A Arqueologia das Pandemias

Será que a reação dos povos antigos que habitavam as Américas para a prevenção de doenças é diferente da dos povos que a habitam atualmente? Podemos nos surpreender com a resposta!

Segundo o prof. Klaus Hibert, curador da Coleção de Arqueologia do MCT-PUCRS, o ser humano reage às doenças altamente infecciosas (provocadas por vírus, bactérias etc) de forma instintiva e, por isso, semelhante.

O que varia são as medidas que cada sociedade, dentro do seu contexto cultural, adota para combatê-las. Para o prof. Klaus, essas medidas abrangem as seguintes categorias:

  • FUGA: em que os povos decidem abandonar aquele ambiente à procura de um “Novo Mundo” livre de doenças, facilitando assim os fenômenos migratórios.

 

  • ISOLAMENTO e DISTANCIAMENTO: em que os povos decidem separar-se de um determinado meio, distanciando-se de pessoas e eventos sociais, algo similar ao que vivenciamos com o isolamento social e o fechamento de fronteiras no início da pandemia do COVID-19, não?

 

  • HIGIENE: em que os povos realizam a limpeza do corpo “por dentro e por fora”, além do ambiente ao seu redor. Era comum o uso de “águas sagradas, azeite, cinzas, fumaças, canto, músicas, palavras e gestos para sinalização de ambientes limpos, além de objetos sagrados”. Atualmente, como consequência da pandemia provocada pelo coronavírus, adotamos o uso contínuo do álcool 70% e o hábito de lavar as mãos com água e sabão regularmente.

 

  • PROTEÇÃO: em que os povos utilizam roupas especiais, feitas com tecidos especiais (como “peles de animais ferozes como a onça, os leões, as serpentes, ou até mesmo a pele de outros caçadores”), marcadas por símbolos e cores poderosas (como “o branco, o amarelo, o vermelho, o preto, o azul”). Algumas roupas encobriam os rostos, principalmente as bocas (como “as máscaras de boca feitas de ouro utilizadas pelos soberanos Astecas e Moches”). As pedras, além de serem utilizadas como colares e anéis, também eram usadas para ser “atiradas contra aqueles que não seguiam as regras e costumes locais para prevenir as doenças”.

 

Segundo o prof. Klaus, as pandemias surgiram no passado e ainda ocorrerão no futuro, conforme suas próprias regras e leis. “E elas se espalham cada vez mais, na medida que tentamos fugir delas, quando não nos isolamos e quando não cuidamos do nosso entorno, de nós e dos outros”.

 

A Primavera dos Museus é um evento anual promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que ocorre de 20 a 26 de setembro. Em face à pandemia, a 15ª edição do evento propõe como tema “Museus: perdas e recomeços, uma reflexão sobre a atuação dos museus nesse momento tão delicado”. Saiba mais sobre as atividades em: clique aqui.

O Museu funciona de terça a sexta, das 9h às 17h; e ao sábado, das 10 às 18h.