Novo Reitor convida comunidade a se engajar numa causa comum
Por: Revista PUCRS
Nascido em Vacaria (RS) em uma família de 11 filhos, Ir. Evilázio tem três bacharelados (Teologia, Filosofia e Direito), duas licenciaturas, dois mestrados e dois doutorados (um em Teologia e outro em Filosofia, feitos na Itália), além de cursos de gestão universitária, com estágio no Canadá e, mais recentemente, de Liderança e Negócios na Universidade de Georgetown (Washington, EUA). Sobre seu perfil na administração, adianta que trabalhará com muito diálogo e empenho.
Está na PUCRS há duas décadas. Sua atuação como diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade ficou marcada pelo dinamismo. Foi vice-reitor nos 12 anos de gestão do Ir. Joaquim Clotet, quando coordenou o planejamento estratégico e a reorganização administrativa. Acompanhe as apostas do novo reitor para o futuro da Instituição.
Trabalhei com o Ir. Joaquim Clotet ao longo desses 12 anos. Partilhamos uma missão em comum, dentro do Instituto Marista. Ele nos deixa um grande legado. Em sua gestão, a PUCRS deu um salto qualitativo importante. Grandes personalidades nas áreas da ciência, da política, do meio empresarial e de outros tantos setores vêm aqui e saem impressionadas com a Instituição. O reitor projeta a PUCRS para o mundo e o traz para a Universidade. Outra dimensão é o empreendedorismo e a inovação. Em 2004, quando ele colocou isso como prioridade, levou um tempo para a comunidade se dar conta do que isso significava. Também se preocupou com a excelência, de modo especial, na pesquisa – que cresceu muito. A Universidade se coloca entre as primeiras no ranking nacional e está muito bem na América Latina e no mundo.
Trabalhamos com o binário empreendedorismo e inovação. Empreendedorismo é o processo de transformar sonho em realidade e desenvolvimento. Sobre inovação, um grande inovador chamado Thomas Edison diz que é 1% inspiração e 99% transpiração. Uma cultura de inovação tem que ser de disciplina e de trabalho. Entendo que estamos prontos para dar esse salto. O grande desafio para a Universidade do século 21 será a empregabilidade. O profissional do futuro não tem que buscar emprego, deve criar mais empregos, dentro dessa perspectiva de desenvolvimento e melhoria da sociedade. Empreendedorismo e inovação precisam obrigatoriamente fazer parte da nossa pauta.
A primeira é dar continuidade a projetos em andamento do planejamento estratégico – 2016-2022 e terminar de implementar e consolidar a reformulação acadêmica da estrutura organizacional do modelo de gestão e governança. Precisamos avançar e buscar a excelência em todas as nossas ações. A outra questão importante no patamar a que chegamos e neste mundo globalizado é a internacionalização. Também se faz importante a inovação e o desenvolvimento, que é o nosso posicionamento estratégico para os próximos anos. O conhecimento deve ter incidência na sociedade. Para fazer tudo isso, é preciso integridade e solidez econômico-financeira.
Dentro do cenário que vivemos no Brasil e no segmento comunitário e confessional, está bem, merecendo alguns pontos de atenção. Aumentou significativamente o número de Instituições de Ensino Superior, e o poder aquisitivo das pessoas diminuiu, dificultando o acesso. Temos de ser espartanos em termos de gastos. Precisamos fazer os ajustes necessários e isso exige uma corresponsabilidade de todos. Não conheço um reitor que não tenha essa preocupação. A integridade econômico-financeira ajudará a garantir não só investimentos necessários, mas também um ambiente saudável.
É a questão dos valores, da alma e da missão da Instituição. Nossa visão de mundo se inspira na tradição humanista cristã. Aqui entram a inspiração primeira do fundador Marcelino Champagnat, que originou o carisma marista, visando a um compromisso com a formação integral e cidadã. Valores como o amor ao trabalho, sentimento de pertencimento e, obviamente, uma proposta que não apenas ofereça uma formação técnica e profissional, mas também sentido de vida e comprometimento na construção de um mundo melhor, querem ser o diferencial da Universidade. A missão é inegociável. Nesse sentido, a da PUCRS é clara: “Fundamentada nos direitos humanos e nos princípios do cristianismo e na tradição educativa marista, tem por missão produzir e difundir conhecimento e promover a formação humana e profissional, orientada pela qualidade e pela relevância, visando ao desenvolvimento de uma sociedade justa e fraterna”. A missão deve ser a nossa carta magna e nossa cláusula pétrea.
