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Após 4 anos de preparação, aqui estou: na Université de Montréal (chamamos de UdeM), aqui no Canadá, em mobilidade acadêmica de 4 meses no curso de Baccalauréat de Travail Social. Comecei a pensar neste intercâmbio no meio de 2014 e consegui realizá-lo agora, no segundo semestre de 2018.
Inicialmente, o processo de adaptação foi muito difícil. Esta é a primeira vez que saio do conforto da casa dos meus pais e fazer isso somado ao elemento: demanda de faculdade no exterior, em francês, foi algo muito impactante.
Estudei francês durante menos de 2 anos antes de vir, pois foi quando decidi que faria minha mobilidade acadêmica na Província do Québec no Canadá. Sim, o Canadá tem uma província francófona e é bem interessante entender a história daqui! Na minha chegada, entendia nada e, quando falava, as pessoas tinham dificuldade de me entender… Assim como viver em dólar canadense exige uma adaptação também. Enfim, nada fácil, mas são questões comuns de choque cultural que acontecem nestas situações de se mudar para outro país.
A cidade de Montréal é linda! Em duas semanas, conheci quase todos pontos turísticos principais, mas sempre há algo novo a descobrir por aqui. A cidade pulsa de tanta cultura. Ando no metrô aqui e sempre escuto tantas línguas diferentes. Creio que grande parte de viver um intercâmbio aqui no Canadá está em algo simples, como a experiência de ser mulher e andar na rua com tranquilidade e segurança a qualquer hora. Agora estou na etapa de descobrir como viver na neve, pois o frio já chegou por aqui!
A Université de Montréal promove uma semana de acolhida com diversas atividades. Participar dessa semana foi a salvação para conseguir me adaptar e entender melhor como funciona a vida aqui em âmbito acadêmico e em geral. Durante essas atividades, acabei formando vínculos bem importantes de amizade. Se tem algo que eu indico para quem está começando uma mobilidade acadêmica é: participe das atividades promovidas pela universidade para se integrar!
Depois que comecei a conhecer as pessoas, o processo de estar numa cidade e num país diferente se tornou mais fácil, pois ninguém é uma ilha, certo? Somos seres sociais e precisamos de uma rede de suporte. A cada conversa com minhas/meus amigas/os, aprendo mais sobre diferentes locais, diferentes culturas e diferentes formas de ver a vida.
A UdeM tem um setor incrível que se chama: AHC (Action Humanitaire et Communautaire). Eles têm diversos regroupements étudiants (grupos de estudantes) que promovem diversos tipos de atividades. Tenho um carinho especial pela AHC da UdeM, pois eles contribuem muito para os/as estudantes estrangeiros/as se integrarem na cultura local e no ambiente acadêmico. Fiz várias atividades com eles: visita guiada pela cidade, visita ao Marché Jean-Talon (uma espécie de mercado público daqui), viagem de colheita de maçãs que é tradicional do Québec, gasto menos com comida por pegar a cesta de verduras deles, participei do dia de cozinhar comida senegalense e tenho uma madrinha do meu curso do sistema de apadrinhamento deles.
O processo das aulas foi árduo inicialmente, pois estudar políticas sociais de outro país em francês, sendo novata na língua e sem saber tanto da história daqui, torna tudo mais complexo. Comecei a criar estratégias de sobrevivência para conseguir lidar com o medo de não ir bem nas disciplinas. Depois de dois meses e meio aqui, posso dizer que já me sinto menos assustada.
Estou aprendendo muito com cada aula, com cada leitura e com toda estrutura que a universidade tem. Estou estudando sobre o sistema de acolhida dos imigrantes do Québec ao mesmo tempo em que sou uma estrangeira aqui, o que também é algo muito rico de se vivenciar. Estou formando algumas ideias sobre a questão dos imigrantes no Brasil, principalmente sobre as situações de imigração em condições muito difíceis. Meu propósito de vir para estudar a organização dos movimentos sociais, de organizações de terceiro setor e das políticas daqui está sendo realizado devidamente. O interessante de vivenciar isso tudo junto com o contexto de vir estudar direitos sociais e políticas sociais no ambiente acadêmico da UdeM é formar uma noção mais ampla de como a sociedade daqui foi construindo essa realidade que estou conhecendo.
Natasha Moreira é estudante do curso Serviço Social, da Escola de Humanidades, e está na Université de Montréal desde agosto de 2018.