Rotina em casa: gerenciar o tempo auxilia a manter a produtividade

Professoras da Psicologia falam sobre a importância de estabelecer horários e de não perder hábitos saudáveis em período de isolamento

20/03/2020 - 19h59
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Organizar uma nova rotina e fazer o possível para segui-la auxilia na adaptação / Foto: Brad Neathery/Unsplash

Com as medidas de prevenção de disseminação do Covid-19, muitas pessoas tiveram suas rotinas modificadas, passando a estudar e/ou trabalhar de forma remota. E, para quem não é acostumado com esse formato, a adaptação pode ser um desafio. A grande diferença, segundo a professora dcurso de graduação e do PPG em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da VidaRochele Fonseca, está na perda de orientação e de organização de fora pra dentro da rotina padrão. 

Essa mudança pode acabar prejudicando o processo cognitivo e socioemocional, dificultando o gerenciamento do tempo. Por isso, uma boa maneira de driblar esse problema é organizar uma nova rotina em casa e fazer o possível para segui-la.  

Uma questão bastante levantada quando o assunto é estudar e trabalhar em casa são as distrações. Resistir à tentação de realizar tarefas domésticas em paralelo às atividades profissionais pode ser difícil estando em casa. Por isso, é importante reservar um tempo para essas tarefas e procurar conclui-las no período estabelecido para isso. “Na jornada de trabalho ou estudo, também vale a recomendação de escolher um local adequado, com menos estímulos para garantir o foco. E o uso de aplicativos de gerenciamento de tarefas e de tempo podem ajudar a assegurar que teremos momentos para não trabalhar e que veremos o resultado do trabalho acontecendo”, destaca a também professora da graduação e do PPG em Psicologia Manoela de Oliveira. 

Rotina com a família 

Quem vive com familiares ou divide apartamento com amigos pode enfrentar desafios ainda maiores. Conciliar os horários de todos os moradores da casa nem sempre é uma tarefa fácil. Por isso, algumas dicas são compartilhar como funciona sua rotina; deixar claro que, mesmo em casa, você segue suas atividades normalmente; e dividir as responsabilidades domésticas. “Temos que entender que a rotina de todos dentro de casa mudou e que isso tem que ser absorvido aos poucos por cada membro da família ou da casa”, explica Rochele.  

No caso de pessoas com filhos em casa, esse pode ser um bom momento para desenvolver a resiliência nas crianças. Além disso, é uma oportunidade de aproximação. “Assistam a programas juntos, auxiliem nas tarefas escolares – dentro de suas possibilidades –, brinquem e leiam com e para seus filhos”, sugere a professora. Nesse momento de confinamento, também é essencial respeitar quem está próximo, entendendo que, em alguns momentos, é normal querer ficar mais recluso e quieto. 

Hábitos de saúde e bem-estar devem ser mantidos 

Além da rotina de trabalho e estudo, manter hábitos saudáveis é importante. Exercícios físicos e uma alimentação equilibrada são aliados na manutenção da saúde. E, para não perder o ritmo, apesar de as idas à academia não serem possíveis, buscar sites, aplicativos e vídeos com orientações para praticar atividades em casa é uma boa opção. “Uma iniciativa que tenho achado bem interessante são educadores físicos e instrutores que disponibilizam aos seus alunos rotinas de exercício online”, diz Manoela. Ela ainda cita o exemplo de professores de dança que propuseram à turma fazer uma coreografia a distância, cada um treinando em casa e compartilhando vídeos. A ideia é que, quando possam se reencontrar, dancem todos juntos. “Esse é um bom momento para exercitar a criatividade e a solidariedade”, completa. 

As mesmas dicas servem para alimentação: buscar sites e páginas em redes sociais com foco em receitas simples e saudáveis, principalmente para quem não tem o hábito de cozinhar em casa. E Manoela ainda indica: “Vale a recomendação de estudar algumas dicas antes de ir ao supermercado e ter certeza de que levou todos os ingredientes necessários, a fim de evitar sair muitas vezes”. 

Idosos precisam ter atenção redobrada 

Por serem um grupo de risco, os idosos precisam tomar ainda mais cuidado. Como muitas pessoas nessa faixa etária mantêm atividades fora de casa, o confinamento pode ter como prejuízo o aumento de chance de perdas cognitivas, devido ao próprio envelhecimento, associado ao estresse e à redução de exercícios físicos e de convivência social. “Para que isso não aconteça, pessoas na terceira idade podem fazer ligações de áudio ou vídeo com amigos e familiares, ler muito, fazer jogos como caça-palavras e palavras cruzadas e desenvolver suas habilidades manuais, como pintura, dança e bordado”, indica Rochele. 

E quando tudo isso passar? 

Para evitar uma maior dificuldade de readaptação quando situação se estabilizar, ter um bom planejamento nesse momento de isolamento é essencial. Pensando em uma organização que faça sentido agora e que também possa ser facilmente transposta para a rotina original, provavelmente essa transição será suave. “Estabelecer limites, como hora para acordar, para se alimentar, para fazer exercício, para trabalhar e/ou estudar e para dormir ajuda na organização e no rendimento em tempos de quarentena, mas é um hábito que pode ser mantido depois que a vida voltar ao normal”, conclui Manoela. 

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