Evento online iniciou nesta segunda-feira e segue até dia 30 de outubro com mais de 700 participantes
Em um ano em que a ciência mostrou-se ainda mais protagonista na sociedade, a 21ª edição do Salão de Iniciação Científica teve seu início nesta segunda-feira, dia 26 de outubro. Pela primeira vez em formato online devido a pandemia da Covid-19, o evento teve mais de 700 inscritos de diferentes áreas do conhecimento. Ao todo, serão 296 avaliadores, sendo 50 de instituições externas.
Promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade, o evento representa um espaço de socialização de atividades de pesquisa envolvendo estudantes da graduação e professores/pesquisadores de diferentes universidades e instituições de pesquisa regionais e brasileiras.
Para o coordenador da Iniciação Científica da PUCRS, professor Júlio César Bicca-Marques, o evento é uma excelente oportunidade para o aluno de graduação praticar a apresentação e divulgar suas experiências e descobertas científicas. “A realização dessa 21ª edição de modo virtual apresenta a desvantagem de não permitir que essa prática ocorra presencialmente. Contudo, não tenho dúvidas de que ela será muito positiva para os alunos apresentadores ao evidenciar a viabilidade de interações científicas remotas. Essa possibilidade abre, literalmente, janelas para o mundo. Deixo o seguinte recado para todos os alunos: vão em frente, vençam barreiras. O céu é o limite”, afirma.
Valorização da ciência
Com transmissão ao vivo pelo canal de YouTube da PUCRS, a abertura do evento contou com a presença do presidente da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do RS (Fapergs), Odir Dellagostin, que destacou a importância da iniciação científica para o futuro cientista. “É a partir dessa experiência que nasce a paixão pela ciência, que os estudantes possam continuar essa jornada em direção ao aprimoramento da sua formação, do método científico. Que vocês possam dar essa contribuição para a ciência do nosso país e que nossa sociedade possa usufruir deste trabalho”, afirmou.
Para a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Carla Bonan, a iniciação científica tem um papel fundamental no pensamento crítico e o evento valoriza a ciência e o conhecimento. A pró-reitora também destacou o momento atual, em que pesquisadores do mundo todo buscam soluções para os impactos da pandemia nas nossas vidas. “Estamos vivendo mudanças na forma de viver, de nos relacionar, de fazer ciência. Pela primeira vez em 21 anos, o nosso SIC acontece em formato virtual. É um momento de valorização do trabalho e dedicação dos jovens pesquisadores”, completou.
O reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira também participou da abertura do SIC e destacou o compromisso da Universidade com a ciência. Mesmo diante das adversidades causadas pela pandemia, a pesquisa na PUCRS não parou. “A nossa instituição está atenta aos estudos dos graves problemas contemporâneos. Possuímos, na pesquisa, um dos mais sólidos alicerces, reconhecida nacionalmente e internacionalmente. Tão importante quanto celebrar o caminho percorrido, é fundamental reafirmar o compromisso enquanto comunidade científica com ética, ousadia e dignidade”, afirmou durante a transmissão.
Paixão, dedicação e acaso
A palestra de abertura Ciência e Paixão: Uma união perfeita foi conduzida pelo professor da Escola de Humanidades André Salata. O docente iniciou relembrando sua trajetória como bolsista de IC e como isso o conduziu, mais tarde, para o mestrado e doutorado. Salata destacou Max Weber, que afirmava que o ser humano precisa de motivação para seguir.
Quais são as perspectivas de alguém que, tendo concluído seus estudos superiores, decida dedicar-se profissionalmente à ciência, no âmbito da vida universitária? Max Weber
Relembrando o mito da caverna de Platão, associou a ciência à ruptura da visão obscura e o rompimento com ideias distorcidas ou equivocadas. Para o pesquisador, a ciência é capaz de nos tirar da sombra, questionar, mas não em busca de uma verdade absoluta, mas de um caminho a ser percorrido. “A ciência é o lugar da dúvida, não é lugar de construção de certezas”, afirmou.
A ciência será sempre uma busca, jamais uma descoberta. É uma viagem, nunca uma chegada. Karl Popper
Salata também chamou a atenção para a representação dominante que mostra o cientista avesso a sentimentos. Citando Max Weber, é impossível fazer sem ciência sem paixão. Para o pesquisador, nada é possível sem ela e o mesmo serve para o trabalho científico.
“Quando você faz uma descoberta, quando os dados mostram algo que ninguém havia se dado conta, tudo isso lhe torna ainda mais apaixonado. A paixão forma bons cientistas, estar apaixonado pelo seu tema de monografia, dissertação é fundamental. É aquilo que nos intriga, nos motiva, nos inspira”, afirma.
Não tenho nenhum talento especial. Sou apenas apaixonadamente curioso. Albert Einstein
Para o professor, a paixão deve vir acompanhada de muito trabalho. Enquanto a paixão produz inspiração, a dedicação alcança objetivos. E, por fim, elege mais um ponto abordado por Weber: o acaso. Este não está em nosso controle, mas é o que torna a vida mais emocionante. Não saber ao certo onde a pesquisa lhe conduzirá, os resultados, os avanços, tudo isso contribuirá para uma jornada transformadora.
Encerramento e destaques
Nesta sexta-feira, dia 30 de outubro, das 18h30 às 20h, acontece a palestra de encerramento do evento, também com transmissão ao vivo pelo Youtube. A palestra A ciência como instrumento de superação: minha jornada dos macacos amazônicos às patentes médicas será conduzida pela professora Sonia Rocha-Sanchez, da Creighton University, nos Estados Unidos. Na ocasião também serão apresentados os trabalhos destaque da edição 2020.