Esse trabalho tem a ver com um estudo de cenários em relação ao mundo e por onde estão indo as melhores universidades. A grande pergunta que estava por trás: o que podemos fazer para garantir a perpetuidade da Instituição e consolidar a sua excelência? Ao longo de três anos, nos demos conta de que a verdadeira reorganização da PUCRS não é simplesmente ligada à administração, mas acadêmica, trabalhando por área de conhecimento e proporcionando uma formação mais completa ao estudante. O futuro aponta para uma interdisciplinaridade efetiva em todas as áreas do conhecimento. As Escolas vão contribuir muito para isso. Aí tem um elemento novo: estão se constituindo os percursos formativos. O aluno vai poder transitar nas diversas Escolas, cursar disciplinas, e não é só interdisciplinaridade ad intra, dentro da Escola, tem que ser ad extra, fora da Escola.
As Escolas terão mais autonomia, mas com responsabilidade. Hoje temos uma centralização na Reitoria e nas Pró-Reitorias. Haverá uma caminhada de descentralização, mas com acompanhamento assistido, capacitando as Escolas.
A PUCRS teve um leigo como reitor, nos seus primórdios. Para a Rede Marista, é algo não só normal, mas desejável e necessário. A maioria dos diretores de Colégios Maristas, por exemplo, são leigos. O Instituto está em 81 países, tem 3.500 irmãos, com faixa etária relativamente avançada, e 72 mil leigos na Instituição, que atendem 654 mil crianças e jovens. Nos últimos anos, consideramos que irmãos e leigos estão a serviço da missão. A vinda do Dr. Jaderson Costa da Costa vem colaborar com o que o Instituto Marista trabalha há anos. Penso que podemos aprender muito com os leigos e vice-versa. O Instituto está se renovando. Maristas de Champagnat, Irmãos e Leigos partilham e vivem o carisma.
Além de vir da área científica, é um grande gestor. Basta ver o quanto mostrou ser empreendedor e inovador, com o Instituto do Cérebro. Conhece a Universidade. Comunga dos valores institucionais. Tem esse comprometimento e um elemento que vai nos ajudar muito: o grande complexo pujante que é a área da saúde.
Eu não digo o cargo, mas a missão de ser reitor e a própria vida exigem renúncias. Elas fazem parte da condição humana. A grande renúncia é a do tempo pessoal. É preciso generosidade no que se refere à administração do tempo, estando para e pelas pessoas, a serviço da missão.
É fazer o que minha Instituição me pede como um serviço e missão. Eu gostaria, por exemplo, depois, de me dedicar exclusivamente à leitura, ao cultivo pessoal e espiritual, a palestras e a algum trabalho voluntário.
Sempre gostei muito. Uma das motivações para ser irmão foi justamente porque me identifiquei como professor.
Aula formal desde que assumi aqui. Dou palestras e trabalho com grupos.
É uma pergunta complexa e profunda. Gostaria que meu trabalho fosse um serviço à Igreja e à Instituição. Meu dever é garantir que a PUCRS cumpra sua missão. Diante das diversas situações, busco o discernimento. Na minha meditação, peço que Deus me dê proteção e me ilumine. É importante que as pessoas tenham comigo uma relação de diálogo e confiança. Eu me inspiro em Jesus de Nazaré e seu modo de fazer liderança: uma mistura de firmeza e ternura, proximidade e justiça. O modo como Ele se relacionava com as pessoas e agia sempre foi inspirador.
Eu sempre perguntava para minha mãe como eu era quando criança. “Tu sempre foste amoroso e inquieto.” É verdade. Ao longo dessa vivência de 50 anos, eu agregaria mais dois elementos. Sou exigente comigo e com as pessoas, mas procuro ser justo. Tenho que aprender a ser mais paciente; já cresci, porém o caminho ainda é longo.