Professora Ana Paula Duarte desenvolve estudo sobre o principal vírus causador de sintomas respiratórios, que ainda não possui alternativa de controle de infecção
O resfriado comum é uma infecção viral de pequeno porte que envolve sintomas respiratórios superiores, como rinorreia, tosse e dor de garganta. Pode ser causado por mais de 200 vírus diferentes, sendo o rinovírus o mais comum, principalmente durante o outono e a primavera.
As infecções por rinovírus são disseminadas eficientemente por meio do contato direto entre pessoas, embora a expansão também possa ocorrer por tosse, espirro, respiração ou fala. “Embora seja comum se recuperar de uma infecção pelo rinovírus dentro de sete ou dez dias, para quem possui o sistema imunológico enfraquecido, asma ou condição respiratória, o rinovírus pode levar a uma doença mais grave, como a Pneumonia. Em pessoas com asma, particularmente crianças, as infecções por rinovírus também são frequentemente associadas a surtos de rinovírus”, destaca a pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Ana Paula Duarte.
De acordo com a docente, os rinovírus são as principais causas do resfriado comum, mas também são a segunda causa de bronquiolite em crianças e são os principais agentes causadores da exacerbação da asma. Ana Paula explica também que atualmente não existem vacinas e nem tratamentos específicos para controlar sua infecção e por conta disso iniciou seus estudos na Imperial College London, no Reino Unido, pelo PUCRS-PrInt.
A professora Ana Paula desenvolveu a pesquisa intitulada O acetato de ácido graxo de cadeia curta administrado pelas vias aéreas aumenta a imunidade antiviral durante a infecção por rinovírus, publicado na revista científica Journal of Allergy and Clinical Immunology. O projeto teve início quando a docente atuou como professora visitante no Laboratório coordenado pelo professor da Imperial College London Sebastian L. Johnston, no período de 2019 a 2020.
O projeto teve como objetivo investigar se a manipulação de metabólitos pulmonares pode modular a imunidade antiviral à infecção por rinovírus. O andamento do projeto também contou com a atuação da pós-doutoranda Krist Helen Antunes, integrante do Programa Pós-Graduação de Pediatria e Saúde da Criança, que realizou seu doutorado-sanduíche na universidade inglesa pelo Programa PUCRS-Print no mesmo laboratório.
Os ácidos graxos de cadeia curta são aqueles produzidos por meio da fermentação de carboidratos e proteínas ingeridos pela dieta, como fibras, prebióticos e probióticos. Como resultados principais do projeto desenvolvido pelas pesquisadoras da PUCRS foram demonstrados que estes ácidos graxos de cadeia curta apresentam um efeito antiviral durante a infecção pelo rinovírus.
Esse efeito foi testado em células do sistema respiratório de humanos e também em modelo murino, assim apresentando resultados importantes que sustentam o efeito dos ácidos graxos em causar uma resposta imune antiviral e futuro uso profilático ou terapêutico desses compostos durante as infecções virais respiratórias.
“Atualmente, seguimos desenvolvendo a pesquisa no laboratório para investigar se o efeito produzido pelos ácidos graxos de cadeia curta pode ser duradouro, produzindo proteção contra reinfecções”, comenta docente.
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