No ápice de seu sofrimento, na cruz, Jesus demonstrou o maior Amor do mundo.
Em tempos difíceis, o ser humano anseia por respostas que reacendam a esperança, especialmente diante de situações dramáticas, como as calamidades recentes geradas pelas chuvas em várias cidades no Rio Grande do Sul. Cabe lembrar que Jesus de Nazaré se dedicou aos enfermos, pobres e desconsiderados da sociedade de seu tempo. Jesus revela a solidariedade de Deus com as vítimas, restaurando sua dignidade pessoal e reabilitando-as para a convivência social. Jesus se aproxima da condição das pessoas sofredoras, ao ponto de assumir suas dores.
Para Jürgen Moltmann, “em seu sofrimento e morte, Jesus trouxe Deus para aqueles que, como ele, foram humilhados. A sua cruz está posta entre as inúmeras cruzes que se somaram ao longo da história”. Jesus mergulhou fundo no abandono para encontrar os abandonados. No juízo final descrito por Mt 25,31-46 o juiz do mundo identifica-se com os famintos, sedentos, doentes e prisioneiros.
Na cruz se revela a compaixão de Deus à humanidade até as últimas consequências. A cruz é o momento central dos Evangelhos. Na cruz está condensado todo o amor de que Deus é capaz. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amo-os até o fim” (Jo 13,1). A cruz é consequência do Amor radical que entra na condição humana até o fim, é a ida do Filho até as últimas consequências do Amor.
Jesus, a imagem do ser humano perfeito, vem para o meio da humanidade e por amor, se faz humano e ama a Deus pelos homens; Jesus refaz em nome da humanidade o vínculo de amor quebrado pelo pecado, revela que o amor não se deixar barrar. Segundo Duns Scotus, Jesus não é um “remendo” na história, mas é a “causa final”: em vista dele tudo foi feito (Cl 1,16). Todo o pecado humano não foi capaz de quebrar o plano de Deus.
É preciso suportar a realidade do sofrimento sem banalizá-lo. Não se deve justificar o “sofrimento absurdo” como “vontade de Deus”. A teologia sacrificialista justifica o sofrimento dos outros, até mesmo o status quo hediondo. Usar a cruz para justificar a violência ou a injustiça, é idolatria. Olhar a cruz como solidariedade aos sofredores é diferente, é denunciar profeticamente a injustiça e o mal. Há uma presença divina no sofrimento humano. Cristo sofre com a humanidade. Segundo Dietrich Bonhoeffer, “cristãos são aqueles que permanecem com Deus quando Deus está sofrendo”.
Nuvens sombrias avançam ainda hoje sobre os discípulos de Jesus, não só do alto, das elites, mas de baixo, daqueles que procuram apenas se beneficiar da religião, obcecados em uma visão estreita e imediatista, cujas carências os transformam em pessoas mesquinhas e manipuladoras do sagrado. Ser discípulo de Jesus requer senso crítico e conversão de vida, requer estar junto, acompanhar e cuidar daqueles que sofrem.
Pe. Tiago de Fraga Gomes
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