Cuidado Parental
Não é somente a espécie humana que possui características de cuidado e superproteção de seus filhotes. Animais de diferentes reinos também desenvolvem o cuidado parental com sua prole, com comportamentos que vão desde a preparação do ninho até o cuidado com os filhotes mesmo após a independência nutricional. Esse conjunto de comportamentos pode ser observado tanto em fêmeas como em machos das mais variadas espécies. Em alguns casos, até mesmo irmãos mais velhos e outros indivíduos próximos ao grupo podem ter participação nos cuidados com o recém-nascido. O cuidado parental, mesmo que instintivo, faz parte de características evolutivas que possuem um propósito maior: a sobrevivência das espécies. Confira alguns animais não humanos que cuidam muito bem de seus filhotes:
Baratas d’água (Lethocerus sp.)
Entre os insetos, as baratas d’água são extremamente dedicadas. Seus diferentes gêneros apresentam cuidados parentais variados. Em alguns casos, os machos cuidam das posturas das fêmeas molhando, guardando os ovos que são colocados em galhos de vegetações aquáticas. Em outros, os machos disponibilizam seus corpos para que as fêmeas fecundem diretamente neles, sendo ainda responsáveis pelo cuidado e bem estar da prole.
Imagem: Bugsfeed por Mark Dumont
Píton (Python sp.)
As pítons-sul-africanas (Python natalensis) são víboras que podem chegar a cinco metros de comprimento e até 60 quilos. Essas cobras possuem um cuidado bem trabalhoso para que seus filhotes se desenvolvam plenamente. Após o cuidado com os ovos, nos quais a cobra se enrola para aquecê-los, 40 a 50 filhotes eclodem e a víbora passa a fazer a termorregulação deles, os quais ainda são muito vulneráveis aos perigos. Como sabemos, os répteis são animais de “sangue frio”, ou seja, seu organismo precisa de calor externo para se aquecer. Por isso, a mãe se desloca até um ambiente com luz solar, muda a coloração de sua pele para um tom mais escuro, o que indica umamaior absorção de calor, para depois transferi-lo a seus filhotes, que permanecem em segurança na toca. Esse processo leva em média duas semanas, até que os filhotes consigam absorver todos os nutrientes necessários para que possam seguir a vida sozinhos.
Imagem: Sinapse (P. sebae)
Chimpanzé (Pan sp.)
Os mamíferos são os animais que mais apresentam comportamentos de cuidado parental, mas um caso curioso aconteceu com uma família de chimpanzés que vive em cativeiro: um filhote com deficiências aparentes sobreviveu 23 meses justamente pelos cuidados da mãe e da irmã. A fêmea de 36 anos teve sua sexta cria, a qual apresentava alguns sinais que poderiam identificar Síndrome de Down, além de uma hérnia no abdômen. O filhote não conseguia se movimentar sozinho e muito menos se alimentar. Por isso, a mãe passava a maior parte do tempo com a cria no colo, largando-a apenas para oferecê-la aos cuidados de outra fêmea, uma irmã mais velha da cria que até então não possuía nenhum vínculo materno. A mãe, quando não estava com o filhote, passava seu tempo se alimentando para em seguida pegar a cria novamente para amamentá-la e higienizá-la. Os cientistas que observaram o comportamento da família, acreditam que, embora o filhote tenha morrido, ela não teria sobrevivido por tantos meses sem os cuidados parentais. Esse tipo de cuidado com chimpanzés deficientes é raro, na maioria dos casos os filhotes são abandonados ou negligenciados pelas mães e o bando.
Imagem: BBC News Brasil por Micho Nakamura
Na exposição “Marcas da Evolução” do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS você pode encontrar outras informações sobre a origem, evolução e comportamento de muitos seres do nosso Planeta.
Fontes:
https://edisciplinas.usp.br
https://www.bugsfeed.com/giant_water_bug
https://www.nationalgeographicbrasil.com