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Há menos de 1 mês eu embarquei em uma das (se não A) decisões mais incertas que eu já escolhi. ‘’Mas Gabi, tu já sabias a cidade, a universidade, o curso, as disciplinas… Incerto por que?’’ Insisto em chamar de incerto porque antes de vir a gente planeja, cria e recria expectativas do que possa acontecer, mas isso não garante nada. E como é bom, por um curto período que seja, se permitir não ter nada garantido, se jogar de cabeça na construção de algo tão novo. É incerto porque mesmo com teus planos, por mais que milimetricamente calculados, eu te garanto que algo não vai estar a teu alcance e, acredite, essa é a melhor parte. Poder se surpreender todos os dias e ter que se reinventar a cada situação nova pode ser assustador, mas, muito mais que isso, é libertador.
É inevitável que, no instante que você ler seu nome na lista da Mobilidade, comece a passar um filme em sua cabeça. Um filme repleto de ‘’mas e se…’’, recheado de ‘’vai ser sensacional’’ e com um toque de ‘’será que eu sou capaz?’’. Se engana quem pensa que a experiência começa quando você chega no país de destino. Ela inicia bem antes. Toda essa preparação vai pondo em marcha um processo de mudança e adaptação que, certamente, jamais será esquecido. Sonha, pensa, imagina e vem. Mas VEM, de mente aberta e de coração mais ainda. Vem disposto a se sentir pequeninho e ao mesmo tempo GIGANTE no mundo. Vem para conhecer um mundo, muitas culturas, muitos pontos de vista distintos sobre teu curso e sobre a vida. Vem disposto a conhecer o diferente, a se desafiar, a passar perrengue e depois os contar rindo para os teus tantos amigos de todas as partes do mundo que certamente tu vais fazer.
Não se preocupe em estar pronto para tudo isso, tu vais estar imerso em um treinamento diário repleto de momentos encantadores e momentos outros nem tanto. Percebe as situações que tu vais passar e o quanto algumas vão exigir de você uma resiliência que tu nem sabias que tinha, o que só evidencia o famoso “autoconhecimento” que tanta gente fala sobre viajar sozinho. É um fenômeno imensamente gratificante justamente porque aqui fora não engloba “apenas” o fato de se conhecer, como também encontrar em si mesmo uma possibilidade de se transformar.
Gabriela Faraco Ramos é estudante de Psicologia e está em período de mobilidade acadêmica na Universidad Autónoma de Madrid.