Aluno da Escola de Medicina realiza doutorado sanduíche em Nova York
Wyllians Vendramini desenvolveu pesquisas no Nathan Kline Institute for Psychiatric Research da New York University
Fotos: Arquivo pessoal
O doutorando da Escola de Medicina Wyllians Vendramini conduz o projeto de pesquisa Superidosos no Instituto do Cérebro do RS (InsCer) e passou seis meses realizando suas pesquisas nos EUA pelo Programa Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da CAPES. Wyllians atuou no Nathan Kline Institute for Psychiatric Research (NKI), um instituto associado à New York University, e retornou ao Brasil no início de 2019. Na mala, trouxe experiências acumuladas no campo pessoal e profissional, análises do seu doutorado, um artigo, novas técnicas de neuroimagem, inglês aprimorado, networking e amizades duradouras.
Na divisão de Center for Biomedical Imaging and Neuromodulation, sob a orientação do Dr. Alexandre Rosa Franco, Vendramini desenvolveu processava as 200 imagens coletadas no Brasil, escrevia scripts, corrigia erros de processamento e as analisava. “Fiz isso de maneira unimodal, como estava previsto no projeto, e multimodal, que era o objetivo dessa temporada no exterior. Assim, foi possível aprender a técnica de fusão de imagens para descobrir alterações que uma única modalidade não consegue descobrir”, conta. Além disso, participou de reuniões quinzenais e palestras. Apresentou o projeto e os resultados diversas vezes, recebeu sugestões e críticas que ajudaram na escrita do artigo.
As contribuições para o projeto Superidosos, segundo Vendramini, são inúmeras. “Indiretamente, o convívio com diferentes culturas te instiga a pensar de uma maneira inesperada e a criatividade surge nesse momento. Diretamente, aprende-se muito com as reuniões e discussões com outros grupos, com críticas que aprimoram a qualidade do trabalho. Além disso, aprendi técnicas que não são realizadas no nosso meio, as quais pretendo continuar utilizando para auxiliar outros pesquisadores aqui no Brasil”, afirma. Seu projeto de pesquisa está no final da primeira fase, correspondente ao doutorado e deixa como herança a estrutura de pesquisa, que será usada para outros projetos e para a continuação de subanálises que venham a ocorrer.
Pesquisas no Brasil e nos EUA
Vendramini conta que a estrutura dos ambientes de pesquisa no NKI é bem semelhante ao Brasil. As máquinas de ressonância magnética que existem lá são facilmente encontradas em vários lugares brasileiros. A grande diferença está no ambiente em que a pesquisa se encontra. Devido a um forte financiamento do governo norte-americano, a organização da estrutura de pesquisa se dá de forma muito diferente. Existem, por exemplo, cargos para auxiliares de pesquisa e pesquisadores que dedicam 100% do seu tempo para criar conhecimento, o que não é tão comum aqui. Isso possibilita que o maquinário da pesquisa gire de forma muito mais rápida: coletando, analisando e escrevendo os dados”, avalia.
Em termos de produção de conhecimento os níveis também se assemelham, mas Vendramini identifica uma necessidade de o Brasil reconhecer seus próprios problemas para usá-los como sujeito de pesquisa. “Vejo que demências são temas muito frequentes nas pesquisas brasileiras, mas ainda faltam dados exatos para sabermos quantos idosos com demência temos nas nossas cidades. Se o contexto facilitasse a coleta e análise de dados no Brasil, acredito que conseguiríamos criar pesquisa de alta qualidade e de alto rendimento, no sentido de quantidade de conhecimento criado”, aponta.
Crescimento pessoal e profissional
No NKI, Vendramini convivia com diversas culturas e conta que não há distinção clara entre pessoas de origem estrangeira ou norte-americana. “Contanto que mantenha o nível de qualidade, todos são bem-vindos. Esse é um dos pontos fundamentais: entender que a diferença é, em última análise, muito construtiva.” Tanto pessoal quanto profissionalmente, o doutorando reconhece um grande crescimento. “Morar com pessoas de outras nacionalidades, criar amigos que perpassam continentes e deixar memórias incríveis são apenas uns pontos que consigo verbalizar. Muita coisa é parte do sistema límbico”, finaliza.
Programa Doutorado Sanduíche no Exterior
O PDSE é um programa de auxílio para desenvolver pesquisa a nível internacional e aprimoramento de técnicas. Segundo Vendramini, é essencial ter contato com o professor do local onde se deseja atuar, que confirmará o aceite para o período de pesquisa. “O InsCer foi essencial neste processo para o estabelecimento do contato”, reconhece.