Projeto Resíduo Zero tem como objetivo a conscientização sobre o impacto da geração de resíduos no meio ambiente
A administração eficiente dos resíduos sólidos urbanos representa um dos principais desafios enfrentados pelo Brasil, um país de vastas dimensões e uma população em constante crescimento. A rápida urbanização e o aumento da produção de resíduos têm intensificado a pressão sobre os sistemas de gestão existentes, gerando uma série de complexidades ambientais, sociais e econômicas. Neste contexto, é importante para os municípios abordarem questões relacionadas à coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos de maneira estratégica e sustentável.
Desde 2018, a central de resíduos da PUCRS desempenha um papel fundamental na gestão adequada dos resíduos, promovendo a separação e o tratamento apropriados dos materiais descartados pela Universidade. Isso contribui para a redução do impacto ambiental, a promoção da reciclagem e a minimização da quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários. Este trabalho de segregação é realizado por uma empresa parceira, que é responsável por vender os materiais para recicladoras autorizadas, e parte do valor é revertido em forma de desconto na prestação do serviço.
“Importante salientar que no âmbito da gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos deve ser observada a ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final adequada dos rejeitos”, destaca Caroline Luckow, coordenadora de Sustentabilidade Ambiental e Bem-Estar das Pessoas na PUCRS.
O Brasil é o campeão da geração de lixo entre os países da América Latina, representando 40% do total gerado na região – o que significa o descarte de 540 mil toneladas por dia, segundo a ONU Meio Ambiente, programa das Nações Unidas. A separação dos resíduos é um problema relevante, visto que vários municípios ao redor do país não possuem uma central de reciclagem disponível aos moradores, sendo obrigados a conviver com aterros ou lixões.
“A persistência dos lixões no Brasil, até 2025, é uma preocupação ambiental significativa, pois pode resultar em danos irreversíveis ao meio ambiente, contaminação do solo e recursos hídricos, além de impactos na saúde pública”, aponta.
O setor empresarial recentemente foi responsabilizado pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) pelo sistema de logística reversa (que significa a destinação correta ou reaproveitamento dos resíduos), porém ainda não foi implantado. A priorização de setores mais tradicionais é um dos fatores para a complicação, além da falta de compromisso social que é visto em setores acadêmicos com motivações diversas como pesquisas ou valores éticos. Por esse motivo, as universidades e escolas são fundamentais no ensino do cuidado do meio-ambiente, desde a coleta até o descarte correto, explica Caroline.
“A implementação efetiva de políticas, investimentos em infraestrutura e conscientização são necessários para mitigar os impactos negativos e promover um ambiente mais saudável. Quanto mais se adia a transição, maior é o risco de danos ambientais irreversíveis”, pontua.
O resíduo mais gerado no Campus da PUCRS, segundo dados do setor de Sustentabilidade Ambiental e Bem-Estar das Pessoas, é o de podas, seguido do rejeito orgânico – com um total de 565 toneladas. A quantidade dos dois resíduos somados é igual ao lixo descartado incorretamente encontrado nos rios do município de Estância Velha, que possui apenas 5% da população atual de Porto Alegre.
A PUCRS se destaca por implantar o Projeto Resíduo Zero, que envolve a redução consciente do desperdício, reutilização de materiais e reciclagem eficiente. Na Universidade, o resíduo derivado da construção civil é enviado para um centro de beneficiamento de caliça (reboco), onde ele é avaliado, classificado e processado, possuindo como objetivo a redução no impacto ambiental e promoção da economia circular.
A Central de Resíduos da PUCRS adota uma prática de multiplicadores de informação integrada ao programa PUCRS SUSTENTÁVEL, que visa sensibilizar todos que interagem com o Campus por meio de oficinas e treinamentos. Essa iniciativa contribui para a conscientização da população de Porto Alegre. A cidade encontra-se atualmente na quinta posição entre as Capitais brasileiras no ranking de reciclagem, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Caroline explica que a atuação da Universidade é de uma cidade de pequeno porte, pela grande circulação de pessoas, e a eficácia da mensagem é altamente influenciada pelo método de tratamento.
“Nosso método é visual e manual, são práticas sustentáveis e transparentes, podendo inspirar a comunidade a adotar comportamentos similares, pois pode ser aplicado por qualquer um de nós”, conta a coordenadora.
Para contribuir com o cuidado com o meio ambiente, o primeiro passo é o descarte correto do lixo. Na cartilha disponibilizada pela PUCRS estão todas as dicas para o descarte na Universidade, que você pode conferir aqui: Cartilha de orientações.
Contribuir para o gerenciamento adequado de resíduos sólidos urbanos é uma responsabilidade coletiva. Listamos 6 dicas de como colaborar para melhorar o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos:
Classificar os resíduos em categorias como recicláveis, orgânicos e resíduos perigosos é fundamental. Isso facilita o processo de reciclagem e evita a contaminação de materiais recicláveis.
Utilize os sistemas de coleta seletiva disponíveis na região para descartar materiais recicláveis. Isso inclui papel, plástico, metal e vidro. Importante estar ciente dos locais de coleta de recicláveis na comunidade.
Para resíduos orgânicos, considerar a prática da compostagem em casa é uma alternativa. Isso não apenas reduz a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários, mas também produz um material rico em nutrientes que pode ser usado como adubo.
Busque consumir alimentos de forma consciente e reutilizar itens sempre que possível. A redução do desperdício contribui significativamente para a diminuição do volume de resíduos gerados.
Lembre-se de descartar os aparelhos eletrônicos antigos e pilhas em locais específicos para evitar a contaminação do solo e da água por substâncias tóxicas.
Optar por sacolas reutilizáveis em vez de sacolas plásticas descartáveis ao fazer compras. Isso reduz a quantidade de plástico de uso único que contribui para a poluição ambiental.