Coleção de Peixes
Apresentação
A coleção de peixes foi iniciada em 1967, logo após a constituição do Museu. Até 1992 a coleção abrigou cerca de 8.500 lotes que representavam 227 espécies, a maioria proveniente da costa sul do Brasil. Em 1995, na ocasião da inauguração das novas instalações do Museu, a coleção passou a ocupar uma área maior . A partir de 1997, a princípio de forma esporádica, iniciou- se coleta de tecidos e a formação de uma coleção para uso em estudos moleculares. De 2005 em diante, a coleção foi aos poucos incrementada e hoje conta com representantes de 9.300 localidades de várias drenagens da América do Sul, sendo a grande maioria localizada no Brasil.
Equipe
Carlos Alberto Santos de Lucena
Roberto Esser dos Reis
Tamanho
A coleção de peixes possui 526.006 exemplares reunidos em 54.114 lotes (97% georeferenciados), sendo que aproximadamente 15% constituído de peixes marinhos da costa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. O restante é de espécies de água doce da América do Sul. Todo o material colecionado está armazenado em álcool etílico 70%, exceto exemplares usados para exames osteológicos que estão em glicerina 90%. Os grandes exemplares encontram-se em bombonas plásticas de 120 litros.
A grande maioria, no entanto, é constituída de exemplares de tamanho médio e pequeno e estão em frascos de vidro. Em 1992, a coleção começou a ser informatizada com a adoção do programa MUSE. Com isso foi possível gerenciar melhor a coleção – imprimir etiquetas e Guias de Remessa, controlar empréstimos, entre outros. Em 2004 a coleção migrou para o programa Specify com o qual continua até hoje. Associada à coleção de peixes em álcool, há uma coleção de tecidos para estudos moleculares que inclui atualmente 7.198 amostras. Este acervo encontra-se em dois freezeres e os tecidos, individualizados em microtubos, estão em caixas para criopreservação.
Principais grupos
Em termos percentuais podemos dizer que a coleção, considerando somente a ictiofauna de água doce, distribui-se em 45% na ordem Characiformes, 35% na ordem Siluriformes, 4% na ordem Perciformes (principalmente da família Cichlidae), 3% na ordem Gymnotiformes e 2% em outras (Atheriniformes, Cyprinodontiformes, Cypriniformes). Algumas espécies valorizam a coleção devido a sua raridade ou na condição de táxon de vida silvestre ameaçado, como por exemplo o lambari, Bryconamericus lambari citada como “em perigo” e o cascudinho Characidium vestigipinne e o cação-malhado Mustelus fasciatus, citadas como “criticamente em perigo”. Todas elas inclusas na Lista de espécies da fauna gaúcha ameaçadas de extinção do Rio Grande do Sul (2014).
A coleção possui acervos de algumas regiões do Estado onde estão atualmente Usinas Hidrelétricas. Tais coleções certamente serão úteis, no futuro, para trabalhos comparativos: rio Uruguai na região de São Borja e porção superior onde hoje estão as UHEs Itá e Machadinho, e rio Canoas, área da UHE Campos Novos. Atualmente, o Museu tem recebido peixes capturados no rio das Antas, e afluentes, resultado de prévios inventários relativos às várias UHEs hoje em funcionamento nesse rio.
Material-tipo
A coleção possui 316 holótipos e cinco neótipos. Dentre os holótipos, 114 são de espécies do estado do Rio Grande do Sul. Dentre as novas espécies descritas de drenagens fora do Brasil, a mais longínqua, é a espécie de Astyanax cocibolca do lago Nicarágua, América Central, da qual temos 20 parátipos colecionados. A Ordem com maior número de holótipos é Siluriformes com 133, seguida dos Characiformes com 79.
Está em preparação para disponibilização online o “Catálogo de Tipos do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS” onde constarão todos os tipos colecionados com as respectivas informações obtidas a partir de suas descrições originais, atualizadas e/ou corrigidas. Associadas aos mesmos, estarão suas respectivas imagens.
A coleção e o estado do RS
A fauna de peixes do Rio Grande do Sul é constituída por aproximadamente 580 espécies de peixes. Dessas, estima-se que 49% sejam espécies primárias, ou seja, são exclusivas de água doce ou, ocasionalmente, possam ocorrer em águas estuarinas. As demais são marinhas, ou ocasionalmente podem ocorrer em águas doces.
O cação-malhado – Mustelus fasciatus – era um dos cações mais comuns de nossas praias, sendo freqüentes em arrastões nos anos de 1970/80. Durante essa época pesquisadores do Museu realizaram capturas e alguns exemplares estão colecionados. Hoje a espécie é considerada vulnerável, e raramente é capturada. Os exemplares na coleção, portanto, são considerados registros importantes de uma época.
O dourado – Salminus brasiliensis – é um peixe bastante apreciado na culinária gaúcha e, atualmente, raríssima a sua captura no lago Guaíba. Foi com surpresa que três exemplares medindo de 6 a 8 cm de comprimento total foram capturados na ponta da Cadeia em 05/03/1996, praticamente em plena área que banha o centro de Porto Alegre. Por tratar-se de exemplares jovens, é possivel que a espécie esteja utilizando áreas do delta do rio Jacuí para desenvolvimento.
Em certas épocas do ano, espécies de origem marinha podem ocorrer em locais próximos ao lago Guaíba, ou mesmo em seu interior. Em 02/07/2001 foi capturado um linguado com 47,0 cm de comprimento total – Paralichthys orbignyanus– próximo à ilha do junco, o qual foi tombado na coleção sob número MCP 28042.
No lago Guaíba, em cujas margens se situa a cidade de Porto Alegre, ocorrem cerca de 56 espécies de peixes residentes permanentes. Todas estão representadas na coleção do MCT. Dessas, cerca de 10 possuem valor econômico suficiente para serem comercializadas no mercado de Porto Alegre. As mais comuns são: branca, peixe-cachorro ou tambicu (Oligosarcus jenynsii, Oligosarcus robustus), pintado (Pimelodus pintado), jundiá (Rhamdia quelen), grumatã (Prochilodus lineatus), piava (Leporinus obtusidens), traíra (Hoplias malabaricus) e voga (Schizodon jacuiensis).
A Coleção e seu aspecto educacional
Com a intenção de divulgar a importância das coleções científicas ao publico e ao mesmo tempo mostrar alguns integrantes da coleção de peixes do museu, em determinadas ocasiões são abertos períodos de visitas aos alunos do curso de graduação em Biologia da Faculdade de Biociências da Universidade. Nestas oportunidades são dadas informações sobre a coleção e sua importância na geração e manutenção do conhecimento da biodiversidade através dos exemplares colecionados. A coleção tambem serve de apoio para mostrar aspectos da ictiofauna marinha, de água doce e da variedade de formas dos peixes. Tais assuntos são abordados em vários momentos durante o ano dentro da atividade “Minuto da Ciência” que acontece na área da exposição pública do Museu.