Islândia: a teoria do continente perdido
Imagine se, por acaso, em um belo dia de sol, aparecesse um novo continente perdido por aí? Parece difícil de acontecer, não é mesmo? E na verdade é realmente difícil. A Terra, como a conhecemos, passou por inúmeras transformações desde sua formação (há cerca de 4,54 bilhões de anos). Contudo, essas transformações somente são observadas e reconhecidas pelos seres humanos depois de muitos estudos, em diversas áreas do conhecimento. Daí surgem as diversas teorias cientificas, sobre os assuntos mais variados.
De fato, muitos eventos geológicos de larga escala, como a erupção de um vulcão, um terremoto ou um tsunami, por exemplo, são fáceis de observar (e sentir). Entretanto, eventos como a movimentação dos continentes ou o surgimento de montanhas levaram milhares de anos para mostrar uma significativa mudança na geografia do planeta Terra.
Até aqui tudo bem, mas afinal, o que isso tem a ver com o aparecimento de um continente perdido?
Acontece que uma nova teoria geológica, proposta por especialistas da Universidade de Durham (Inglaterra), defende que a Islândia é apenas a ponta de um vasto continente submerso há mais de 10 milhões de anos – um fragmento do antigo supercontinente Pangeia. Segundo a teoria, o “continente oculto da Islândia” poderia cobrir cerca de 370.000 km, da Groenlândia até a Europa.
Já há muito tempo, a geologia nos ensina que a bacia do Oceano Atlântico Norte se formou quando Pangeia começou a se fragmentar, há 200 milhões de anos. E que a Islândia se formou há cerca de 60 milhões de anos acima de uma pluma mantélica (ascensão de um fluxo térmico que conduz o magma de regiões mais profundas do manto até a base da crosta terrestre), perto do centro do oceano.
No entanto, a geóloga Gillian Foulger (autora da teoria) e seus colegas pesquisadores sugerem que o supercontinente Pangeia não teria se dividido de forma “limpa”, e o continente perdido da Islândia teria permanecido como uma faixa de terra seca até cerca de 10 milhões de anos atrás, quando as extremidades leste e oeste da Islândia também “afundaram”, permanecendo a nossa vista somente a Islândia como é hoje.
Mapa batimétrico do fundo do mar ao redor da Islândia, mostrando as bordas continentais (linha magenta), extensão proposta da Islândia (magenta) e a área da Grande Islândia (bege). Fonte: Geological Society of America.
Fluxo de lava ativo no Monte Fagradalsfjall da Islândia. Fonte: Shutterstock/ImageBank4u.
O que mudaria de fato com a nova teoria?
Se a teoria for comprovada, a Islândia poderá reivindicar direitos exclusivos sobre os recursos minerais de seu fundo marinho, desencadeando uma série de ramificações jurídicas e políticas significativas. De acordo com a Organização da Nações Unidas (ONU), os estados costeiros podem exercer seus direitos sobre os recursos marinhos próximos, se for provado pelos pesquisadores que esta área é uma extensão submersa de sua massa continental.
Ao certo, muitos países estão investindo fortemente em pesquisas oceânicas, a fim de determinar seus limites continentais e direitos de exploração, podendo gerar, a longo prazo, um grande impacto na Cartografia e na Geografia não apenas para eles próprios, mas também para o mundo como um todo.
Visitando o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, você poderá conhecer ainda mais sobre o nosso planeta e suas características.
Referencias:
Acesso em 20/08/2021
https://marsemfim.com.br/islandia-pode-ser-um-continente-nao-uma-ilha/
Acesso em 28/08/2021
https://www.researchgate.net/publication/351052478_Icelandic-type_crust_enigma_solved