Plantas Extintas e o Herbário do MCT-PUCRS

Você sabia que daqui há alguns anos algumas espécies de plantas podem simplesmente desaparecer? E a araucária (Araucaria angustifólia) e o xaxim (Dicksonia sellowiana) são duas delas. Vamos conhecê-las melhor:

 

A araucária

Você já deve ter comido pinhão, não é mesmo? Mas você sabe de onde ele vem? O pinhão é a semente da araucária! Serve como alimento para espécies nativas, que acabam sendo dispersoras dessas sementes, como a gralha-azul, por exemplo, que as esconde no solo para consumo posterior e acaba, sem querer, plantando-as.
A Araucaria angustifolia pertence à família Araucariaceae e caracteriza-se pelo grande porte (podendo atingir alturas de 20 m a 40 m, com diâmetro entre 1 m e 2 m) e por sua madeira de grande valor comercial. Por ser alvo de interesses econômicos, a população de araucárias sofreu uma diminuição severa ao longo dos anos. Como consequência, essa planta consta de ambas as listas, gaúcha e brasileira, de espécies ameaçadas de extinção. Hoje, apesar de ser protegida por lei, essa árvore ainda sofre com os impactos causados por espécies exóticas de animais, como o javali e o gado bovino, e pelo desmatamento.
A maturação do pinhão ocorre entre abril e junho, vinte meses após o início da formação dos órgãos reprodutivos femininos da planta.

Copa árvore Araucaria angustifolia [Sao Fco Paula – Pro Mata]

 

Araucárias são plantas dióicas, o que significa que as estruturas produtoras de sementes e pólen são geradas em indivíduos separados. Muitos acreditam que a forma da copa, que pode ser caliciforme, como um candelabro ou cônica, define o sexo da planta, quando, na realidade, a única diferença entre a araucária produtora de sementes e a que gera pólen, é que a primeira possui estróbilos produtores de sementes, dos quais vêm o pinhão, enquanto que a outra apresenta estróbilos produtores de pólen. Tal distinção só é perceptível a partir de 12 a 15 anos de idade do vegetal.
A presença da araucária dá nome a uma formação vegetal: a Floresta com Araucária, que, entremeada por campos, é uma paisagem muito conhecida pelos gaúchos. O  Herbário do MCT-PUCRS possui exemplares de araucária coletados em ambientes naturais.

Exsicata de Araucária do Herbário MCT-PUCRS

 

 

O xaxim
A Dicksonia sellowiana, popularmente conhecida como xaxim, é uma espécie que já sofreu intensa extração para fins comerciais, embelezando vasos ou servindo como substrato para o cultivo de orquídeas. A exploração, somada ao lento crescimento do xaxim, resultou em uma diminuição severa de sua população (essa planta está em ambas as listas, brasileira e gaúcha, de espécies ameaçadas de extinção). Felizmente, sua extração já não é mais permitida,  muito embora ela ocorra principalmente na Floresta Ombrófila Mista, também conhecida como Floresta com Araucária, que é uma das formações que compõem a Mata Atlântica, da qual restam 5% da área original. Dessa forma, a destruição de seu habitat natural também contribui para o desaparecimento da espécie.

Interior floresta – Dicksonia sellowiana [Sao Fco Paula Pro Mata]

 

Para termos uma ideia, ao longo de um ano, uma Dicksonia sellowiana  cresce apenas 5 centímetros, aproximadamente! Por isso, a recuperação populacional do xaxim não consegue acompanhar o ritmo de sua extração. Diferentemente das samambaias, o xaxim atinge porte arbóreo, podendo alcançar até 5 metros de altura.
O  Herbário do MCT-PUCRS possui exemplares de Dicksonia sellowiana coletados em ambientes naturais. Dentre eles,  há uma exsicata de um espécime que possui soros. Cada soro é composto por um conjunto de esporângios, que produzem esporos, os quais darão origem a uma nova planta no futuro.

Exsicata de Dicksonia sellowiana do Herbário MCT-PUCRS

 

A Primavera dos Museus é um evento anual promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que neste ano ocorre de 20 a 26 de setembro. Em face à pandemia, a 15ª edição do evento propõe como tema “Museus: perdas e recomeços, uma reflexão sobre a atuação dos museus nesse momento tão delicado”. Saiba mais sobre as atividades em: clique aqui.

O Museu funciona de terça a sexta, das 9h às 17h; e ao sábado, das 10 às 18h.