Pesquisador da Escola de Negócios da PUCRS comenta sobre previsões e riscos para a economia mundial
No começo deste ano, o mundo voltou sua atenção para os debates sobre economia, comércio internacional, questões sociais e ambientais com o Fórum Econômico Mundial 2023, que aconteceu em Davos, na Suíça. O evento reuniu entidades e especialistas de diversos países para discutir soluções para o futuro. O PUCRS Pesquisa conversou com Adalmir Antonio Marquetti, pesquisador da Escola de Negócios, para entender quais são os desafios globais mais urgentes no cenário econômico mundial em 2023.
Durante a 53ª edição do Fórum Econômico Mundial, chefes de estado e de governo, CEOs de empresas, representantes da sociedade civil, meios de comunicação globais e líderes juvenis de todos os continentes se uniram para reconstruir a confiança e moldar políticas e iniciativas necessárias para enfrentar os desafios de 2023, sob o lema “Cooperação em um mundo fragmentado”. O tema se deu em decorrência das grandes transformações e crises causados pela pandemia do Covid-19 e a guerra na Ucrânia e teve como objetivo retomar a importância do diálogo e da cooperação público-privada, não apenas para navegar pelas atuais crises, mas também impulsionar uma mudança positiva a longo prazo.
Os assuntos debatidos durante o grande evento abordaram as principais preocupações, como as crises de energia e alimentos, alta inflação e elevada dívida das empresas e do setor público, surgimento de novas tecnologias, fragilidades sociais no novo contexto trabalhista e riscos geopolíticos em um mundo multipolarizado. Na PUCRS, o professor Marquetti também aborda questões de médio e longo prazo nas áreas de crescimento econômico, comércio internacional, desigualdade, meio ambiente e mudanças tecnológicas.
O docente destaca que os principais temas em 2023 serão a inflação e a provável recessão da economia mundial. As questões de longo prazo, como as ambientais e de distribuição de renda e riqueza também estarão em debate. De acordo com ele, o aumento das taxas de juros para combater a inflação, a continuidade da guerra da Ucrânia, a Covid-19 na China e as disputas entre os Estados Unidos e a China vão influenciar na desaceleração da economia mundial.
Informações do Banco Mundial indicam que o crescimento do PIB global cairá de 2,9% em 2022 para 1,7% em 2023, já na América Latina cairá de 3,6% para 1,3%. Com isso, Marquetti destaca que o ano não será fácil na perspectiva econômica, estimativas apontam que a China apresentará um quadro positivo ao expandir o seu crescimento do PIB de 2,7% para 4,3%.
O Relatório de Riscos Globais deste ano, documento desenvolvido baseado nas opiniões de especialistas em riscos globais, políticos e líderes do setor, incentivou ações climáticas urgentes e coordenadas, assim como os esforços conjuntos entre os países e a cooperação público-privada para fortalecer a estabilidade financeira, a governança tecnológica, o desenvolvimento econômico e o investimento em pesquisa, ciência, educação e saúde. Assim como explorou as discussões acerca da “rivalidade de recursos”, um potencial aglomerado de riscos ambientais, geopolíticos e socioeconômicos inter-relacionados relacionados à oferta e demanda de recursos naturais, incluindo alimentos, água e energia. Para ler o Relatório de Riscos Globais na íntegra, clique aqui.
O Brasil esteve presente no Fórum Econômico Mundial, com a missão de participar das discussões e demonstrar comprometimento com a responsabilidade fiscal e a agenda ambiental do mundo, na sessão “Brasil: Um Novo Roteiro”. Conforme o pesquisador da PUCRS, o Brasil passou por duas fases em termos de crescimento econômico nos últimos 70 anos.
O docente explica que durante o desenvolvimentismo (1947-1980), a taxa de crescimento do PIB foi de 7,4% ao ano, neste período chegou a ter o PIB per capita maior que o da Coreia do Sul. O Brasil era uma das economias mais dinâmicas do mundo. A partir de 1980, o crescimento médio foi de 2,3% ao ano, um declínio superior a 5%.
Marquetti explica que entre os fatores que influenciam essa queda estão o progresso técnico, a rentabilidade do capital e as mudanças institucionais que reduziram a capacidade do país de realizar investimento produtivo. Para 2023, de acordo com estimativas do Banco Mundial, é esperada uma redução da taxa de crescimento do Brasil de 3% para 0,8%. A retomada do crescimento econômico e a geração de empregos de qualidade com elevada produtividade e renumeração são questões fundamentais para a sociedade brasileira.
No evento em Davos, o mundo também abordou temas que englobam o Brasil como a preservação e o futuro da Amazônia, com a liderança da jovem indígena e ativista equatoriana Helena Gualinga. Além disso, a publicitária carioca formada pela PUC-Rio Luana Génot foi reconhecida como Young Global Leader (jovem líder global) por sua atuação na luta antirracista como diretora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). A ONG luta pela inclusão de negros e indígenas no mercado de trabalho e em cargos de liderança nas empresas.
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