Alunos do curso de Engenharia Mecânica abriram uma empresa com a missão de tornar o Brasil autossuficiente em equipamentos de proteção individual
Um grupo de estudantes do curso de Engenharia Mecânica, da Escola Politécnica da PUCRS, utilizou os conhecimentos aprendidos em aula para inovar e empreender, ao mesmo tempo que contribuem para o controle da pandemia de Covid-19. Observando o déficit de produção de máscaras de proteção no Brasil, os alunos desenvolveram um maquinário e abriram uma empresa voltada para equipamentos de proteção individual (EPIs). Com a missão de tornar o País autossuficiente nessa área, a Bioelegance já conta com certificação da Anvisa para as máscaras que produz.
O estudante do 9º semestre de Engenharia Mecânica e CEO da empresa, Julio Dall’Agnol, conta que logo no início da pandemia percebeu que em sua cidade natal, Guaporé, não haveria máscaras suficientes para a população. Foi quando teve a ideia de utilizar a fábrica da mãe, voltada para o mercado de roupas íntimas, para produzir máscaras de tecido a serem doadas para a comunidade local. “Foram produzidas 10 mil unidades. Durante este período, percebi uma enorme dificuldade em se fazer máscaras via manufatura. Esse foi o gatilho que me levou a pesquisar e estudar sobre automação do processo de fabricação de máscaras cirúrgicas e todos os outros tipos de EPIs”, conta.
Após a pesquisa, Dall’Agnol convidou dois colegas de curso para formarem um time: Lucas Crochemore, graduado em 2020, e Klaus Burmeister, também do 9º semestre. Em abril de 2020 o grupo começou a desenhar o equipamento e a buscar investidores e parceiros para a execução do projeto. “Para a execução da nossa primeira máquina (SV100) foram necessários cinco meses. Vale lembrar que prezamos pela utilização de materiais 100% nacionais, sendo que 90% deles foram gaúchos”, relata o CEO da empresa. Na sequência eles iniciaram o desenvolvimento da segunda máquina (SV200), que está sendo montada atualmente.
Um dos pontos mais interessantes dessa experiência para Dall’Agnol é a possibilidade de vivenciar os aprendizados de sala de aula. O estudante diz ser gratificante poder utilizar as ferramentas que aprende para ver o mundo da engenharia se construindo por meio do próprio trabalho:
“De diversas formas pudemos observar problemas sendo resolvidos com princípios estudados na graduação. Os aprendizados das disciplinas de projetos nos fundamentaram para a execução metodológica do projeto das máquinas. Já os ensinamentos das Ciências dos Materiais nos possibilitaram entender e escolher de forma precisa todos os materiais envolvidos tanto no processo da criação da máquina quanto do produto em si”.
Conforme o coordenador e professor do curso de Engenharia Mecânica Sérgio Boscato Garcia, as atividades teóricas e práticas do curso de Engenharia Mecânica promovem o desenvolvimento de habilidades como a aplicação dos processos de fabricação e a execução de desenhos técnicos, projetos mecânicos e sistemas automatizados. “A graduação incentiva a integração desses conhecimentos e a percepção das necessidades atuais, o que certamente contribui para o sucesso de iniciativas como essa. Em disciplinas integradoras e de projetos, os conhecimentos de engenharia são aplicados e há um acompanhamento constante dos docentes”, destaca o professor, que acompanhou a iniciativa dos estudantes desde os primeiros dias.
A partir de disciplinas que envolvem o desenvolvimento de projetos e produtos, o curso de Engenharia Mecânica possibilita que os estudantes coloquem suas ideias em prática desde os primeiros semestres até o trabalho de conclusão. As iniciativas podem ser sugeridas pela própria turma e realizadas com o acompanhamento docente e com a utilização dos espaços de aprendizagem da Universidade.
Indo além da sala de aula, Boscato reforça que outras atividades contribuem para que estudantes ampliem as possibilidades e tirem as ideias do papel. “A participação em grupos estudantis e a realização de estágios também são importantes para a formação profissional e para o trabalho em equipe. Neste caso em especial, existe muito mérito e originalidade na iniciativa, o que demonstra o perfil empreendedor do grupo de estudantes. O desenvolvimento de um maquinário da ideação ao protótipo em um período tão curto merece destaque”.
Os alunos também podem contar toda a estrutura da PUCRS voltada para inovação e empreendedorismo, como o Idear, cujo portfólio abrange disciplinas do curso. Outra possibilidade é participar de iniciativas como o Startup Garage, programa de modelagem de negócios do Tecnopuc do qual o grupo chegou a participar no início do projeto da Bioelegance.
Para o professor Boscato, os conhecimentos de engenharia permitem que os estudantes identifiquem diversas oportunidades.
“A graduação é um grande laboratório em que são desenvolvidas as competências para transformar as possibilidades em realidades para a sociedade. E é neste sentido de fazer a diferença que está a importância de seguir e lutar por seus objetivos”, conclui.
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Estimulando a interdisciplinaridade em disciplinas, projetos e grupos, o curso de Engenharia Mecânica da PUCRS conta com professores capacitados e laboratórios bem aparelhados e atualizados. Os alunos são desafiados a encontrar a melhor solução para problemas reais com os conhecimentos aprendidos, tornando-se diplomados preparados para atuar em diferentes setores.
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Idealizada por um grupo de estudantes de Engenharia Mecânica, da Escola Politécnica da PUCRS, e contando com vasta experiência na produção da cadeia têxtil, a Bioelegance desenvolveu seu próprio maquinário 100% em solo brasileiro. A empresa utiliza um sistema inteligente de matéria prima e acompanhamento de produção e é uma das pioneiras no desenvolvimento integral de projeto e produção de máscaras cirúrgicas hospitalares no Brasil.
Segundo o CEO Julio Dal’Agnoll, a missão da empresa é o de tornar o Brasil independente de terceiros para a produção de correlatos. “Nosso maior objetivo para o futuro é ter a capacidade de abranger todo o mercado de desenvolvimento e produção, tornando-nos referência nacional e internacional em Qualidade e Produção desses itens que se mostraram tão fundamentais para a segurança sanitária do mundo”, conclui.