O médico, professor e pesquisador era a maior referência no país em relação ao uso medicinal e científico da cannabis
A Escola de Medicina lamenta profundamente o falecimento do médico, professor e pesquisador Elisaldo Luiz Araujo Carlini, a maior referência no país em relação ao uso medicinal e científico da cannabis. O especialista estava internado e faleceu ontem (16/09), aos 90 anos, de falência múltipla de órgãos em decorrência de um câncer
Ele era um dos maiores especialistas em entorpecentes do Brasil, e um dos mais respeitados internacionalmente, tendo estudado os efeitos da maconha e de outras drogas em nível experimental durante toda sua vida profissional. Professor emérito da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), onde se formou, foi o fundador do Departamento de Psicobiologia da EPM, além de ter fundado e dirigido o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid). Foi orientador de diversos programas de pós-graduação, tendo formado gerações de pesquisadores e cientistas. Até seu falecimento, estava atuando como orientador de mestrado e doutorado do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp.
Ao longo dos seus 90 anos, foi condecorado duas vezes pela Presidência da República por seu trabalho como pesquisador, sendo citado 12 mil vezes em pesquisas científicas nacionais e internacionais. Foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas (ECOSOC/ONU).
Internacionalmente, Elisaldo Carlini recebeu a condecoração como Doutor honoris causa em diferentes universidades, e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Yale. Teve mandatos como membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, foi pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Sua trajetória mostra o carinho e dedicação incansável pela área acadêmica, tendo abraçado como bandeira de toda a sua carreira o uso medicinal da maconha, principalmente para pacientes com epilepsia.
Carlini deixa esposa, filhas e netos. Uma de suas filhas, Célia Carlini, é a pesquisadora do Instituto do Cérebro do RS e professora da Escola de Medicina da PUCRS e da pós-graduação em Biologia Celular e Molecular e em Medicina e Ciência da Saúde.