Alunos da Politécnica vivem experiência internacional no Summer Program da OEDK

Estudantes das Engenharias Química e da Computação participam de atividades de estágio e pesquisa na Rice University

19/07/2018 - 11h36
Júlia Toffoli de Oliveira, Rebeca Cristina Lima Gomes e Eduardo Pagnoncelli Lorandi

Grupo na OEDK fazendo símbolo da Rice com as mãos
Fotos: arquivo pessoal

Os estudantes da Escola Politécnica Júlia Toffoli de Oliveira (do curso de Engenharia Química), Rebeca Cristina Lima Gomes e Eduardo Pagnoncelli Lorandi (ambos do curso de Engenharia de Computação) estão em mobilidade acadêmica na Rice University, Texas (EUA). Durante os meses de junho e julho eles desenvolvem atividades de pesquisa e estágio no Summer Program da Oshman Engineering Design Kitchen (OEDK), visando a solução de problemas apresentados por clientes da universidade e comunidade. O método adotado é o Engineering Design, que auxilia a projetar e implementar soluções para desafios de engenharia no mundo real. Os alunos atuam nas áreas de Global Health Technologies e Cinema.

A experiência internacional começou com aprendizado sobre Design Kitchen por meio de videoaulas e quizzes diários. Divididos em grupos, os estudantes participaram de um pequeno projeto em parceria com o Zoológico de Houston, colocando em prática os conhecimentos adquiridos.

Rebeca com seu grupo de pesquisa e o protótipo do projeto

Rebeca com seu grupo de pesquisa e o protótipo do projeto

Terminada a etapa inicial, os alunos foram novamente separados em equipes e, dessa vez, puderam escolher o projeto com o qual trabalham durante o restante do verão (do hemisfério norte). “O meu projeto envolve mais as áreas de saúde e engenharia mecânica. Nosso cliente é um fisioterapeuta do Texas Children’s Hospital, que trata casos de crianças com paralisia do plexo braquial, uma lesão obstétrica. As consultas com os pais desses bebês normalmente duram cerca de 15 minutos. O fisioterapeuta necessita de um modo rápido e eficiente de demonstrar aos pais os exercícios que os bebês devem realizar, bem como as consequências de não fazer os movimentos na criança diariamente. Nosso objetivo é criar um modelo anatômico que represente o ombro de um bebê, satisfazendo todos os desejos e solicitações do nosso cliente, escolhendo a solução que se mostrar mais eficiente”, conta Rebeca, de 20 anos.

Já o grupo de Júlia atua no desenvolvimento de máquina que reveste lâminas de filme analógico de 16 mm com uma solução fotográfica específica para os alunos da faculdade de cinema da Rice terem um aprendizado mais efetivo e interativo. “A experiência que estamos vivendo aqui está sendo incrível, muito enriquecedora, cheia de desafios e superações que nos faz crescer e nos desenvolver como pessoas e futuros engenheiros. A equipe da OEDK é muito esforçada, dedicada e atenciosa, sempre tentando nos puxar para usarmos o nosso potencial ao máximo, nos ajudando, nos desafiando, e nos fazendo lidar com situações inesperadas, como no mundo real. Além disso, os feedbacks são muito instrutivos e nos auxiliam a pensar fora da caixa. É muito gratificante, pois são métodos e aprendizados de bastante utilidade para o nosso autodesenvolvimento como profissionais”, garante.

O projeto do qual Lorandi participa é de aprimoramento do Kasupe, desenvolvido por funcionários da Rice 360 (parceira da Rice com soluções para a área da saúde). O Kasupe é uma bomba de seringa para aplicar uma dose de remédio em um fluxo especifico. O dispositivo é muito usado em hospitais, normalmente são muito caros e dependem do uso de seringas de marcas especificas, também caras. O objetivo é baratear o custo e aceitar qualquer tipo de seringa para ser usado em hospitais em países subdesenvolvidos (atualmente é usado no Malawi, África). “O Kasupe atual já é quatro vezes mais barato que os principais concorrentes, mas ainda só funciona com seringas de marcas especificas. No projeto queremos aprimorar o dispositivo, sem comprometer o preço, a facilidade de uso, e a precisão atual”, relata.

Escolha pela mobilidade

Júlia optou pela mobilidade para usar a engenharia em prol de quem precisa

Júlia optou pela mobilidade para usar a engenharia em prol de quem precisa

São muitos os propósitos que levaram os alunos da Engenharia a buscarem uma oportunidade de mobilidade acadêmica. Para Júlia, foi a oportunidade de aplicar seu conhecimento em prol de outros. “O principal motivo que me fez querer participar tanto desse projeto foi usar a engenharia como uma ferramenta para ajudar e facilitar a vida das pessoas de uma forma mais direta e interativa. Amo mudar, viajar, conhecer novas culturas, sair da minha zona de conforto e me desenvolver como pessoa, então tinha certeza que se eu fosse selecionada essa seria a oportunidade perfeita para eu vivenciar tudo isso”, afirma a jovem de 22 anos.

