O médico do Hospital São Lucas, André Palmini é um dos dois convidados internacionais no simpósio
Durante o simpósio da Japanese Epilepsy Society, em Kawasaki, no Japão, no dia 21 de dezembro, o professor da Escola de Medicina e chefe do serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), André Palmini, será um dos dois palestrantes estrangeiros no evento, o outro representante é da Tailândia. Na ocasião, vai apresentar as novas linhas de pesquisa sobre epilepsia desenvolvidas pela PUCRS. Este encontro abordará temas voltados para o tratamento desta doença para o futuro.
Em sua palestra, Palmini vai expor o tema Mistérios e milagres de cérebros excessivamente eletrificados: uma jornada moderna através da cirurgia de epilepsia. Muito desse conteúdo é resultado do seu trabalho desempenhado no Programa de Cirurgia da Epilepsia (PCE) do HSL. Com 27 anos de atuação, o HSL já atendeu mais de 2.100 pacientes no país e no exterior e é o único hospital privado do país com um programa de epilepsia via Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os vários recursos utilizados, o PCE possui um sistema de investigação realizado por meio de vídeo encefalograma, por exemplo. “Outro diferencial é a dedicação da equipe médica com os nossos pacientes”, enfatiza.
Uma das linhas de pesquisa a serem demonstração no Japão é a desconexão cerebral colostomia posterior. “O nosso objetivo é realizar o controle das crises e a melhora da qualidade de vida do paciente, sem sequelas”, explica Palmini.
Outro estudo é relacionado às crianças e aos adolescentes, que visa localizar a chamada “ilha de principal anormalidade epilética”. “As crises de epilepsia podem ser mais leves, curtas e menos frequentes, isso garante longevidade ao paciente”, frisa.
No evento também será focada a cirurgia com uso racional de recursos. “A proposta é diminuir a utilização de recursos tecnológicos nos tratamentos. Logo, a experiência e o conhecimento do médico serão mais aplicados, o que torna os procedimentos mais simples e baratos”, ressalta.
O PCE do Hospital São Lucas da PUCRS é pioneiro na realização de procedimentos desse tipo na região Sul do país e, ao longo da sua trajetória, proporcionou esperança a milhares de pessoas. Foram mais de 4 mil avaliações e mais de duas mil cirurgias realizadas em pacientes de todos os estados do Brasil e também de Argentina, Portugal, Chile, Paraguai, Honduras e Estados Unidos. Esse trabalho, associado a uma rica produção científica, inseriu o Programa no contexto internacional, tornando-o reconhecido como um dos melhores do mundo na especialidade.
A equipe, coordenada pelo neurocirurgião Eliseu Paglioli Neto e pelo neurologista André Palmini, é formada também por neuropsicólogos, neurorradiologistas e neuropediatras. São realizados entre 90 e 100 procedimentos anuais. O índice de complicações é baixo. Em alguns tipos específicos da doença, os resultados alcançados estão entre os melhores do mundo, tendo sido publicados em reconhecidas revistas internacionais.
A epilepsia é caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas em um grupo de células do cérebro. Esses eventos causam as crises epilépticas que podem variar desde espasmos musculares até perda de consciência e convulsões prolongadas.
Estudos epidemiológicos mostram que, apesar do desenvolvimento de novos medicamentos, por volta de 35% de todos que possuem epilepsia e metade daqueles com epilepsias focais não conseguem ter suas crises controladas com remédios. Por isso, nas últimas três décadas, a cirurgia passou de um procedimento raro, utilizado excepcionalmente, para uma alternativa consistente e muitas vezes prioritária para aliviar o sofrimento dos portadores da doença e de seus familiares.