Texto inspirado em Sófocles foi apresentado na terça-feira no teatro do prédio 40
Foto: Camila Cunha
A atriz Andrea Beltrão é uma força no palco. A intensidade e a energia com que se entrega na interpretação de sua Antígona cria uma empatia direta com o público, conquistando-o. Na noite de 6 de agosto, Andrea apresentou uma versão contemporânea da tragédia Antígona, do grego Sófocles, no teatro do prédio 40. Foi aplaudida de pé por uma plateia lotada.
Na montagem, dirigida por Amir Haddad, Andrea transforma a clássica peça escrita há 2.500 anos em um monólogo e discute com o público os dilemas enfrentados pelos personagens. A personagem-título confronta o poder do rei de Tebas, Creonte, para enterrar dignamente seu irmão Polinice, declarado traidor da cidade. O governante havia determinado que o corpo deveria permanecer insepulto. Antígona desafia Creonte, forçando o enterro do irmão, é presa e paga com a própria vida seu desacato.
Cenário didático
Com texto repaginado, traduzido por Millôr Fernandes, Andrea Beltrão é a narradora dos fatos e também se desdobra dando vida a 17 personagens. Na narrativa, constrói um diálogo instigante e acelerado e propõe questões sobre fatos atuais – relacionados à atual política do Brasil – com ironia e humor.
Plateia lotada e cenário simples com mural genealógico/ Foto: Camila Cunha
O cenário é simples e didático, composto por um mural de cartazes que apresenta a árvore genealógica da intrincada família grega formada por deuses e semideuses, uma cadeira e um amplificador para o microfone, além de echarpe vermelha, chapéu e casaco. A inspiração para o cenário, Andrea diz que veio de um clipe do cantor Bob Dylan, o Subterranean Homesick Blues, no qual ele conta a história por meio de cartolinas escritas. A ideia da atriz era facilitar o entendimento do espectador em meio à profusão de nomes da mitologia grega.
Bate-papo
No final do espetáculo de uma hora, depois de um breve intervalo, o público participou de uma conversa com a atriz mediada pelo diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Ricardo Barberena, e o professor da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos e presidente da Fundação Theatro São Pedro, Antônio Hohlfeldt.
Conversa com o público: Andrea, Hohlfeldt (C) e Barberena/ Foto: Camila Cunha
A primeira pergunta questionou Andrea Beltrão sobre a escolha de encenar Antígona nos dias de hoje. “Sempre fui apaixonada por textos que falam dos dilemas da vida da gente. Quando decidi fazer Antígona, em 2016, a realidade do Brasil era outra. Nunca pensei que a peça ficaria tão atual. Parece que estamos fazendo um teatro político, mandando recado, mas não.”
Outra questão foi sobre o timing de comicidade dentro da tragédia. “O que tem de graça e humor é porque Sófocles é irônico”, resumiu. Sobre a forma espontânea e atual do espetáculo, que não sacralizou o texto grego, Andrea transferiu os créditos ao diretor, Amir Haddad. “É uma contação de história das angústias, dos medos das pessoas. Não é o teatro do conforto. É o que provoca, remexe, sacode.”
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