para estudar; fazer uma comida que você nunca fez; ampliar o tempo e a forma como lida com um hobby; ou aprender algo diferente.
Procure desafios compatíveis com o tempo de que você dispõe e com o seu nível de habilidade. Experimentar coisas novas e muito difíceis pode fazer com que você desanime ou avalie negativamente a experiência. Se você tentou algo novo e não teve certeza sobre o que pensa ou como se sente, experimente mais uma vez. E tome cuidado para não se expor a riscos desnecessários nesse processo. Se precisar, peça ajuda. E, se não tiver certeza de que é seguro, melhor não fazer.
Escolha pessoas com quem tenha intimidade o suficiente (para que elas não se sintam constrangidas em ser sinceras) e peça um feedback. Questione o que elas identificam em você como melhores e piores características. E, mais importante do que isso, peça exemplos de situações em que você mostra esses comportamentos. Esse exercício é importante para identificar pontos fortes e pontos de melhoria, mas principalmente para poder pensar em como melhorá-los. Se estiver disposto fazer esse exercício, lembre-se de escolher algum ponto para desenvolver e, depois de algum tempo, pergunte à mesma pessoa que lhe ajudou se ela consegue notar alguma mudança ou melhoria.
Na correria do dia a dia, não costumamos reservar um tempo para pensar sobre nós mesmos e como nos sentimos em relação às diferentes situações. Isso pode fazer com que a nossa ação seja sempre automática ou sempre uma reação (no sentido de responder ao que acontece e não de fazer com que as coisas aconteçam). Esse exercício de olhar para dentro não precisa ter hora marcada, mas, para quem não tem o costume, pode ser uma boa ideia tentar fazê-lo antes de dormir.
Refletir sobre como você pensa, sobre seus sentimentos e desejos pode ajudar a entender melhor como você reage a diferentes situações, sendo o primeiro passo para que você consiga administrar melhor suas respostas emocionais e comportamentais. Por exemplo, se você entrou em uma discussão com um amigo e respondeu de forma dura, pense sobre o que fez com que respondesse assim, como se sentiu e como gostaria de ter respondido. Avalie se teria como fazer diferente ou como poderia lidar com a mesma situação caso ela acontecesse de novo. Esses insights podem te ajudar a agir melhor e de forma mais coerente com quem você é e quem deseja.