27/04/2022 - 10h06

Pesquisa da PUCRS sobre história de países lusófonos é destaque em eventos internacionais

Marçal Paredes, da Escola de Humanidades, desenvolve estudos sobre a política e o processo de independência da Angola e de Moçambique

Paredes participa de colóquio nos Estados Unidos / Foto: Arquivo pessoal

Nos últimos anos, a PUCRS tem se destacado internacionalmente por suas contribuições científicas sobre a história de países africanos e asiáticos no contexto da Lusofonia. Países como Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Goa e Macau estão sendo tema de pesquisas em relações internacionais e antropologia. O professor e pesquisador da Escola de Humanidades Marçal Paredes dedica-se a pesquisas sobre um comitê canadense que apoiou a independência de Moçambique e Angola.  

Com apoio da parceria entre a PUCRS e a bolsa Capes-PrInt, Paredes foi pioneiro na abordagem sobre a história de um comitê internacional criado em 1972 por ativistas e intelectuais canadenses para dar apoio à luta de independências da colônias africanas de Portugal naquele contexto. Com sua atuação, o docente foi reconhecido e convidado para apresentar suas pesquisas no colóquio internacional Social Movements and Civic Engangement in the Lusophone World, sediado na University of Massachussets at Dartmouth, dos Estados Unidos. 

A oportunidade permitiu que o pesquisador tivesse maior contato com o Center for Portuguese Studies and Culture da University of Massachusetts in Dartmouth, que promoveu o evento e é um importante centro internacional multidisciplinar de estudos e divulgação da língua, literatura e cultura do mundo lusófono. “Trata-se, portanto, de mais um passo no processo de consolidação de uma rede global ampla e de alta qualidade. O convite reconhece o caminho que vem sendo trilhado pelas pesquisas desenvolvidas na PUCRS”, destaca Paredes.  

História e Liberdade da Angola e Moçambique 

O pesquisador Marçal Paredes dedica sua atuação científica na temática sobre diferentes projetos na política e no processo de construção da nação nos países de língua portuguesa na África. Sua trajetória reconhecida internacionalmente vem contribuindo com diversos estudos sobre a luta pela liberdade da Angola e de Moçambique, durante os anos 1960 e 1970, bem como durante suas Guerras Civis após a independência.  

O docente desenvolveu uma pesquisa durante seu período como professor visitante na Yor University de Toronto, Canadá, que abordou a história do Toronto Committee for the Liberation of Southern Africa (TCLSAC), criado em 1972 por ativistas e intelectuais canadenses para dar apoio à luta de independência das colônias africanas de Portugal. Na oportunidade internacional, Paredes teve acesso a entrevistas, livros e importantes acervos de documentos e publicações, que permitiram o desenvolvimento de novas e maiores pesquisas sobre o associativismo transnacional dos anos 1960-1970 que se estendeu até a libertação de Nelson Mandela, na África do Sul, em 1990.  

Com este trabalho do professor da Escola de Humanidades, tornou-se possível incorporar novas interpretações sobre a Guerra Fria, com foco nos países de “Terceiro Mundo” e aos processos de descolonização da África e Ásia, fator que repercute na interpretação da relação da União Soviética e China neste cenário. Recentemente, Paredes apresentou estes novos aspectos sobre o comitê canadense em uma série de seminários organizados pela University of Strachclyde, da Escócia.  

Estudos nos Estados Unidos 

Foto: Arquivo pessoal

Nos Estados Unidos, o pesquisador Paredes esteve na Schlessinger Library da Universidade de Harvard, onde acessou o acervo de Angela Davis, ativista feminista e do movimento negro norte-americano que estava em contato com estes comitês de apoio internacional à independência de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Com isso, o professor abordou uma nova perspectiva que aponta a articulação dos movimentos feministas africanos com o ativismo pela igualdade e pelos Direitos Civis nos EUA. Estas conclusões de articulação política e ativismo social tornou-se tema de estudos da orientanda de doutorado do pesquisador da Escola de Humanidades, Julia Rocha.  

De acordo com Paredes, estas pesquisas são relevantes para uma mais profunda compreensão dos anos 1960-1970, além permitir atualizar a interpretação sobre as dinâmicas da Guerra Fria e os acontecimentos contemporâneos no cenário internacional.  

“Este envolvimento científico contribui para nossa comunidade no sentido de ampliar a percepção sobre o ativismo transnacional, sua importância e suas ramificações em diferentes países, articulando o chamado Norte Global ao Sul Global na defesa dos Direitos Humanos, da Democracia, da Igualdade de Direitos e da Liberdade de Escolha e Expressão” finaliza o pesquisador.  

 

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