Professores das Escolas de Ciências da Saúde e da Vida e de Medicina apontam desafios e perspectivas para o próximo ano
Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou encerrado o período de emergência sanitária para a Covid-19, e com o fim da pandemia, novas perspectivas na área de saúde e bem-estar voltaram ao centro de discussões científicas e mercadológicas. Conheça cinco assuntos que, segundo especialistas e pesquisadores da PUCRS, estarão em alta em 2024.
As interfaces digitais fornecem dados sobre a nossa rotina, hábitos e práticas. Para que os sistemas de saúde possam funcionar de maneira mais assertiva, o compartilhamento e cruzamento dessas informações é um passo crucial. “A interoperabilidade envolve a padronização de dados e protocolos para permitir que diferentes sistemas de saúde compartilhem informações de forma eficiente e segura”, explica professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e dos Programas de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica e Odontologia, Rafael Reimann Baptista.
Nessa lógica, existe a cooperação de todos os profissionais, organizações de saúde e demais profissionais, estabelecendo uma construção de apoio, mais sólida e direcionada ao paciente a partir de uma perspectiva global de suas necessidades.
“Isso inclui a proteção da privacidade e segurança dos dados dos pacientes, a integração de dados em tempo real para insights clínicos, com o aumento do acesso dos pacientes aos seus próprios dados e a melhoria da colaboração entre especialidades e instituições”, ressalta o professor.
O uso das possibilidades desenvolvidas pela tecnologia na área da saúde está ainda mais presente, possibilitando que diferentes especialistas se conectem com a população em diferentes regiões. “TeleHealth é um termo amplo que engloba telemedicina e o uso de tecnologia para seguimento de pacientes. Existem diversas formas e cenários em que a tecnologia pode contribuir para melhorar a assistência aos pacientes”, destaca o decano da Escola de Medicina e professor Programa de Pós-Graduação em Medicina Pediatria e Saúde da Criança, Leonardo Araújo Pinto.
Nessa construção, os pacientes que possuem necessidades mais específicas e que residem distantes de espaços hospitalares de referência, poderão ser os mais favorecidos.
“Recentemente, muitos aplicativos e tecnologias vestíveis tem facilitado o seguimento desses pacientes, reduzindo a necessidade de deslocamentos, e inclusive melhorando a capacidade dos centros de realizar e registrar o seguimento dos pacientes e controle das doenças crônicas, como asma, hipertensão e diabetes”, elenca Leonardo
Para a decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e professora dos programas de pós-graduação em Educação e Gerontologia Biomédica, Andrea Gonçalves Bandeira, o acesso de maneira mais prática é uma construção que gerará maior eficiência quando falamos nessas tecnologias.
“Além disso, a facilidade de acesso a sua jornada nos serviços de saúde e a possibilidade de informações confiáveis é outro ponto de destaque quando falamos em TeleHealth”, destaca a professora.
O uso de tecnologias vestíveis, aquelas que se conectam ao nosso corpo e trazem dados em tempo real, já é bastante utilizado em relógios inteligentes. As aplicações para essa tecnologia são as mais variadas, podendo estar presente de diferentes formas, como em roupas e tecidos e relógios mais assertivos.
“Os dispositivos vestíveis continuarão a ser uma tendência, fornecendo dados em tempo real sobre a saúde dos usuários e promovendo um estilo de vida mais ativo e saudável”, destaca Rafael Baptista.
Com os investimentos na produção de vacinas no período pandêmico, os laboratórios buscam, atualmente, a descoberta de prevenções para outras doenças. “Durante a pandemia de Covid-19, a área de desenvolvimento de vacinas ganhou um impulso em relação às diversas tecnologias que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de vacinas e prevenção de doenças infecciosas” explica Leonardo.
Nesse ano, diversas doenças populares podem ser erradicadas, caso as vacinas sejam desenvolvidas e popularizadas. O Ministério da Saúde já incorporou a vacina contra a dengue no calendário vacinal do SUS, mas ela não será utilizada em larga escala em um primeiro momento devido a capacidade restrita de fornecimento de doses pelo fabricante.
“Dessa forma, outras doenças infecciosas que aguardavam há anos pela possibilidade de prevenção com uso de vacinas têm se beneficiado dessas novas estratégias e tecnologias. Para citar exemplos recentes, algumas doenças infecciosas de alto impacto vêm recebendo lançamentos na área de imunizações: dengue, vírus sincicial respiratório (principal causa de bronquiolite) e pneumococo (principal causa de pneumonia). Essas intervenções podem provocar uma grande mudança, para melhor, na epidemiologia das doenças infecciosas”, explica o professor.
A saúde mental tem um impacto direto na qualidade de vida das pessoas. No período de enfrentamento a Covid-19, depressão e ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia. Hoje, a sociedade está vivendo as consequências desse período, e os jovens são os mais afetados: de acordo com o relatório anual do Estado Mental do Mundo, divulgado pela Sapien Labs, o número de pessoas na faixa etária dos 18 aos 24 anos relatando queixas de saúde mental no Brasil é maior quando comparado as pessoas que tem entre 55 e 64 anos.
Saúde mental e qualidade de vida andam lado a lado, estabelecendo uma correlação mútua para uma vida com maior qualidade. O professor Leonardo Pinto explica que muitos pacientes com doenças crônicas costumam ser mais suscetíveis a problemas de saúde mental, o que interfere diretamente na adesão ao tratamento e controle da doença. “Dessa forma, diversas especialidades médicas têm colocado foco também nas medidas que podem promover a saúde mental dos pacientes com doenças crônicas”, contextualiza.
“Frente ao todo contexto atual, enfrentamos muitos desafios na Rede de Atenção Psicossocial, com uma demanda maior que a oferta de serviços e com a necessidade de cada vez mais preparar profissionais da saúde qualificados para a atuação na promoção da saúde mental e na atenção psicossocial, que pressupõe um olhar ampliado e uma atuação interprofissional. Com isso a formação em saúde seja em nível de graduação ou pós-graduação precisa estar conectada aos desafios da sociedade e preparada para auxiliar na resposta a estas demandas”, afirma Andrea.
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