Tese foi defendida em janeiro, na PUCRS
Por: Greice Beckenkamp Pires
Auxiliar médicos na decisão sobre qual o melhor tratamento para pacientes com glioblastoma multiforme, considerado o mais letal tumor cerebral, é a proposta da tese da aluna Marina Petersen Gehring, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular da Faculdade de Biociências da PUCRS. A pesquisa, publicada no The International Journal of Biochemistry & Cell Biology, teve orientação da professora Fernanda Bueno Morrone e foi feita em parceria com o serviço de radioterapia do Hospital São Lucas da PUCRS.
No trabalho, a biomédica analisou, dentro do tumor, o receptor purinérgico P2X7 (P2X7R), presente em todas as células vivas e tecidos de vertebrados. A conclusão foi de que, quanto maior a presença desse receptor no glioblastoma, mais sensível o tumor se torna ao tratamento radioterápico. Segundo a pesquisadora, pacientes com pouca presença do gene não tiveram uma boa resposta quando submetidos à radioterapia. “Observamos também que pacientes têm uma sobrevida maior nos casos em que o P2X7R é mais expresso e funcional, quando comparados a pessoas com menor presença do gene”, afirma.
A pesquisa foi realizada com testes in-vitro (cultura de células), in-vivo (com camundongos) e também através de biópsias de 48 pacientes com tumor cerebral. Para chegar ao resultado, foram comparados com outros 343 pacientes de todo mundo, por meio de um banco de dados on-line. Marina salienta que o glioma é um tipo muito agressivo de tumor, de difícil tratamento e com pouca sobrevida. Acomete principalmente homens, idosos e raramente geram metástases, porém sua infiltração no tecido cerebral normal torna a remoção cirúrgica difícil.
Segundo Fernanda, orientadora do estudo, devido a todas as características apresentadas pelos glioblastomas, à sua localização, ao seu alto índice de proliferação, à sua agressividade, e, principalmente, devido à presença de receptores purinérgicos, torna-se importante uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos envolvidos na resposta à radioterapia: “Isso poderá trazer uma nova abordagem de tratamento desses tumores”, afirma.