12/04/2019 - 08h40

Professor ganha repercussão internacional com revisão de estudo sobre disforia de gênero

Angelo Brandelli Costa é editor acadêmico da revista norte-americana Plos One

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Foto: Camila Cunha

O professor dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e em Ciências Sociais e coordenador do Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais, Angelo Brandelli Costa, ganhou repercussão na mídia internacional com publicação na revista norte-americana Plos One, da Public Library of Science. Como editor acadêmico da revista, Brandelli foi convidado a fazer parte do processo de revisão de estudo controverso, de autoria de professora da Brown University, e posteriormente a escrever o comentário que foi destacado em diversos jornais e sites, incluindo a Wikipédia.

A pesquisa propunha um novo critério diagnóstico baseado na ideia de que alguns jovens estavam sendo sugestionados pelos pares e pela mídia a se identificarem enquanto transgênero, porém trazia relatos apenas de pais, sem abordagem direta desses indivíduos. Costa então apontou a importância de envolver diretamente os jovens nos estudos de disforia de gênero, sugerindo um de acompanhamento longitudinal por profissionais da saúde mental ou um desenho transversal onde os jovens transgêneros responderiam a perguntas sobre suas redes e influências. “É muito importante estudar a diversidade sexual e de gênero no âmbito da juventude, que são geralmente negligenciadas. As formas de apresentação da variação e gênero na infância são pouco conhecidas”, comenta.

Segundo Costa, essa repercussão internacional traz ao seu grupo de pesquisa mais fôlego para contribuir no debate global a esse respeito. “Publicamos recentemente, com alunos e pesquisadores do PPG em Psicologia da PUCRS e Psiquiatria da UFRGS, o primeiro artigo do nosso estudo sobre vulnerabilidade em saúde de jovens transgêneros no Brasil”, revela. O estudo avalia o uso de substâncias e conclui que fatores sociais, discriminação e o fato de ficar sem moradia fixa aumentam o uso de maconha, tranquilizantes, cocaína e medicações controladas. “Esperamos publicar mais artigos sobre esses jovens em breve”, afirma.

Preconceito, vulnerabilidade e processos psicossociais

O grupo coordenado por Costa desenvolve diversas pesquisas na área, algumas em parceria com o Programa de Identidade de Gênero do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Avaliam a saúde mental de pessoas transgênero no Rio Grande do Sul e o impacto da discriminação, barreiras no acesso à saúde e prevalência e incidência de infecções sexualmente transmissíveis.

No estudo mais recente, mostram que o sofrimento psíquico relatado pelas pessoas trans é, sobretudo, relativo à discriminação que sofrem e não a algo intrínseco à transexualidade. “Isso motivou a remoção desse critério diagnóstico do capítulo de doenças mentais para um capítulo de saúde sexual na nova classificação internacional de doenças, a ser publicada”, comenta. O grupo integra o comitê da Organização Mundial da Saúde que está testando o novo critério diagnóstico de incongruência de gênero no Brasil.

Acolhimento e escuta da população LGBT

A equipe liderada por Costa criou, em parceria com o Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP/PUCRS), um grupo de acolhimento e escuta da população LGBT que apresenta algum sofrimento mental. O atendimento ocorre nas quartas-feiras, às 16h, no segundo andar do prédio 11.

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