Para Rebeca, foi a possibilidade de atuar em projetos que a incentivou a fazer as malas rumo à Rice. “Antes dessa oportunidade, somente havia participado de bolsas de iniciação científica. Me pareceu interessante, pois alguns dos requisitos pedidos era gostar de trabalhar em grupo e ter vontade de aprender coisas novas. Eu me identifiquei perfeitamente com o perfil que estavam procurando”, diz.

Futuro profissional

Como estudantes de engenharia, os alunos da PUCRS entendem que esta experiência internacional pode agregar muito ao seu futuro profissional, especialmente pelo desafio de trabalharem diretamente com clientes, resolvendo problemas e desenvolvendo soluções. “Aqui, tivemos a oportunidade de vivenciar um projeto, onde existe um cliente real, com uma série de desejos e expectativas. Nos coube analisar tudo isso e desenvolver do zero um dispositivo para o problema apresentado”, explica Rebeca. “Além disso, o grupo tem total autonomia para fazer decisões e mudanças, consequentemente nos proporciona um aprendizado diferenciado e muito perto da realidade de um engenheiro”, complementa Júlia.

Rebeca aprendeu a utilizar máquinas e ferramentas no seu primeiro estágio

Rebeca aprendeu a utilizar máquinas e ferramentas no seu primeiro estágio

Esta é a primeira experiência de estágio de Rebeca, que avalia de forma muito positiva a mobilidade. “Tenho a oportunidade de aprender a utilizar novas ferramentas, adquirir conhecimentos de diferentes cursos da área de engenharia e, principalmente, aperfeiçoar o meu inglês. Nunca havia usado máquinas e ferramentas como laser cutting machine, impressoras 3D, serrotes e furadeiras. Foi realmente emocionante e diferente utilizá-las. Participamos de pequenos workshops, que nos habilitaram a utilizar todo esse ferramental.”

Para Lorandi, o diferencial é a carga horária de oito horas diárias dedicadas ao projeto, sem aulas expositivas. “Não sobra muito tempo de passear no geral, mas, honestamente, eu prefero desse jeito, porque meu objetivo era ter a experiência do dia-a-dia do trabalhador americano e não necessariamente a experiência de turista”, afirma o jovem de 21 anos.

Vida na Rice

Júlia, Rebeca e Eduardo no dormitório Martel College da Rice University

Júlia, Rebeca e Eduardo no dormitório Martel College da Rice University

Os jovens contam que a adaptação na universidade do Texas foi muito tranquila e que foram muito bem acolhidos. Foram recebidos no aeroporto, receberam instruções e fizeram tours pela Rice, sendo auxiliados por estudantes da OEDK. Os dois primeiros dias de trabalho foram utilizados como período de adaptação, onde tiveram atividades para conhecer os colegas de trabalho e para compartilharem um pouco de suas culturas.

“Desde que cheguei aqui, senti as diferenças de ambiente. Tudo era tão grande e muito parecido, que no início utilizamos o Google Maps, mas rapidamente nos acostumamos com o lugar. Todos foram muito receptivos e tivemos a oportunidade de trabalhar com todos em algum momento do estágio, por mais curta que possa ter sido a atividade. Apesar de estar longe do meu lar, viver essa experiência é uma oportunidade única, que não vou esquecer. Nunca havia ficado tanto tempo longe de casa, mas, sinceramente, eu aguentaria ficar mais. Estou nos Estados Unidos há pouco mais de um mês e me adaptei tão bem que parece que estou aqui há muito mais tempo”, lembra Rebeca, que já havia participado de intercâmbio na época do colégio, quando estudou inglês por três semanas na Bearwood College, na cidade de Wokingham (Inglaterra). “A equipe é muito atenciosa e preocupada com o nosso bem-estar, então nos fizeram nos sentir em casa”, acrescenta Júlia.

Hospedadas na universidade, Rebeca e Júlia dividem um quarto no dormitório Martel College, que oferece banheiro, cozinha, lavanderia, refeitório, sala de TV e jogos compartilhados. “A estrutura da universidade aqui é incrível, de primeiro mundo”, destaca Júlia, que já havia participado de mobilidade acadêmica em dezembro de 2016 pela PUCRS na Kwantlen Polytechnic University em Surrey, no Canadá. “Existem diversos ambientes para integração como sala de jogos e cinema, cozinha, lobby e sala de estudos”, complementa Lorandi.

Além do trabalho e de todos os compromissos e atividades do dia-a-dia, as amigas conseguiram conhecer bem Houston, cidade onde está localizada a Rice University. Conheceram museus, parques, shoppings e a Nasa.

Convênio com a Rice

O intercâmbio é realizado por meio do projeto Student exchange between Rice University and Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul focused on Engineering Design Processes, contemplado no edital Competition #12: Promoting Study Abroad in Engineering, Physics, Geology, and Geophysics do programa 100,000 Strong in the Americas Innovation Fund. É financiado pelo U.S. Department of State, Partners of the Americas e NAFSA, sob coordenação do professor da PUCRS Carlos Alexandre dos Santos e da professora da Rice Maria Oden.

O processo de seleção ocorreu em março e abril de 2018. Foram 43 inscritos, 10 selecionados para entrevista e três aprovados para participar do intercâmbio. A seleção foi baseada no coeficiente de rendimento acadêmico, na análise do currículo, no domínio da língua inglesa e interesse.

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