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Em 2016, após ter recebido um convite da Universitá di Trento e da Fondazione Bruno Kessler (FBK), cumpri um período na Itália como Professor Visitante, na cidade de Trento, capital da Província Trentina, ao norte da ‘bota’. Foram seis meses de uma notável experiência acadêmica, profissional e pessoal. Era um convite adiado desde 2013, daqueles que pensamos que só seria possível aceitar caso todos os dados ficassem sincronizados, em 2016 isto aconteceu, com um indispensável apoio da nossa Universidade e do TECNOPUC.
Passados dois anos retornei, não com os olhos de um visitante eventual, mas de alguém que supõe que já domina um pouco o ritmo da vida local, seus humores e suas peculiaridades. A razão desta vez, seria a participação em uma Conferência em Padova, no Veneto. Assim, a viagem de retorno ao país de Dante foi dividida em dois atos, nos poucos dias disponíveis em meio às aulas e projetos em andamento aqui na nossa terra brasilis.
No primeiro ato, uma obrigatória visita à Trento. Com FBK, a PUCRS/TECNOPUC mantém, já há dois anos, uma sólida parceria de fomento a atividades de projetos com foco em inovação tecnológica – JointLab TECNOPUC/FBK. Projetos de sinergia com startups, intercâmbio de pesquisadores, ações voltadas à titulação sanduíche (mestrado e doutorado) e smart cities embalam este relacionamento. Contar com um alumni da PUCRS em FBK, graduado na nossa Escola Politécnica e hoje Doutor formado no Politécnico di Milano, confere apoio diferenciado e conforta todo o empenho e dedicação da nossa Universidade em sua Missão, a educação transforma.
O olhar para Trento nunca fica em segundo plano. Cidade pequena, universitária, 120 mil habitantes, mais de 20 mil com a mobilidade característica dos estudantes. Porta de entrada, estação central de trem, sempre com o olhar atento de Dante em sua Piazza, aquele que é considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana (1265-1321 dc). Em uma breve caminhada no centro histórico tem-se a Piazza Duomo, com sua Cattedrale di San Vigilio (IV dc), Fontana del Nettuno e o Castello del Buonconsiglio (XVII dc), onde ocorreu o Concilio di Trento, promovido pela Igreja Católica entre 1545-63. Ampliando um pouco o passo, caminha-se pelas alamedas de plátanos do Rio Adige, que nasce nos Alpes e segue em direção à Verona, deixando–se surpreender com sua flora exuberante e um novo espaço arquitetônico contemporâneo, em contraste com o histórico, o bairro projetado Le Albere. Novo, moderno e arrojado. Edificações para destinos variados, a Biblioteca Universitária, aberta 7/7 dias, com público de futebol, e o Museu de delle Scienze (MUSE), uma proposta protagonista buscando na inovação um novo vetor de desenvolvimento.
No segundo ato, uma nova visita, uma bela surpresa, a cidade de Padova. Não menos histórica que muitas outras cidades, mas muito especial com seus mais de 200 mil habitantes. Galileu Galilei aqui morou por 18 anos, diz uma lenda que “teriam sido os melhores anos de sua vida”, após este período seguiu para Pisa, atrás de um sonho, outra lenda … “melhores condições e menos horas de trabalho, e melhor remuneração”, ideal perseguido por muitos até hoje. A Basílica de Santo Antônio é um ponto de peregrinos, o Santo tinha a cidade como destino, mas faleceu a caminho. A Scrovegni Cappella, com afrescos preservados de Giotto (1304 dc) e a Piazza Prato dela Valle, a maior praça da Itália, elíptica, circundada por um pequeno canal e 78 estátuas. Ainda, como a “cereja do bolo”, uma visita também obrigatória é o Orto Botânico di Padova, o mais antigo Jardim Botânico do mundo (1545 dc), além “molto bello”, uma verdadeira aula de diversidade e preservação ambiental.
Por fim, e ainda dentro deste ato, a Universidade de Padova, fundada em 1222 D.C., que por si só dispensa maiores comentários por sua historia, e onde, quase me esqueço, ocorreu a Conferência – 19th European Conference on Knowledge Management, voltada à Gestão do Conhecimento, a razão a viagem… Foi excelente, muitos países presentes, muitos pesquisadores, temas contemporâneos e na fronteira do conhecimento. Mas ai precisamos de outro ato para contar, vamos ficar por aqui, no contorno da conferência. Realmente a Itália é linda, em história e cultura.
Eduardo Giugliani é professor titular da Escola Politécnica da PUCRS e diretor do IDEIA – Centro de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Atualmente é Affiliated Fellow da Fondazione Bruno Kessler, FBK.