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Neste momento, escrevo desde Madrid. Estou em um café, inspirado pela movimentação intensa de pessoas que transitam pela Puerta del Sol, importante ponto turístico e comercial desta cidade. Os termômetros marcam 7° C e o céu sempre azul, o clima seco e o sol radiante, juntamente com a vida desse lugar, fazem o frio passar despercebido.
Cheguei na Espanha no início de dezembro para realizar o meu pós-doutorado junto à Universidade de Sevilha. A escolha deste país se deu em virtude da minha experiência precedente, quando fiz meu período de doutorado sanduíche, em 2015, na cidade de Madrid, assim como pelo convite que recebi do professor Dr. Álvaro Sanchez Bravo, da Universidade de Sevilha que, anualmente, nos honra com a sua presença em aulas e eventos na PUCRS.
A minha pesquisa busca analisar a cessação do contrato de trabalho, especificamente o sistema de dispensa de iniciativa patronal no direito espanhol, fazendo um paralelo com o Brasil, pois a Espanha passou por reformas trabalhistas nos últimos anos, situação agora vivenciada no nosso país. Juntamente com colegas professores da nossa Escola de Direito da PUCRS, neste período aqui na Espanha tive a oportunidade de conhecer diversas universidades e palestrar em eventos relacionados aos direitos sociais.
Obviamente, na Universidade de Sevilla, mas, igualmente, percorremos outros lugares, como na Universidade de Burgos, na Universidade Complutense de Madrid, na Universidade de La Laguna, em Tenirife (Ilhas Canárias). Além disso, também pude viajar para Itália e lá palestrar sobre a reforma trabalhista na Universidade de Parma. O evento foi realizado juntamente com meus estimados amigos e colegas de departamento, professores Denise Pires Fincato e Gilberto Stürmer, a quem agradeço o convite e torço com carinho para que encontros assim se repitam.
O meu retorno ao Brasil, no final de fevereiro, se aproxima e o sentimento que tenho é ambivalente, por vezes até mesmo difícil de compreender. Ao mesmo tempo em que bate aquela saudade de casa, dos amigos e familiares, bem como das aulas na nossa Escola de Direito e do convívio acadêmico na nossa PUCRS, confesso que há certa nostalgia em deixar a Espanha, pois aqui, desde 2015, criei vínculos fortes de amizade e de carinho pela forma como se leva a vida. Me parece que o espanhol valoriza de forma entusiástica os momentos fora do trabalho e sabe viver bem o presente, reconhecendo a beleza nas mínimas coisas da cidade.
Caminhar pela rua a qualquer hora do dia sem medo de ser assaltado; atravessar na faixa de segurança tendo a certeza de que os veículos respeitarão o pedestre diante do menor sinal de que atravessarão a rua; o transporte ferroviário maravilhoso, tendo não apenas trem de alta velocidade para levar a outras cidades, mas, também, um metro que atende a todos os pontos da cidade; os bares e restaurantes sempre lotados (o povo aqui adora sair de bar e bar – “ir de copas” – e comer – “picar algo” – as especialidades daqui, como croquetas de jamón, boquerones fritos, paellas, patatas bravas, gambas ao ajillo, cocido madrilleño, etc.); as inúmeras programações culturais (são diversos museus, sempre com dias de entrada gratuita ao público); e, ainda, o respeito à diversidade cultural que existe na Espanha, tudo isto certamente deixará saudades.
Contudo, sei que é necessário e, sem dúvida, bom regressar. E isso porque tudo o que vivi na Espanha poderei compartilhar em sala de aula com meus alunos na nossa Escola de Direito (lugar em que me realizo não só como profissional, mas, especialmente, como pessoa). É preciso reconhecer que temos muitas coisas boas no Brasil, sobretudo na nossa reconhecida PUCRS, e quero poder contribuir para que a nossa Universidade seja ainda mais valorizada, assim como dividir e aprender com nossos alunos. Chicos, hasta pronto!
Eugênio Hainzenreder Júnior é professor de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho na Escola de Direito e está fazendo pós-doutorado na Universidade de Sevilha, na Espanha.