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Não há nenhum exagero naquilo que nos contam de que a Mobilidade Acadêmica é difícil de colocar em palavras, surpreende e transforma. Quanto ao primeiro ponto, independente de quantas informações a gente consuma ou de quantos relatos a gente leia, a experiência de estudar e morar em outro país só pode ser compreendida quando vivida. Mais do que isso, quando vivida com a mente aberta, desapegados de qualquer conceito que possamos ter do lugar, da cultura e de nós.
Desapegar nos leva ao segundo ponto. A Mobilidade Acadêmica surpreende não só porque transcende as nossas expectativas, que se baseiam, bem ou mal, naquilo que já sabemos, mas também por que nos surpreendemos com a infinidade de possibilidades conhecidas e conhecíveis que esse mundão nos disponibiliza – está ali para nós. Cada dia temos uma nova prova de que não dominamos a vida tanto assim e sequer nós mesmos, o que é a circunstância perfeita para se desapegar de tudo aquilo que não te serve mais e abraçar quem você é, quem você quer ser e do que a vida realmente se trata.
A palavra transformação surge naturalmente. Transformamos a maneira como vemos o mundo que nos cerca e a nossa percepção enquanto indivíduos que fazem parte de um todo. Transformamo-nos e criamos um desejo por nos transformar cada vez mais, sem medo do processo, porque é a parte mais gostosa. Assim, estudante do curso de Direito e com algumas dúvidas, fui fazer Mobilidade Acadêmica na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, acreditando que acabaria com qualquer incerteza que restasse, mas acabou que retornei cheia de novas indagações, mas confortável com isso.
Expressar de forma breve o que é a experiência da Mobilidade Acadêmica como um todo é um desafio, mas me limitar a descrever a vida em Lisboa não tornaria a tarefa mais fácil. Lisboa, a Cidade Sol, reúne em si o histórico, em sua parte antiga, e o inovador, nos novos bairros; o laranja, característico dos telhados das casas, e o azul do céu e das praias, que, diga-se de passagem, são encantadoras; a cultura portuguesa e a rica diversidade trazida pela circulação de estrangeiros, que é vastíssima. Morar em Lisboa é, no fim das contas, conviver com a peculiar sensação de estar em uma cidade grande e dinâmica, mas, ao mesmo tempo, sentir-se acolhido em cada sobe e desce meio às suas ruazinhas estreitas.
Lisboa é uma cidade cheia de vida, cores e energia, e não há maneira mais sincera de descrevê-la. É uma cidade para ser sentida. Por onde fores irá ouvir os sons das apresentações de rua, ver manifestações de arte em suas mais diversas facetas e sentir os cheiros dos pastéis de nata ou de algum bacalhau sendo servido. É possível ver, em todo canto, pessoas de todas as idades convivendo sob um céu quase sempre azul, bem como, é claro, ver e ouvir brasileiros, acrescentando à experiência um gostinho de casa.
Essa é uma pequena síntese da minha experiência e com ela espero ter conseguido exprimir, pelo menos um pouco, que o programa é uma oportunidade em potencial, só restando acrescentar intencionalidade e abertura. Agradeço, profundamente, o privilégio de ter vivido tudo isso.
Giovana Torres é estudante da Escola de Direito e esteve em mobilidade na Universidade de Lisboa, em Portugal, em 2019/2.