Inspiração para a Quaresma: testemunho de experiência missionária realizada por aluno da PUCRS
Misericórdia, conversão, cruz, ação, cuidado e formação. Essas são algumas palavras espalhadas pelo campus da PUCRS nesta Quaresma. As palavras se transformarão com a passagem para a Páscoa, mas, enquanto isso, convidam a comunidade universitária a refletir interiormente sobre seu projeto de vida. Para colaborar com a reflexão, trazemos o testemunho de um jovem universitário que despertou e nos ajudará a despertar para as realidades ao nosso redor.
Para a maioria dos estudantes, as férias da universidade são momentos para descansar, revigorar as energias e planejar a rotina para o novo semestre. Contudo, para Lucas de Lacerda, 26 anos, estudante do 5º semestre do curso de Teologia na PUCRS e Seminarista da Arquidiocese de Porto Alegre, as férias representaram não somente isso, mas também oportunizaram um momento de experiência missionária repleto de ensinamentos de vida.
A vivência ocorreu no período de 27 de dezembro de 2019 a 17 de janeiro de 2020, na cidade de Marajó, do Pará. Promovida pelo Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de Santa Catarina, a Missão Kairós ocorreu em sua terceira edição, levando um grupo de trinta e quatro missionários, entre casais, leigos solteiros, seminaristas e um padre. O aluno da PUCRS era o único gaúcho do grupo que, juntamente com um seminarista do Rio de Janeiro, foi integrar o grupo catarinense.
Relatos do seminarista
O objetivo da missão é proporcionar ao missionário uma inserção na realidade do povo marajoara, vivendo como eles vivem, para que haja um “intercâmbio de evangelização”: o povo evangelizando os missionários, e os missionários evangelizando o povo. A experiência marcou o jovem seminarista com significativas trocas de experiências, vida fraterna, consciência social e compaixão. Confira o inspirador relato da experiência abaixo:
“Essa rica troca de experiências de fé tinha como cenário uma realidade muito pobre economicamente, sem recursos, sem o básico para uma sobrevivência digna. Estávamos na chamada “boca da Amazônia” e ali conseguimos experimentar a realidade desse povo que vive sua fé sem a eucaristia frequente. Fomos conhecer como o povo ribeirinho que vive às margens do rio Amazonas mantém sua fé ardente num local que o Padre passa uma vez por ano. As condições precárias de vida desse povo, como a falta de energia elétrica, a falta de saneamento básico, a falta de água tratada, o difícil acesso à recursos de saúde, dentre tantas outras agruras da vida deles, é confrontada com uma alegria de viver, com uma fé tão ardente e uma esperança inabalável de que a vida pode ser melhor, que eu me envergonhei de tantas reclamações da minha própria vida. Me envergonhei por não valorizar tanto o fácil acesso que temos não só a recursos, mas também aos sacramentos. Se de um lado a miséria material era grande, de outro a generosidade e bondade em acolher os missionários era muito maior. Passamos um pouco de fome, pois muitos não nos esperavam, então a comida era escassa, passamos trabalho ao aprender a viver sem banheiro, a tomar banho de rio, e a não ter energia elétrica. Tivemos muitas dificuldades, mas em cada uma delas encontramos Deus, fazendo um forte apelo a não esquecermos desse povo sofrido, e aprendermos dele a simplicidade de Jesus de Nazaré. A missão despertou em nós a compaixão por aquele povo. Não um sentimento de dó, ou pena, mas um sentimento de colocar-se no lugar do outro, e isto a experiência nos proporcionou ao entrar realmente naquela realidade, e de lá daquela realidade, sentindo o sofrimento daquela gente, desejar que possam ter uma vida melhor. Rezar para que isso aconteça, pedir bênçãos junto deles, mas também colaborar através do trabalho e doações materiais. Muitas vezes, somente passando o que o irmão passa podemos abrir nossos olhos e coração para as necessidades alheias, e assim criarmos a partir de nós uma sociedade mais fraterna onde o outro não é um estranho, e suas necessidades são indiferentes para mim, mas um lugar onde eu sinta no meu coração a dor de cada irmão desamparado, e que isso me leve a estender a mão e olhar com amor o meu irmão. ” Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal
“Essa rica troca de experiências de fé tinha como cenário uma realidade muito pobre economicamente, sem recursos, sem o básico para uma sobrevivência digna. Estávamos na chamada “boca da Amazônia” e ali conseguimos experimentar a realidade desse povo que vive sua fé sem a eucaristia frequente. Fomos conhecer como o povo ribeirinho que vive às margens do rio Amazonas mantém sua fé ardente num local que o Padre passa uma vez por ano. As condições precárias de vida desse povo, como a falta de energia elétrica, a falta de saneamento básico, a falta de água tratada, o difícil acesso à recursos de saúde, dentre tantas outras agruras da vida deles, é confrontada com uma alegria de viver, com uma fé tão ardente e uma esperança inabalável de que a vida pode ser melhor, que eu me envergonhei de tantas reclamações da minha própria vida. Me envergonhei por não valorizar tanto o fácil acesso que temos não só a recursos, mas também aos sacramentos.
Se de um lado a miséria material era grande, de outro a generosidade e bondade em acolher os missionários era muito maior. Passamos um pouco de fome, pois muitos não nos esperavam, então a comida era escassa, passamos trabalho ao aprender a viver sem banheiro, a tomar banho de rio, e a não ter energia elétrica. Tivemos muitas dificuldades, mas em cada uma delas encontramos Deus, fazendo um forte apelo a não esquecermos desse povo sofrido, e aprendermos dele a simplicidade de Jesus de Nazaré.
A missão despertou em nós a compaixão por aquele povo. Não um sentimento de dó, ou pena, mas um sentimento de colocar-se no lugar do outro, e isto a experiência nos proporcionou ao entrar realmente naquela realidade, e de lá daquela realidade, sentindo o sofrimento daquela gente, desejar que possam ter uma vida melhor. Rezar para que isso aconteça, pedir bênçãos junto deles, mas também colaborar através do trabalho e doações materiais.
Muitas vezes, somente passando o que o irmão passa podemos abrir nossos olhos e coração para as necessidades alheias, e assim criarmos a partir de nós uma sociedade mais fraterna onde o outro não é um estranho, e suas necessidades são indiferentes para mim, mas um lugar onde eu sinta no meu coração a dor de cada irmão desamparado, e que isso me leve a estender a mão e olhar com amor o meu irmão. ”
Uma experiência de união, pertencimento e desenvolvimento integral
Uma jornada Universitária se inicia, aprofundando as 7 Moradas de Santa Teresa de Ávila