Pesquisadores da PUCRS apontam novidades e desafios na área de inteligência artificial, impressões 3D, Blockchain e energias renováveis
As interações sociais são cada vez mais mediadas, incentivadas e criadas por meio de artifícios tecnológicos. Seja para a utilização de aplicativos bancários ou até mesmo na maneira como produzimos energia, a tecnologia se tornou um atributo primordial para o nosso dia a dia. Nesse contexto, pesquisadores e especialistas da PUCRS apontam quatro temáticas relacionadas à tecnologia que estarão em alta em 2024. Confira:
Em 2023, a inteligência artificial foi um grande eixo de debates sociais, sendo inclusive tópico de discussão na palestra de abertura do 24º Salão de Iniciação Científica da PUCRS. Todavia, no próximo ano as expectativas de avanço são ainda maiores. “2023 sem dúvida foi um ano extraordinário para a IA. Diversas ferramentas começaram a se difundir para o público, proporcionando significativos ganhos de produtividade”, afirma Lucas Silveira Kupssinskü, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação.
Para este ano, há a expectativa de que se desenvolvam e se popularizem ferramentas em que a interação com a inteligência artificial não seja somente por texto, como já vemos com o ChatGPT.
“Devemos ter acesso mais difundido a modelos que permitam receber não apenas texto, mas uma combinação de entradas nas mais diversas modalidades, como texto, áudio, imagens e vídeo. Com maior acesso a informações para fornecer contexto, os modelos de IA devem se tornar ainda mais precisos e efetivos em suas respostas, possibilitando a resolução de uma variedade ainda maior de tarefas”, destaca Kupssinskü.
A utilização de impressão 3D vem se tornando cada vez mais rotineira na sociedade contemporânea e as suas aplicações estão em diferentes espaços. Desde o desenvolvimento de produtos para uso recreativo, como brinquedos e decorações, até mesmo na prática hospitalar como conector, possibilitando que pacientes em tratamento com Covid-19 recebam maior fluxo de oxigênio, as utilizações para o próximo ano serão mais ainda difundidas.
“Atualmente, com o desenvolvimento de polímeros biocompatíveis, bioabsorvíveis, e até mesmo impregnados com fármacos para a liberação controlada no corpo humano, um novo horizonte de possibilidades se apresentou para a impressão 3D”, elenca Carlos Alexandre dos Santos, professor do Programa do Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais.
Em 2024, as práticas com impressão 3D estarão ainda mais presentes em diferentes contextos, atuando de maneira interseccional e agrupando diversas práticas de ensino, pesquisa e impacto nas necessidades mais urgentes da sociedade.
“Diante deste cenário, vislumbra-se uma nova revolução na área de impressão 3D, com aplicações cada vez mais frequentes em hospitais e centro cirúrgicos, aproximando tecnologia e medicina, ou melhor, aproximando engenheiros, químicos, físicos, médicos, dentistas, entre outros profissionais”, adiciona Santos.
A utilização do Blockchain nos processos financeiros já é algo habitual, como explica Fabiano Hessel, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação.
“Blockchain é um livro-razão distribuído, no qual todos os participantes estão no mesmo nível hierárquico e possuem uma cópia de todas as informações armazenadas no blockchain. As informações são armazenadas em blocos que contém um registro de tempo e data, onde cada bloco se conecta ao bloco anterior formando uma cadeia de blocos. Nela, as informações validadas na rede não podem ser alteradas, garantindo a imutabilidade dos dados, a transparência e a possibilidade de auditar o sistema a qualquer momento, sem a necessidade de uma entidade centralizadora ou coordenadora do processo, colocando as pessoas novamente no centro do processo”.
Essa ferramenta é a tecnologia base para o desenvolvimento da Web3, uma nova fase da internet, mais descentralizada, livre e transparente com os usuários. “A Web3 representa um novo paradigma, que está transformando a internet em um ambiente cada vez mais focado no usuário, devolvendo às pessoas o poder sobre seus próprios dados, indo na contramão do cenário atual em que dados e plataformas ficam concentrados em grandes empresas”, aponta Hessel.
Além do avanço da Web3, em 2024 as aplicações relacionadas a finanças descentralizadas continuarão a crescer, habilitando cada vez mais serviços financeiros sem a necessidade de intermediários.
“Um número ainda maior de países irão explorar e desenvolver suas moedas digitais, a exemplo do DREX aqui no Brasil, fornecendo uma alternativa segura e eficiente ao dinheiro tradicional. A expansão do uso de NFTs e da tokenização de ativos do mundo real para além dos setores das artes e dos jogos, como os setores imobiliário e de propriedade intelectual, é outra tendência para 2024”, destaca o professor.
As energias renováveis estão passando por um momento crucial e estimulante, marcado por novas direções que apresentam desafios e possibilidades para a criatividade e avanço, agindo como respostas aos desafios climáticos. Odilon Pavón, coordenador do Curso de Engenharia de Energias Renováveis., aponta:
“Os módulos fotovoltaicos bifaciais, que captam a radiação solar em ambos os lados, e os parques eólicos em alto-mar de grande escala são apenas a ponta do iceberg. Isso permitirá uma captura mais eficiente dos recursos renováveis, tornando as energias solar e eólica ainda mais viáveis e competitivas com as fontes de energia tradicionais”.
Além disso, o cenário para a aplicabilidade também produção e armazenamento de hidrogênio verde alcançarão outro patamar. Adriano Moehlecke, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, relata que haverá avanços tecnológicos que irão melhorar significativamente a eficiência e reduzir o custo da produção de hidrogênio verde. Ele explica que estes desenvolvimentos são fundamentais, pois irão expandir a viabilidade deste energético em vários setores da sociedade, incluindo processos industriais e transportes.
“Esta evolução marca um passo importante na diversificação das aplicações de energias renováveis e destaca o potencial do hidrogênio verde na transição mais ampla para sistemas energéticos sustentáveis”.
Dentro das cidades, as mudanças também serão perceptíveis de maneira facilidade, com a ascensão dos carros elétricos. No Brasil, os últimos anos apresentaram um aumento expressivo da frota de carros elétricos, bem como a entrada de novas empresas internacionais no país. Todavia, outros empreendimentos também crescem em conjunto.
“Além dos carros, diversos projetos vêm sendo desenvolvidos para veículos de maior porte, como ônibus e caminhões, tal qual na área de micromobilidade, que envolve bicicletas, motos e vans de entrega. Relacionado a este desenvolvimento, também surge a necessidade de infraestrutura de recarga, assim como novos modelos de negócio associados as estações de carregamento”, ressalta o professor da Escola Politécnica, Aquiles Rossoni.