Estudo de Caso 3: Contabilidade

Usando Perfis de Egressos como um motivador para internacionalizar o currículo (Contabilidade)

Contexto Institucional

Um plano de internacionalização de três anos foi introduzido na universidade dois anos antes do início da coleta de dados para este estudo de caso, e um projeto de política e plano de internacionalização estava em circulação no momento em que os dados do estudo de caso foram coletados.  Um motivador particular para o desenvolvimento do plano foi uma avaliação de qualidade da Universidade que se aproximava, a ser conduzida pelo governo australiano. O plano de internacionalização incluía um projeto de internacionalização curricular apoiado por dois colaboradores dedicados. Os objetivos do projeto eram desenvolver uma comunidade de prática dentro da universidade através da organização de workshops e construção de redes de pessoas interessadas e comprometidas.

Nem o plano estratégico da universidade, nem seu plano de ensino e aprendizagem mencionavam especificamente a internacionalização. Contudo, um dos cinco perfis de egressos da Universidade está relacionado especificamente ao desenvolvimento de perspectivas globais nos graduados. Esta perspectiva global estava ligada à consciência da disciplina em um contexto global, bem como local, e ser capaz de funcionar em um contexto multicultural e globalizado. A internacionalização foi amplamente interpretada pelo corpo docente como uma preocupação primordial relacionada a atrair estudantes internacionais e estimular a mobilidade de saída de estudantes.

Rever e refletir

O corpo docente de Administração havia recentemente revisado até que ponto os perfis de egressos foram incorporados em suas atividades de ensino e cursos, incluindo o perfil de egresso mais obviamente relacionado à internacionalização – perspectivas globais. A consulta às partes interessadas (com estudantes, docentes e funcionários e, mais importante, com representantes do setor produtivo) indicou que os atributos e habilidades com que os alunos deveriam estar se formando nem sempre foram claramente demonstráveis. Parecia que resumos dos perfis de egressos haviam sido anexados às descrições das atividades de ensino, mas, na maioria dos casos, pouca consideração havia sido dada a como os perfis dos egressos eram realmente desenvolvidos e avaliados. O foco da revisão da implementação do perfil do egresso foi que quaisquer alegações precisavam ser embasadas por evidências. Ou seja, não bastava listar os atributos dos egressos na descrição das atividades de ensino, era preciso haver evidências de que estavam sendo desenvolvidos e avaliadas de forma adequada. Foi bastante difícil fazer com que a equipe acadêmica participasse do processo de revisão. Eles sempre reclamavam de que se sentiam sobrecarregados pela administração, e viram esse processo de revisão como apenas mais um modismo administrativo que acabaria passando.

Uma auditoria documental da incorporação de todos os perfis de egressos dentro da Faculdade de Administração foi realizada e lacunas óbvias foram identificadas. A seguir, foi desenvolvida uma lista de verificação de como os perfis de egressos poderiam ser incorporados às várias atividades de ensino e cursos. A lista de verificação foi baseada nos seguintes princípios:

  • uma abordagem cumulativa de todo o curso para incorporar o desenvolvimento de perfis de egressos era preferível a apenas abordá-los e avaliá-los em uma atividade de ensino de conclusão do último ano.
  • as declarações de perfis de egressos devem estar estreitamente alinhadas com os requisitos dos organismos de acreditação profissional.

A próxima etapa envolveu o engajamento da equipe acadêmica no processo de revisão. Cada equipe acadêmica utilizou a lista de verificação para avaliar e adaptar a disciplina, adequando-as às profissões relacionadas. A equipe acadêmica de todos os grupos disciplinares da faculdade de administração foi então convidada a comentar as listas de verificação. Posteriormente, foram organizados encontros individuais com os coordenadores das atividades de ensino e professores para analisar cada atividade de ensino detalhadamente. Critérios de avaliação específicos foram alinhados com  cada  declaração de perfil de egresso, para garantir que todas as habilidades e todos os atributos estivessem realmente sendo avaliados. Cada atividade de ensino não foi obrigada a cobrir todos os perfis de egresso, mas, em cada ano do curso, todos os perfis de egresso e habilidades precisavam ser desenvolvidos e avaliados cumulativamente.

A documentação da incorporação de todos os perfis de egressos permitiu o mapeamento do desenvolvimento e a avaliação de perfis de egressos em cursos inteiros. Todas as áreas de especialização foram mapeadas, lacunas na oferta e nas atividades de ensino nas quais os perfis poderiam ser abordados foram indicadas e mudanças no currículo e na avaliação foram negociadas com os coordenadores da atividade de ensino.

Nessa revisão inicial do desenvolvimento dos perfis de egressos, a internacionalização não foi destacada nem foi dada prioridade máxima a ela. Foi considerada apenas dentro do atributo “perspectivas globais” e abordada principalmente pelo trabalho em grupo e pela inclusão de objetivos de atividades de ensino e disciplinas relacionadas com o desenvolvimento de competências interculturais.

Imaginar

No estágio Imaginar, o foco da internacionalização do currículo foi ampliado para incluir todos os perfis de egressos, em vez de focar apenas no   atributo “perspectivas globais” como o impulsionador da internacionalização do currículo. Por exemplo, como o perfil relacionado a “habilidades de comunicação” e o perfil relacionado a “habilidades de resolução de problemas” podem ser internacionalizados?

Também foi decidido tentar vincular a internacionalização do currículo formal com a internacionalização do currículo informal. Como os estudantes tendiam a vir ao campus para as aulas e depois ir embora imediatamente, apesar de haver uma população estudantil culturalmente diversa, as oportunidades para os alunos interagirem informalmente com outras culturas eram muito limitadas.

Revisar e Planejar 

Uma segunda iteração do mapeamento e análise de lacunas foi realizada, vinculando a internacionalização a todos os perfis de egresso. Por exemplo, “operar em um corpo de conhecimento” pode ser estendido para incluir contextos e exemplos internacionais e também australianos; a comunicação pode ser definida especificamente para abranger grupos cultural e linguisticamente diversos; a solução de problemas pode ser especificada para incluir pesquisa em um contexto internacional e comportamento ético interpretado dentro de um contexto mais amplo de considerar o impacto das decisões sobre pessoas culturalmente diversas em diferentes países.

Um curso de desenvolvimento profissional para apoiar os líderes de atividades de ensino e o corpo docente na realização de mudanças na formulação do currículo, ensino e avaliação foi implementado, pois alguns funcionários indicaram que não se sentiam confortáveis com os aspectos pedagógicos da internacionalização, especialmente suas habilidades para desenvolver a competência intercultural dos estudantes . Esse último aspecto foi identificado como uma prioridade particular.

Os desenvolvimentos no currículo informal foram planejados para auxiliar no desenvolvimento de uma cultura no campus que valorizasse e apoiasse abertamente os alunos a interagirem entre culturas como parte de sua experiência cotidiana no campus.

O processo até esse ponto demorou cerca de 12 meses.