Projeto da PUCRS financiado pelo Google utiliza Inteligência Artificial para inclusão da população surda 

Iniciativa busca traduzir vídeos de Língua Brasileira de Sinais para português e vice-versa

24/04/2023 - 16h24
Projeto da PUCRS utiliza Inteligência Artificial para inclusão da população surda

O projeto coordenado pelo pesquisador da Escola Politécnica Rodrigo Barros foi contemplado pelo Google Award for Inclusion Research/ Foto: SHVETS production/Pexels

A utilização da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma forma de garantir a preservação da identidade das pessoas com deficiência auditiva, além de contribuir para a valorização e reconhecimento da cultura surda. É por meio dessa língua que o/a surdo/a interage com sociedade, constrói sua identidade e exerce sua cidadania. Para contribuir com a expansão das Libras, pesquisadores da PUCRS estão desenvolvendo um projeto financiado pelo Google para diminuir a dificuldade de comunicação enfrentada por esse público.   

O projeto é coordenado pelo pesquisador da Escola Politécnica Rodrigo Barros foi contemplado pelo Google Award for Inclusion Research, que premia pesquisas inovadoras com alto impacto social. No ano de 2022, apenas cinco universidades da América Latina foram contempladas. Atualmente em etapa de desenvolvimento, a pesquisa que será desenvolvida na PUCRS busca romper grandes barreiras, conforme explica o coordenador da iniciativa: 

“Nosso maior desafio está no desenvolvimento de redes neurais capazes de identificar as características dos sinais a partir de vídeos e traduzir essa representação em palavras equivalentes no Português brasileiro. Além disso, estamos trabalhando em outros desafios que são comuns a todas as linguagens de sinais, como o fato de diferentes sinais com mesmo significado, ou sinais com múltiplas traduções e até mesmo variações regionais”, destaca. 

Desenvolvido pelo Laboratório de Machine Learning Theory and Applications Lab (Malta) do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da PUCRS, o projeto busca contribuir com a maior base de dados anotada de sinais por meio de uma coleta de todas as informações disponíveis na internet, para oferecer uma ampla gama de informações confiáveis e melhorar a pesquisa e o desenvolvimento na área de processamento de sinais em Libras. 

Inteligência artificial auxilia no bem-estar social 

Projeto da PUCRS utiliza Inteligência Artificial para inclusão da população surda

Atualmente em etapa de desenvolvimento, a pesquisa que será desenvolvida na PUCRS busca romper grandes barreiras/ Foto: Envato

As redes neurais artificiais são modelos matemáticos de aprendizado de máquina (machine learning), uma das mais importantes subáreas da Inteligência Artificial (IA). Com leve inspiração no funcionamento do cérebro humano, são utilizadas para resolução das mais diversas tarefas, que vão desde o desenvolvimento de agentes conversacionais (chatbots) até criação de novos conteúdos visuais. Para este projeto, as redes neurais criadas serão responsáveis por compreender os sinais presentes nos vídeos e traduzi-los para o Português brasileiro, e vice-versa.  

Para a execução do projeto, o grupo conta com uma equipe multidisciplinar composta pelos professores Lucas Silveira Kupssinskü (Escola Politécnica) e Janaína Pereira Claudio (Escola de Humanidades), assim como bolsistas de iniciação científica, mestrandos e doutorandos. Com o apoio financeiro do Google, será possível realizar a compra de equipamentos específicos para pesquisa em redes neurais (GPUs) e também viabilizar o desenvolvimento das soluções em software.  

O projeto ainda está em sua etapa inicial, com os pesquisadores trabalhando para coletar e realizar a curadoria dos mais de 20 mil vídeos de sinais que irão compor o conjunto de dados. Conforme explica o docente Rodrigo Barros, depois da coleta de cada vídeo, será preciso avaliar os sinais de acordo com o conjunto já coletado, já que Libras é suscetível a pares polissêmicos (uma palavra pode ter mais de um sinal ao redor do país). 

“Este projeto é de grande importância para a sociedade, em particular para deficientes auditivos, já que tem o potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida e a inclusão destas pessoas. Com a nossa pesquisa, buscamos diminuir e, quem sabe, eliminar dificuldades de comunicação através de um método totalmente automático de tradução bidirecional”, finaliza Barros.

Leia também: Educação inclusiva: como a Universidade pode apoiar estudantes autistas

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