17/05/2019 - 15h40

Escritora portuguesa lança livro sobre o Brasil no Instituto de Cultura

Alexandra Lucas Coelho traz uma visão crítica e histórica e aborda os protestos de 2013

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Fotos:Carolina de Moura Vicari

No dia 14 de maio, a escritora e jornalista Alexandra Lucas Coelho lançou o livro Deus-Dará no Instituto de Cultura da PUCRS. “Portuguesa de nascimento e transatlântica de coração”, como foi chamada pelo professor Paulo Ricardo Kralik, do curso de Letras da Escola de Humanidades, Alexandra dividiu com a plateia as experiências e reflexões que viveu no Brasil, além das suas inspirações para a obra, que traça uma visão crítica e histórica do Rio de Janeiro e do Brasil a partir de sete personagens.

A escritora ressaltou as principais questões presentes no livro, como a colonização, a escravidão, a cultura e a política. Participaram da mesa Kralik e os professores Moema Vilela, da Escola de Humanidades, e Juremir Machado da Silva, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos.

Concepção da obra

Em 2010, a jornalista veio morar no Rio de Janeiro como correspondente do jornal Público, de Portugal, a partir de um desejo particular de conhecer a cultura e a política brasileira. Durante dois anos, mergulhou na história do país e resolveu, como ideia inicial, escrever um livro que fosse um retrato do Rio de Janeiro. “Tudo mudou durante os protestos de 2013 e a vinda do Papa, quando deixei um pouco a escrita do livro de lado e fui viver aquilo. Quando eu voltei a me dedicar à obra, sentia que algo estava errado, pois 2013 é como se fosse um buraco negro na história no livro e no Brasil”, comentou.

A partir desses fatos, Alexandra entendeu que precisava fazer uma perspectiva histórica. Isso a levou a fazer pesquisas em documentos históricos, como cartas e fotos, para compor o livro.

Jornalismo X literatura

2018_05_17_Deus_dara_(Carolina_Vicari)_2Quando questionada por Juremir Machado sobre a fronteira histórica entre literatura e jornalismo, Alexandra respondeu que acredita muito mais numa divisão entre liberdades narrativas e compromissos do que o clássico real x ficção. “O jornalista tem um compromisso com as regras, as leis e o leitor. Porque é ele que vai fazer a diferença para tentar responder a algo. Já o escritor tem maior liberdade de adaptação e criação da sua narrativa”, adicionou.

Apesar das diferenças, ela se interessa pelo real, mesmo que na literatura não tenha uma preocupação tão profunda com a verossimilhança. Sobretudo, acredita muito que a profissão de repórter a ajudou para ouvir e entender o Rio de Janeiro, construindo a clareza, a concepção e a verticalidade de ideias do livro: “Nos meus textos jornalísticos, eu era muito obcecada com o ritmo e trouxe disso para o meu livro na hora de escrever as frases e revisar as palavras”, completou.

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